Capítulo 6

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Pego o marcador e destaco a parte do texto que eu preciso estudar para o trabalho. O braço de John que está ao meu redor fica um pouco mais firme quando ele estica a mão para pegar uma caneta. 

Nós estamos estudando juntos há pelo menos uma hora. E mesmo não falando muito, é bom ter ele por perto. Só saber que ele está aqui já me faz feliz. 

Fecho o livro de literatura e o deixo de lado. Então viro meu corpo na direção de John e abraço sua cintura. Ele ainda está fazendo várias anotações sobre o que lê no livro enorme que trouxe. Encosto minha cabeça no ombro dele.

- Cansada? - Ele afasta a caneta do papel e me olha. 

- Meus olhos estão cansados. Acho que li por muito tempo. 

- Pode fechar os olhos por alguns minutos se quiser. - Tira uma mecha de cabelo que está próxima do meu rosto. - Eu prometo que não te deixo dormir.

- Uma ideia tentadora. Mas com os olhos fechados eu não vou conseguir ver o quanto você fica lindo quando está concentrado. - Ele sorri. - Nem a ruguinha que se forma entre as suas sobrancelhas. - Toco o local com a ponta do indicador.

- Você tá dando em cima de mim, senhorita Ballard? - Aproxima o rosto do meu.

- Depende. Funcionou? Eu posso me esforçar mais.

- Pode acreditar, você não precisa se esforçar nem um pouco.

John toca a minha bochecha e estreita o espaço entre nossos rostos, então junta nossos lábios. Primeiro apenas os pressiona um no outro, depois abre um pouco mais os dele e eu repito o movimento, aprofundando o beijo, levando minha mão até sua nuca enquanto sinto a dele me puxar para mais perto.

- Ainda - Começo a falar quando nossos lábios se separam por um momento, mas ele me beija de novo. Sorrio. - Não - Mais um beijo. - Acredito - Beijo. - Que - Seguro o rosto dele antes de outra interrupção. - Você está aqui. Parece um sonho.

- Não fala isso, por favor. Eu não aguentaria se fosse um sonho. 

- Nem eu. - Junto nossos lábios de novo por um longo tempo. - Mas é real. Muito real.

- E eu agradeço muito por isso. Senti muita falta de estar com você. - Desliza a ponta dos dedos pelo meu rosto. - De tocar você. - Seus dedos descem até meu pescoço, minha clavícula. - Dos seus beijos. - Deslizam pelo meu braço deixando uma trilha de arrepios. - Das nossas conversas.

Ele entrelaça nossos dedos e beija minha mão, sem tirar os olhos de mim.

- Você precisou esperar bem mais do que eu. Deve ter sido muito mais difícil. 

- Não acho que podemos medir isso. Não seria justo. - Ele olha pra baixo. - Eu parti antes de você, me desculpe. - Meus olhos começam a arder. com a lembrança. - Nem sei se aguentaria ter que passar por isso. Mas você aguentou.

- Eu precisei. Pelos nossos filhos. Eu não podia desmoronar, não podia ser egoísta. - Toco o rosto dele com minha mão livre. - E a culpa não foi sua. Eu sabia que ia acontecer uma hora ou outra. E, vamos combinar, nós já tínhamos muita idade.

- Pra mim você sempre pareceu a mesma. O tempo te fez muito bem. 

- Como se você não estivesse bem também. - Sorrio. - Eu me lembro como você se gabava quando falavam que você parecia irmão mais velho do William.

Ele dá de ombros, sorrindo.

- E eu me lembro como você sentia ciúmes por causa disso. - Toca meu nariz com a ponta do dedo.

- Claro. Sempre tinha alguma mulher de olho em você quando saíamos. A minha vontade era de esganar aquelas descaradas. Podiam ter pelo menos a decência de disfarçar um pouco. - Ouço ele rindo baixinho. - Não tem graça, porque você está rindo?

Era Uma Vez... Os StirlingOnde histórias criam vida. Descubra agora