Capítulo 30

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Sorrio de volta e John se inclina sobre mim, juntando os lábios aos meus, mas estou muito chocada pra fazer algo sobre isso. Parte de mim quer aproveitar, mas a outra parte acha errado. Ele nem lembra de mim direito. Isso deve ser efeito do sono. Então a última parte ganha.

- John! - Me afasto delicadamente pra não machucá-lo ainda mais. - O que está fazendo?

- Como assim? Eu não posso mais te beijar? - Ele sorri. - Eu é que tenho que perguntar o que você tem na cabeça. - A testa dele se franze. - Estamos bem, não estamos?

- Você tá bem?

- Sim. Por que a pergunta? É você quem não quer me beijar. Fiz alguma coisa de errado?

- Não. - Agora a minha testa está franzida enquanto olho pra ele. - Mas... O que deu em você, de verdade? Isso não é certo. - Ele sai de cima de mim pra me olhar melhor. - Você não se lembra da gente. Não quero me aproveitar. Já basta o beijo de mais cedo. Me desculpa.

Eu me sento e o ajudo a fazer o mesmo, sem movimentos bruscos por causa dos ferimentos. Quando já está acomodado, ele me olho com atenção, depois desvia o olhar.

- Tem razão. - Suspira. - Me desculpa. Eu pensei que pudesse me ajudar a lembrar.

- De verdade? - Seguro a mão dele.

- Sim. Mas eu entendo que te deixe desconfortável. Isso e toda essa situação. - Me olha. - Me desculpa.

- Você não fez nada de propósito. - Toco o rosto dele e encosto nossas testas. - Eu já disse e vou repetir: o mais importante é você estar bem. Nós podemos fazer muitos memórias juntos. Novas memórias. Mas só existe um John.

- Acho que, olhando pra mim, ninguém diria que estou bem. A não ser bem machucado. - Ele ri. - Mas, apesar de não lembrar de tudo, fico feliz pela sua companhia. Porque também só existe uma Cat, e ela é minha, então quero ficar com você e me lembrar de cada segundo que passamos juntos.

- Acho que cada segundo é exagero. - Sorrio.

- Não. Cada segundo é pouco com você. Eu quero tudo.

Ele se aproxima um pouco mais e junta nossos lábios de novo. Dessa vez, eu correspondo com a mesma empolgação, o puxando para mais perto, mas tomando cuidado para não apertar ele. Seguro seu rosto entre minhas mãos e deixo vários beijos pelo rosto dele.

- Hum. - Afasto nossos rostos pra poder olhar bem pra ele. - Fiquei com saudade de te beijar assim. - Seguro o rosto dele. - Mas tem certeza que isso te deixa confortável? Não quero te pressionar.

- Tenho certeza. Vamos começar do zero enquanto não lembro de tudo. - Ele toca minha mão. - Eu só não quero te perder.

- E não vai. - Sorrio. - Pode ter certeza disso. Eu só vou me afastar se for o que você quiser. 

- Eu não seria louco assim. - Sorri de volta, então suspira. - Mas eu tô louco pra ir ao banheiro. Me dá licença? 

- Eu te ajudo. - Me levanto pra apoiar ele.

- Não precisa! - Praticamente grita., me fazendo paralisar. - Eu quero tentar sozinho. E seria bem constrangedor ter você do meu lado enquanto... Enfim. Eu consigo. 

- Tudo bem. - Ergo os braços. - Mas vai com calma pra não cair.

Ele assente e se apoia na cama com o braço bom, virando de frente pra mim pra poder sentar na cadeira. Quando olha pra mim sorri, como se tivesse dizendo: viu? Eu consigo. Eu reviro os olhos. 

- Eu não vou demorar. - Começa a se mexer até a entrada do quarto. - Eu queria comer alguma coisa? Pode procurar alguma coisa nos armários? Eu te ajudo quando terminar.

Era Uma Vez... Os StirlingOnde histórias criam vida. Descubra agora