Capítulo 27

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Sinto o corpo do John ficando rígido sob meu abraço, então me afasto. Que idiotice a minha. Ele ainda está machucado e eu me jogo desse jeito em cima dele.

- Me desculpa, John. - Toco o rosto dele, sem conter o grande sorriso nos meus lábios. - Você deve estar sentindo dor. Não sabe como eu tô feliz por te ver bem assim.

- John? - Ele franze a testa e olha na direção da mãe. - Eu sou o Grayson. Você deve estar me confundindo.

- O que? - Olho para a senhora atrás de mim. - O que está acontecendo?

- O médico disse que a batida na cabeça podia deixar o Grayson um pouco confuso e ele poderia demorar a recuperar toda a memória. Eu... Você tem que ter paciência, Cat.

- Você não sabe quem eu sou? - Olho pra ele de novo.

- Não sei. - Ele faz uma pausa. - Acho que... Na verdade, você se parece com alguém que eu conheço, mas não sei quem. Alguém que eu conheci há muito tempo. Quem é você?

- Eu sou a Cat. Sou sua namorada, John. Você não se lembra mesmo de mim?

Ele olha pra mãe e depois pra mim. Vejo nos olhos dele a pena que sente de mim.

- Me desculpa. Eu não sei nem o que aconteceu pra terem me trazido pra cá.

- A Cat estava com você, filho. Se quiser, eu posso deixar vocês a sós, assim ela te conta tudo com mais detalhes.

- Se ela não se importar, por mim tudo bem. Mas não quero te deixar desconfortável... - Franze a testa. - Cat, não é?

- É. - Sinto as lágrimas se formando nos meus olhos. De todos os cenários que imaginei, ele não se lembrando de mim nunca me passou pela cabeça. E, sei que não é culpa dele, mas dói. - Eu não me importo de te contar. Também fiquei um pouco confusa quando acordei aqui.

- Então, vou dar alguns minutos pra vocês. Se começar a ficar difícil pra você, Cat, - Ela toca meu ombro. - Estarei esperando no corredor.

Eu tento sorrir na direção da mais velha e assinto. Ela olha uma última vez para o filho e faz seu caminho para fora do quarto. Já eu, depois de juntar um pouco de coragem, volto a olhar para o rapaz deitado.

- Bom... - Começo. - O que você quer saber?

- Tudo sobre isso. - Aponta para os próprios machucados. - Como o acidente aconteceu?

- Nós tínhamos acabado de almoçar juntos e você estava me levando pra casa. - Mordo meu lábio inferior. - Mas quando estávamos passando por um cruzamento um caminhão acabou atingindo a traseira do seu carro e nos jogando contra uma árvore. Você acabou recebendo o maior impacto por causa disso, mas não foi muito grave porque o motorista do caminhão tentou frear.

- Eu não sinto que não tenha sido tão grave. - Franze a testa. - Eu estou todo dolorido, apesar dos remédios, e não me lembro de nada recente. Minha mãe me disse até que eu tive que passar por uma cirurgia.

- Sim, mas não se preocupa, foi algo simples que não vai deixar sequelas. Só uma cicatriz.

- Menos mal. - Ele faz uma pausa. - Nós estamos namorando mesmo? - Assinto. - Há quanto tempo?

- Alguns meses. - Desvio o olhar do dele. - Nesse tempo, pelo menos.

- O que? - Balanço a cabeça de um lado para o outro, pra ele deixar pra lá. Parece funcionar. - Me conta como a gente se conheceu, então. Talvez me ajude a lembrar.

- Tudo bem. A culpa não é sua. - Toco a mão dele, mas logo me afasto. Eu sento na cadeira onde minha bolsa está. - Bom... Na verdade, foi você quem me procurou. Eu visitei a casa Stirling com a minha amiga e você disse que me achou bonita. E perguntou sobre mim ao Paul, que estuda no mesmo campus que você. Ele é namorado da minha melhor amiga e estava com a gente naquele dia. - Olho na direção dele. - Então, um dia, quando eu estava saindo do colégio, você apareceu e nós acabamos conversando. Depois nós saímos mais algumas vezes e começamos a namorar.

- Parece ter sido muito rápido.

Dou de ombros.

- Pra alguns, talvez. Mas a gente nunca achou isso. Não queríamos perder tempo separados.

- Entendo. Acho que a gente se gostava de verdade. - Ouvir ele dizer isso no passado dói.

- É. Eu não acho que essa seja a palavra. A gente se amava... Se ama. - Balanço a cabeça e suspiro. - Não sei.

- Sei. Se quiser, não precisa ficar aqui comigo. Deve ser doloroso. Eu queria me lembrar, mas não consigo. Então vou entender se quiser ir embora.

- Não. Quero dizer... É doloroso, mas, pelo menos, você tá vivo.

Ele sorri, me olhando.

- Obrigado por se preocupar. - John continua me olhando. - Por que você me chamou de John? Ninguém me chama assim.

- Eu chamo. É uma coisa nossa. Então você se tornou o John pra todos que fazem parte da minha vida.

- Seus amigos gostam de mim?

- Claro. A gente sempre sai juntos.

- E os meus amigos gostam de você?

- Você não me apresentou aos seus amigos. - Desvio o olhar.

- Talvez porque eu não tenha amigos. - Ele franze a testa. - Desde que eu troquei de curso nós nos afastamos e...

- Você se lembra disso? - A esperança se acende no meu peito.

- Lembro. - John me olha. - E você me lembra alguém. Mas... Parecia mais velha que você. - Sua testa se franze de novo. - Você conhece alguém chamado Matthew?

- Conheço. - Assinto. - O que você lembra? Ele tinha olhos verdes e cabelo castanho claro?

- Acho que sim. - Ele faz uma pausa e seu olhar fica distante. - Essa mulher que parece com você, ela sorri pra mim e logo depois se vira chamando por esse Matthew. - John volta a olhar pra mim. - Quem é ele?

- Alguém que nós dois amamos muito. - Sorrio. - Você vai entender quando lembrar.

- Se você diz. - Ele dá de ombros e afunda o corpo nos travesseiros. - Me sinto tão dolorido. Eles não estão me dando remédio pra dor?

- Estão. - Olho no relógio. - Daqui a pouco a enfermeira vem pra administrar o remédio de novo, não se preocupa.

- Que bom. Quase não aguento me mexer. - Ele fecha os olhos por um momento. - Talvez eu me distraia da dor se você me contar um pouco mais sobre o nosso namoro. - Olha na minha direção. - Como foi nosso primeiro encontro?

- Não precisa fazer isso por mim. Não precisa me consolar.

- Não é isso. Eu estou fazendo por mim. De verdade, eu quero lembrar de você. Como eu posso namorar uma garota tão linda e não me lembrar dela? - Ele toca minha mão sobre o colchão. - Me conta. Eu quero me lembrar.

Assinto e começo a falar. Conto sobre o piquenique no jardim da casa Stirling e ele fica impressionado por descobrir que sabe fazer torta de chocolate. É aí que vejo que ele não esqueceu um período certo, mas apenas algumas informações, como se tivessem lacunas na sua memória. E eu não me importo nem um pouco em preenchê-las, assim como ele parece não se importar que eu faça isso. 

Tudo que quero meu John de volta o mais rápido possível. 

Amaram o plot? kk Muita gente não gosta e tudo bem. Mas não se preocupem, não vou me demorar nesse assunto. E ainda vão ter cenas fofas, então... Até o próximo.

Era Uma Vez... Os StirlingOnde histórias criam vida. Descubra agora