Capítulo 4

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Um segundo depois de assentir ao pedido dele, me forço a voltar a mim e sair do choque. Desvio o olhar dele e faço meu cérebro entender que esse não é o meu John, já que meu coração não sabe diferenciar e continua batendo forte.

- Espera. - Começo. - Eu não te conheço, porque iria querer conversar com você?

Ele franze a testa.

- Não me conhece? - O mais alto inclina um pouco a cabeça para trás. - Será que eu tô adiantado? - Consigo entender a pergunta, mesmo com ele falando baixo.

- Adiantado? - Agora é minha vez de franzir a testa. - Para o que? Não estou entendendo.

- Se me der dez minutos eu posso explicar melhor. - Junta as mãos na frente do corpo, como se fizesse uma prece. - Por favor. Vamos pra onde você quiser, qualquer lugar em que se sinta segura. Mas me deixa falar. É só o que eu peço.

Olho para qualquer lugar menos o rosto dele, então penso: estou aqui, no meu tempo, e esse rapaz que tem o rosto idêntico ao do meu John quer falar comigo. Não posso deixar isso para trás. Tenho que saber mais.

Respiro fundo.

- Tudo bem. - Aperto mais o guidão da bicicleta sob minhas mãos. - A gente pode conversar na sorveteria que tem aqui perto.

- Obrigado. De verdade. - Ele sorri. Parece aliviado. - Vamos, então?

- Vamos, claro. - Tento não olhar muito na direção dele. - Por aqui.

Ele anda atrás de mim em silêncio e, apesar de querer saber sobre ele, querer saber porque ele está aqui, porque ele tem o rosto do homem que eu amo, não consigo dizer uma só palavra. Nem perguntar o nome dele eu consigo. Que patética.

Prendo minha bicicleta em frente a sorveteria e a cópia de John escolhe uma mesa do lado de fora para sentarmos. Logo ele pega o cardápio com as várias opções de sorvete, sundae e milkshakes disponíveis.

Sento de frente para ele quando paro de enrolar com a bicicleta e tomo coragem.

- Vamos pedir antes de iniciar a conversa? - Ele me olha ao perguntar. Assinto. - O que você quer? 

- Pode ser um milkshake de chocolate. 

- Certo. - Ele levanta. - Vou pedir e já volto. - Antes de entrar, olha mais uma vez para trás. - Não vai embora, por favor.

- Eu não vou. - Garanto.

Ele sai e eu pego o celular. Mando uma mensagem para Nina contando onde estou e sobre o rapaz ainda desconhecido.

- Pronto. - Guardo o celular quando ele reaparece na minha frente. - Agora é só esperar.

- Vou ter que esperar para que me diga o motivo de estarmos aqui também?

- Não. Isso não. - Ele respira fundo. - Bom... Eu sei que é complicado. Você deve estar confusa. Mas estou tão feliz por te encontrar, Cat. Não sabe quanto.

- Como assim? - Minha cabeça fica ainda mais confusa. - Como me conhece? Eu nunca te vi e você chega do nada querendo conversar, sem nem me dizer seu nome quando você, não sei como, já sabe o meu. Se não me explicar de uma vez, eu vou embora.

- Tudo bem. Calma. Eu vou explicar. Eu sou da família Stirling. - Começa a explicar, finalmente. Mas eu já imaginava que fosse esse o motivo dele ter esse rosto. - Nos vimos no jardim da casa há alguns dias e eu não acreditei quando te vi.

- Então era você? - Ele assente. - E porque ficou tão surpreso? - A pergunta sai antes de eu me lembrar do retrato. Então acrescento:- Porque eu sou parecida com sua antepassada?

Era Uma Vez... Os StirlingOnde histórias criam vida. Descubra agora