Era Uma Vez... Os Stirling

Capítulo 14

Nós vamos no carro do John, mas ele não fala absolutamente nada. De vez em quando eu olho na direção dele, mas meu namorado parece muito concentrado na estrada a nossa frente. Concentrado até demais, devo dizer.

- John? - Toco a coxa dele. - Tá tudo bem? Você não falou nada desde que saímos do hotel.

Ele fica em silêncio por um tempo e, acho até que não vai me responder, mas suspira e diz:

- Como você queria que eu ficasse, Cat? - Ele continua sem me olhar. - Você aceitou o convite do seu amigo sem nem saber se eu queria vir.

- Mas... Eu olhei pra você e não pareceu que você não queria vir. - Aperto meus lábios um no outro. - Você não disse nada.

- E o que você queria que eu dissesse na frente dele? - Pela primeira vez ele vira o rosto na minha direção, com a expressão séria. - Achei que você ia negar, afinal, poucos segundos antes nós estávamos falando sobre aproveitar nosso tempo juntos depois do jantar.

- Tá, tudo bem. Mas eu não pensei que você fosse ficar chateado por causa disso. A gente já vai passar o final de semana inteiro juntos.

- Então agora você vai ficar contando o tempo que ficamos juntos? Hoje passamos o dia juntos então não precisamos nos ver mais pelo resto da semana. - Olha pra mim por um breve instante de novo. - É isso?

- Claro que não. Você tá distorcendo as minhas palavras. - Sinto o espaço entre minhas sobrancelhas se franzir. Suspiro, olhando pra frente. - Quer saber? Você tá muito chato agora, eu não consigo falar com você. - Cruzo os braços. - Nós vamos ficar alguns minutos, só pra não parecer que não temos educação, então eu dou uma desculpa ao Edward pra gente poder ir embora. Satisfeito?

- Não. Agora já é tarde.

Reviro os olhos e olho a paisagem pela janela.

- É. Eu também acho.

*

Quando chegamos ao bar e restaurante, Edward nos apresenta a seus amigos. Eu mantenho um sorriso no rosto e tento ser o mais simpática possível.

- Nós viemos aqui porque disseram que a banda ao vivo é incrível. - Meu amigo comenta, ao meu lado. - Acho que você vai gostar deles. Pelo menos é o que eu acho de acordo com as músicas que você gosta.

- Vamos ver. - Sorrio. - Você chegou na cidade hoje?

- Foi. No fim da tarde, e você?

- A gente chegou de manhã. Eu queria andar um pouco pela cidade pra conhecer alguns lugares. Você não deve ter tido a oportunidade de ir até um café super fofo no centro, mas assim que possível você tem que ir lá. Eles tem o melhor veludo vermelho que eu já experimentei. Sério. Me deu água na boca só de lembrar o gosto.

- Então podemos ir juntos quando tiver um tempo livre. Seria muito bom ter a sua companhia.

- Seria legal acompanhar você também. - Sorrio. - Mas, John e eu viemos pra passar mais tempo juntos. Não seria nada agradável se eu deixasse ele sozinho pra sair com você, ou sair com os dois, já que seria o contrário de passar mais tempo juntos. Você entende, né?

- Claro. Você tem razão. Podemos deixar pra uma próxima vez, sem problemas. Não quero te causar problemas. - Ele olha na direção do John que bebe seu refrigerante enquanto escuta algo que um dos amigos do Edward. - Falando nisso, vocês estão bem? Não se falaram muito desde que chegamos.

- Sim, tá tudo bem. - Sorrio, ainda olhando pro meu namorado. Ele continua tomando o refrigerante e assentindo pra seja lá o que o outro cara tá falando. - Ele só fica um pouco calado perto de pessoas que não conhece, só isso.

- Ah. Desculpa por isso. Eu sei que você também não se sente confortável com isso.

- Não é culpa sua, não precisa se desculpar. - Olho na direção do meu amigo de novo. - Além do mais, eu aceitei vir.

- Você pode ficar e ouvir um pouco de música, depois vai embora. Eu não vou ficar chateado. - Ele toca minha mão. - Mas eu quero tirar uma foto, pode ser? Quero que as meninas vejam quem eu encontrei aqui.

- Tudo bem. - Sorrio. - Obrigada por ser tão compreensivo. Quando voltarmos pra Londres vamos marcar alguma coisa. - Me aproximo um pouco dele pra tirar a foto. - Na noite da festa você nem falou com a gente, ficou com seus outros amigos.

- Tem razão. Sou totalmente culpado. - Ele sorri. - Prometo sair só com o nosso grupo, sem distrações, da próxima vez.

- Acho que o show vai começar. - Olho pro palco.

Nós ficamos calados, prestando atenção na vocalista que os apresenta e logo começa a cantar. Eu balanço com a melodia da música e sorrio com a letra romântica. Nesse momento olho na direção do John, que já me olha. Mesmo chateado, ele está se esforçando por mim, isso me faz sentir ainda mais culpada.

Olho de volta pro palco e, quando eles começam uma nova música, fico com a consciência ainda mais pesada. Fala sobre como a garota pode machucar a pessoa que ama, e ela pede desculpas por isso, pois não quer perder o amor que eles tem.

- Edward? - Sussurro. - Eu já vou indo, tudo bem? - Ele assente. - Nos vemos depois.

- Nos vemos depois. Vão com cuidado.

Sorrio e me aproximo de John, estendendo a mão pra ele. Ele deixa o copo vazio de lado e levanta, se despedindo de todos, assim como eu.

No caminho de volta, não tento puxar conversar, apenas penso no que vou dizer, como vou me desculpar, enquanto a música toca no rádio, preenchendo o silêncio que nem ele, nem eu conseguimos quebrar.

Quando paramos na frente do hotel, consigo juntar coragem pra abrir a boca.

- John. - Toco na mão dele. - Me desculpa. - Suspiro. - Eu não devia ter aceitado nada sem que você concordasse antes. Não queria te deixar chateado. Acho que eu só... Só fiquei empolgada por ver um rosto conhecido. Mas não significa que eu não queira passar meu tempo com você. Você sabe não é? - Aproximo meu rosto do dele e beijo seus lábios. - Eu te amo. Você sabe que se eu pudesse, ficaria o dia todo do seu lado.

- Eu também te amo. - Ele aperta minha mão e fecha os olhos por um momento. - E também te devo um pedido de desculpas. - Apoia a cabeça no banco. - Eu acho que minha reação foi um pouco exagerada. Me desculpa por isso. Eu não quero brigar com você por nenhum motivo, mas esse foi muito bobo, né?

Dou de ombros.

- Acho que a gente não pode controlar essas coisas. Mas eu não entendi porque teve essa reação.

- Ah. - Desvia o olhar do meu. - Acho que eu fiquei com ciúmes do seu amigo.

- Ciúmes? - Sorrio. - Você não precisa disso. Você é o único homem que eu amo e com quem eu quero me casar de novo, em um futuro breve, lembra?

- Lembro. - Ele sorri. - Mas é bom escutar você dizer. Você também é a única mulher com quem eu quero casar. Hoje, amanhã e sempre.

Ele tira o cinto e se inclina na minha direção, colocando as mãos na minha cintura e me beijando do jeito que eu gosto, como se estivesse saboreando meus lábios lentamente. Pena que temos que sair logo. O coitado do manobrista teve que ficar esperando do lado de fora.

John e eu entramos no hotel rindo. O clima bom do início do dia está de volta. E eu me sinto aliviada por isso.

*

John está se sentindo meio inseguro, então trouxe esse pequeno conflito. Ainda bem que eles fazem as pazes rápido, né? Beijão! Até o próximo capítulo. Não se esqueça de ler meus outros livros também, tô me sentindo abandonada.