Durante os dois dias seguintes eu visito John e conto histórias sobre nosso relacionamento nesse século. Ele acaba se lembrando de algumas coisas, mas não tudo, e nada muito relevante, então ainda é um pouco estranho. Principalmente quando nossa noite de amor no hotel da família dele vem a tona. Eu não conto detalhes, mas ele entende e fica um clima meio estranho. É aí que vou embora, envergonhada, mesmo sem motivo.
No terceiro dia, depois que os resultados dos últimos exames saem, ele recebe alta e se recusa a voltar para a casa dos pais, então me ofereço pra ficar no apartamento com ele.
- Mas você tem colégio, Cat. E seus pais tem que deixar você ir.
- E eu não quero ser um peso pra ninguém. - O nosso paciente se manifesta.
- Você não é nenhum peso. - Respondo antes de virar de novo pra mãe dele. - E eu sei que preciso ir pra aula. De manhã, alguém pode ficar com ele, eu fico o resto do dia, assim podemos nos dividir bem. E, com meus pais eu lido depois. Mas tenho certeza de que eles vão entender. - Sorrio. - Eles amam o John, não tem como negar uma coisa dessas.
- Tudo bem, então. Se seus pais não negaram, eu aceito.
- Eles não vão negar.
Mas, para minha surpresa, eles negam.
- Por que? Mãe, ele está mal, precisa da minha ajuda. Que tipo de namorada eu seria se deixasse ele sozinho nessa situação?
- E que tipo de pais nós seríamos deixando você morar com seu namorado?
- Não vou morar com ele. É só por algumas semanas. - Cruzo os braços. - Além do mais, o que poderíamos fazer de errado? O John está com um braço e uma perna quebrados.
Minha mãe bufa, me olhando meio desacreditada.
- Você ficaria surpresa com o que vocês poderiam fazer.
- Querida, não dá ideias, por favor. - Meu pai toca a perna dela.
Reviro os olhos.
- Mãe. - Olho de um para o outro. - Pai. Não sei se lembram, provavelmente não, mas o John quebrou as costelas, tem que ficar de repouso. Nem se a gente quisesse poderia...
- Tá, tá, tá. - Meu pai me interrompe. - Já entendemos. Sem detalhes, por favor. - Ele suspira. - O garoto está mesmo com as costelas quebradas.
- Então, o que? - Minha mãe olha pra ele com a expressão séria. - Você vai deixar ela ir?
- Pensando bem, não vejo nenhum problema nisso. Ele não pode se mexer muito e é um bom rapaz, vamos dar um voto de confiança aos dois. Eles já viajaram juntos, mesmo.
Minha mãe suspira, olhando do meu pai pra mim.
- Tudo bem. Mas nós vamos visitar vocês a qualquer momento do dia, então acho bom vocês se comportarem. Eu sou muito jovem pra ser avó. E você é muito jovem pra ser mãe.
Quase solto uma risada. Se ela soubesse que já tive mais filhos que ela.
- Não se preocupa, mãe. Eu disse que vou ficar no apartamento dele por algumas semanas porque ele não pode se movimentar muito justamente por causa da costelas. Pode aparecer a hora que quiser.
E, bom... Nem se o John estivesse bem aconteceria algo. Ele precisa lembrar que me ama primeiro.
*
A senhora Stirling abre a porta do apartamento e eu empurro a cadeira de rodas onde Alec está sentado. Faz tanto tempo que não venho aqui, até parece outro lugar, apesar de nada ter mudado. Bom... Nada na decoração ou nos móveis, mas algo mudou entre John e eu. E isso faz toda a diferença.
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Era Uma Vez... Os Stirling
FanfictionCat está na sua época agora, mas continua com o coração no passado. Numa visita a antiga casa onde morava com John, ela se surpreende ao encontrar um rapaz idêntico a ele. Mas como isso é possível? Seria essa uma pegadinha do destino ou uma outra c...