Capítulo 15

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Malu 💣

Coloquei os pratos na pia e virei pro balcão novamente, tomando o resto da minha coca, não tava muito afim de cerveja hoje não. Olhei meu celular em cima do balcão, e peguei ele vendo ser notificação do whats, assim que desbloqueei, vi o nome "Mãe" brilhar na tela.

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Mãe: Boa noite, Maria.
Mãe: Seu pai falou que esse final de semana vai visitar vocês.
Mãe: Nem me avisaram nada.
Eu: Boa noite! Sim, meu pai vai vim pra cá sábado, eu acho.
Eu: Te avisar? Ia adiantar de algo? Você nunca vem.
Mãe: Não é bem assim, você sabe que sou ocupada com a empresa de fotos.
Mãe: Você sabe que não é fácil administrar algo sozinha.
Eu: Mesma desculpa de sempre? Não cola mais comigo.
Mãe: Desde quando você ficou tão ingrata assim comigo? Nossa Maria Luísa, depois de tudo que fiz por você e seu irmão?
Eu: Se fosse o suficiente tudo que você fez, eu não te trataria dessa maneira hoje.

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Minha relação com a minha mãe é um pouco conturbada, com certeza é algo que eu nunca vou desejar para uma filha e para uma mãe. Tá ligado aquela relação tóxica? Que até os 17 anos da sua vida você teve que fazer tudo que sua mãe quer, pronto, foi desse jeito.

Assim que fiz meus 12 anos, fui obrigada a entrar pro mundo da moda, mas não por vontade minha, e sim da minha mãe. Era realmente algo que me incomodova ao máximo, ter que sorrir daquela maneira, fazer inúmeras poses, fazer a troca de figurino várias e varias vezes, e assim eu vivi até meus 17 anos.

Meus pais passaram 13 anos casados, e nesse meio tempo o amor realmente existiu por pouco tempo, e o resto dos anos foi casamento por interesse, da parte  da minha mãe, infelizmente. O Vini é literalmente indiferente em relação a ela, ele fala com ela, visita ela, mas normalmente não fala tanto nela. Acredito que eu seja a revoltada da história.

Deixei o celular no balcão, e peguei o prato sujo e algumas coisas que sujei, coloquei na pia e peguei a esponja lavando, deixei a pia um brinco e puxei o pano de prato enxugando minhas mãos. Virei novamente e peguei meu celular, vendo que ele já estava descarregando, já que usei bastante hoje durante o dia e não botei pra carregar.

Sair da cozinha e fui até o corredor, entrei no meu quarto e fui até o balcão procurando meu carregador, mas percebi que o mesmo não estava no lugar de sempre, e como o Vini não mexia nas minhas coisas, muito menos no meu carregador, já que o dele nem iPhone é. Acabei estranhando e voltei a sala indo até o rack procurando o mesmo.

- Porra, saí da frente. - O Vini deu um chute não muito forte na minha panturrilha, virei pra ele dando um tapa no seu ombro. - aí Porra.

- Chuta teu cú. - Ele riu, e eu voltei procurar o carregador. - Viu meu carregador? - Perguntei voltando o corpo pra ele novamente.

- Perdeu outro carregador, Maria Luísa? - Ele me olhou debochado, fiz careta revirando os olhos. - Teu dinheiro é só pra carregador, porra.

- Vinícius, não te perguntei isso. - Ele riu. - Você viu? - Ele concordou. - Aonde? - Ele simplesmente virou o corpo para trás e apontou na direção do Dante, onde o folgado tava com os pés em cima do meu sofá e mexendo no celular, que estava carregando com o meu carregador. - Tô nem acredito nisso. - Falei já puta.

Respirei fundo, o Vinícius sabe que eu odeio que ele fique mechendo nas minhas coisas, realmente me deixa puta da vida. Machei na direção do Dante e assim que cheguei perto, ele desviou os olhos do celular olhando para minhas pernas, onde foi subindo bem devagar até meus olhos, me encarando.

- Será que você pode me devolver o meu carregador? - Pedir até paciente.

- Você falando comigo? Acho que errou a pessoa - Debochou olhando em volta, antes de voltar o olhar pra mim.

- Não, é com você mesmo. - Cruzei os braços e apoiei o peso em uma perna só. - Preciso que devolva o meu carregador. - Olhei pra tomada e ele virou o olhar pra lá também.

- Aqui não diz que pertence a você, tem nem teu nome. - Ele me olhou rápido, e depois voltou mexer no celular, ignorando minha existência.

- Você não tá falando sério, namoral. - Dei um ar de riso, mas totalmente sem humor. - Dá pra você me devolver? Tô pedin... - Acabei me assustando com o barulho do tiro do jogo dos meninos, já que eles tinham mudado e tava altão.

- Deixa terminar aqui que eu te entrego. - Ok, ele agora passou dos limites de folgado.

- Você tá achando que tá aonde? - Ele me encarou quando mudei o tom de voz. - Chega na minha casa e fica nessa folga, usa meu carregador e não devolve enquanto eu tô te pedindo. - Apontei pra tomada e ele abriu um sorrisinho debochado no canto da boca.

- Deve ser por isso que eu não te dei ainda, você está pedindo... - Ele colocou o celular de lado. - Tá acostumada a chegar mandando, mas comigo não funciona, cê tá ligada.

- Não seja por isso. - Falei e me estiquei um pouco na frente dele, tentando alcançar a tomada, sendo que sou uma anã e ele alí me atrapalha pra caralho. - Porra. - Murmurei baixo pra mim, mas ele riu e eu olhei pra ele, e aí percebi que ele me olhava praticamente por dentro da camisa, e consequentemente ele estava vendo o meu peito, já que a blusa era folgadinha e eu estava sem sutiã.

- Bela visão, uma pena que você seja tão insuportável. - Ele falou um pouco baixo, e assim que alcancei a tomada, puxei o carregador e voltei a posição de antes, encarando ele que ria super tranquilo.

- Dá pra você me respeitar, nem me conhece pra tá falando e me olhando desse jeito. - Falei mantendo a postura e ele continuou rindo, tentei puxar o fio do carregador pra desplugar do celular dele, mas ele segurou o mesmo só por implicância. - Solta.

- Não. - Puxei novamente, mas ele não soltou.

- Solta Dante, não tô brincando contigo. - Disse a ele que fez cara de tanto faz. - Solta caralho.

- Já que tá achando ruim, vem pega ué. - Ele puxou o fio pra ele, e como eu não estava segurando o carregador com firmeza, acabei soltando fazendo o carregador todo parar ao lado dele. - Ih, tá fraca porra? - Ele me gastou, pura implicância.

- Fraco é você, parece criança com implicância só pra chamar atenção. - Disse a ele que soltou o celular de lado e levantou ficando cara a cara comigo. - ué, resolveu agir como gente grande agora?

- Que porra vocês já estão discutindo? - O Vinícius perguntou atrás de mim.

- Seu amigo que parece criança tentando chamar a atenção pra ele. - Falei, ainda fitando seus olhos.

- Chamar atenção de quem? Por que a tua eu não sinto um pingo de vontade de ter. - Ele falou com um tom sério, mas continuei na postura de durona.

- Não parece. - Falei impaciente.

- Porra, até quando esse caralho de birra de vocês? Tá feião já. - O Túlio resmungou, percebi ele levantando, mas continuei encarando o Dante que estava com a cara fechada.

- Deveria dizer isso pro teu amigo, que chega na casa das pessoas e se acha o dono. - Virei pro Túlio. - Foda-se vocês também, eu não tenho que ouvir sermão dentro da minha casa. - Desviei o corpo da frente do Dante e peguei o carregador em cima do sofá, saindo da sala e indo diretamente pro meu quarto, coloquei meu celular no carregador e deitei na cama sem paciência alguma. Se esse garoto pensa que pode chagar desse jeito aqui, ele pode tirar o cavalo da chuva, por que comigo o negócio é diferente.

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