Dante 💥
Depois que a Maria Luísa desceu as escadas, olhei pro Kaio que me olhou balançando a cabeça em forma de negação.
- Essa mina é louca.- Falei apontando na direção que ela foi.
- Tô ligado. - Ele passou a mão na cabeça.- Tá ligado que vocês precisam se acertar, não dá pra ficar escutando vocês trocam farpas em qualquer canto que a galera for.- Ele saiu andando e eu fui seguindo o mesmo.
- Se ela não vier falar namoral comigo, por mim vamos ficar assim.- O Kaio suspirou. - E por mim Foda-se, tô pouco me fodendo pra essa garota, se ela não falar comigo não faço questão alguma de me acertar com ela.
- Pra que tanto orgulho? - Ele perguntou me fazendo calar.- Tu tá ligado que tá no erro com ela, né?- Perguntou, mas não obteve resposta já que continuei calado.- Tu tava dentro da casa dela querendo meter marra, e a mina só fez o certo.
- E isso é motivo pra ela ser grossa daquele jeito?- O Kaio bufou já sem paciência.
- Olha, os dois estão errados e por mim vocês já tinham dado uma trégua nessa porra.- Paramos na escada e o Kaio virou pra mim se apoiando no batente me olhando. - Eu conheço a Malu, sei que ela não vai dar o braço a torcer mesmo que esteja errada, então já que você também teve culpa no bagulho, só chega nela em algum momento que dê pra vocês conversarem e pede desculpas. - Cruzei os braços e fiz cara de tédio.
- Relaxa parceiro, eu ainda sei tomar conta da minha vida.- Toquei no ombro dele que levantou as mãos em rendição. Ele desceu as escadas e eu dei uma olhada ao redor, antes de descer também.
Cheguei na sala e já tinha trocado de professor, fui até minha cadeira e me joguei na mesma, olhando pra frente e tentando prestar atenção na aula. Nunca fui o tipo de pessoa mais orgulhosa, inclusive, até sei reconhecer meu erro e sabia sim que estava um pouco alterado com ela dentro da casa da mina. Em horas estando no mesmo local que a Maria Luísa, pude perceber o quanto ela usa o deboche e a ironia, e caralho, tenho odeio de gente que não conversa do mesmo tom que o meu, namoral e sem precisar usar essas portas de ironia, sarcasmo e deboche.
Na hora do intervalo, sentei com a galera e fiquei escutando a resenha do pessoal, enquanto estava na minha pensando no que o Kaio falou, e tentando ver se tinha a possibilidade de chegar pra Maria Luísa e conversar, e assim eu fiz.
- Vai pra sala agora?- O Túlio encostou no meu ombro.
- Vai indo, tenho que fazer uma coisa antes.- Ele assentiu e saiu.
Aos poucos todo mundo foi saindo da mesa, restando só eu e ela, que não fez questão alguma de olhar pra mim. Assim que ela levantou e contornou a mesa, dei uma enrolada levantando e me saindo, mas assim que ela foi passando por mim, segurei em seu braço, fazendo ela virar e fitar meus olhos.
- Posso trocar uma idéia contigo? - Perguntei pra ela que respirou fundo, descendo seus olhos até meu braço em suas mãos, e eu acabei soltando.
- Sobre? - Ela cruzou os braços, apoiando o peso em só uma de suas pernas.
- Sobre o que rolou ontem. - Respondi, mas ela não demostrou expressão alguma.
- Namoral, não tô afim de discutir novamente. - Continuou séria. - Principalmente se for com você, nem te conheço.- Ela deu as costas sem me dar chance de falar, mas toquei em seu ombro antes dela sair.
- Me escuta namoral.- Já falei impaciente. - Foi mal por ontem, fui mó grosso contigo dentro da tua casa.- Ela virou novamente.
- Foi algum dos meninos que te deu esse toque, né? Por que eu tenho certeza que você não iria chegar em mim pra falar essas coisas. - Ela falou se aproximou, e com as mãos na cintura.
- Puta que pariu, você sempre é marrenta e orgulhosa assim? - Perguntei a ela que franziu o cenho. - Por que não é possível que você seja esse poço de ignorância sempre, garota.
- Não, não é sempre não, é só quando tenho motivos. Tipo agora! - Ela usou o deboche novamente, me fazendo travar o maxilar de raiva.
- Quer saber, eu nem deveria ter tentado. - Falei antes de me afastar dela, sair e deixei ela lá. Entrei no corredor da minha sala e cheguei na sala, entrando.
Fui até a carteira vazia e me joguei na mesma, fazendo a mochila escorregar e bater a alça na quina da cadeira, fazendo o maior barulho e trazendo todos os olhares pra mim.
- Algum problema, senhor Drumond? - Escutei a voz do professor e olhei pra frente, fitando ele.
- Nenhum. - Respondi a ele que só afirmou com a cabeça, voltando falar algo sobre a matéria.
- Como a aula de hoje é de psicologia, vamos receber alguns alunos de outros cursos que vão assistir essa aula também. Então peço que se comportem e na primeira gracinha, é fora da sala. - assim que terminou de falar, o professor foi em direção a saída, deixando a sala.
Sentir um tapa na cabeça e olhei pra trás, encontrando o Túlio rindo e apoiando seus braços na carteira.
- Qual é, dessa cara fechada aí? - Ele perguntou ainda com um sorrisinho de canto.
- A única que eu tenho.- Disse óbvio.
- Nossa.. - Ele se ajeitou na cadeira, trazendo seu tronco mais pra frente.- Qual foi dessa parada aí que tu foi fazer? Entrou na sala putão.
- A amiguinha de vocês lá. - Virei o corpo todo pro lado.
- Qual delas? - Fez cara de dúvida.
- Irmã do Vini, pô. - Ele balançou a cabeça em confirmação. - Fui tentar selar a paz, tá ligado? A mina veio com dez pedras na mão. - Ele riu.
- Você realmente não conhece a Malu. - Ele pegou uma caneta e ficou mordendo a tampa. - Malu não é o tipo de mina fácil, tá ligado? - Afirmei. - Tenta sempre ser aquela casca durona, que nada afeta, que não chora na frente de ninguém, que não desabafa pra qualquer pessoa. Ela realmente é um gênio bem complicado, mas não é impossível de conviver ela. - Ele explicou.
- Belê irmão, entendo o tão gênio dessa garota.- Fez aspas com os dedos. - Mas isso não é desculpa pra ela ser birrenta do jeito que ela é. - Ele balançou a cabeça em afirmação. - Mas foda-se, tentei ser legal, não quis, que se foda também. - Dei de ombros e ele riu.
- Já tô vendo a treta na certa, sempre que geral tiver junto. - Dei de ombros novamente e nem tava afim de render o assunto mais.
O Professor chegou na sala chamando atenção da galera, que até então tava conversando.
- Galerinha, vamo fazer silêncio, por favor? - O professor pediu. - Peço que vocês façam o favor de todos caberem na sala. - Ele olhou pra porta novamente. - Pode entrar pessoal.
Assim que ele falou, algumas pessoas adentraram a sala, e tinha gente pra caralho, não sei como que ia caber dentro da sala. Tava tranquilo na minha e só observando o resto da turma entrar, até a Maria Luísa cruzar aquela porta, foi impossível meus olhos não revirarem. Bufei automaticamente.
- Agora segura teu karma, filhão. - O Túlio me gastou e eu virei só mostrando o dedo médio, e depois voltando meu corpo para frente, fazendo meus olhos se cruzarem com os dela.
MEU TWITTER: MRAVENA1
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Sobre nós
Fiksi PenggemarMaria Luísa D'vilaa de vinte dois anos, estudante de medicina veterinária, já no seu último ano de faculdade, sonha em abrir uma ONG de animais de rua. Mas para isso ela tem que batalhar bastante, já que não gosta de depender de seus pais, afinal, e...