Capítulo 12

809 57 6
                                    

Dante 💥

Depois que a Maria Luísa desceu as escadas, olhei pro Kaio que me olhou balançando a cabeça em forma de negação.

- Essa mina é louca.- Falei apontando na direção que ela foi.

- Tô ligado. - Ele passou a mão na cabeça.- Tá ligado que vocês precisam se acertar, não dá pra ficar escutando vocês trocam farpas em qualquer canto que a galera for.- Ele saiu andando e eu fui seguindo o mesmo.

- Se ela não vier falar namoral comigo, por mim vamos ficar assim.- O Kaio suspirou. - E por mim Foda-se, tô pouco me fodendo pra essa garota, se ela não falar comigo não faço questão alguma de me acertar com ela.

- Pra que tanto orgulho? - Ele perguntou me fazendo calar.- Tu tá ligado que tá no erro com ela, né?- Perguntou, mas não obteve resposta já que continuei calado.- Tu tava dentro da casa dela querendo meter marra, e a mina só fez o certo.

- E isso é motivo pra ela ser grossa daquele jeito?- O Kaio bufou já sem paciência.

- Olha, os dois estão errados e por mim vocês já tinham dado uma trégua nessa porra.- Paramos na escada e o Kaio virou pra mim se apoiando no batente me olhando. - Eu conheço a Malu, sei que ela não vai dar o braço a torcer mesmo que esteja errada, então já que você também teve culpa no bagulho, só chega nela em algum momento que dê pra vocês conversarem e pede desculpas. - Cruzei os braços e fiz cara de tédio.

- Relaxa parceiro, eu ainda sei tomar conta da minha vida.- Toquei no ombro dele que levantou as mãos em rendição. Ele desceu as escadas e eu dei uma olhada ao redor, antes de descer também.

Cheguei na sala e já tinha trocado de professor, fui até minha cadeira e me joguei na mesma, olhando pra frente e tentando prestar atenção na aula. Nunca fui o tipo de pessoa mais orgulhosa, inclusive, até sei reconhecer meu erro e sabia sim que estava um pouco alterado com ela dentro da casa da mina. Em horas estando no mesmo local que a Maria Luísa, pude perceber o quanto ela usa o deboche e a ironia, e caralho, tenho odeio de gente que não conversa do mesmo tom que o meu, namoral e sem precisar usar essas portas de ironia, sarcasmo e deboche.

Na hora do intervalo, sentei com a galera e fiquei escutando a resenha do pessoal, enquanto estava na minha pensando no que o Kaio falou, e tentando ver se tinha a possibilidade de chegar pra Maria Luísa e conversar, e assim eu fiz.

- Vai pra sala agora?- O Túlio encostou no meu ombro.

- Vai indo, tenho que fazer uma coisa antes.- Ele assentiu e saiu.

Aos poucos todo mundo foi saindo da mesa, restando só eu e ela, que não fez questão alguma de olhar pra mim. Assim que ela levantou e contornou a mesa, dei uma enrolada levantando e me saindo, mas assim que ela foi passando por mim, segurei em seu braço, fazendo ela virar e fitar meus olhos.

- Posso trocar uma idéia contigo? - Perguntei pra ela que respirou fundo, descendo seus olhos até meu braço em suas mãos, e eu acabei soltando.

- Sobre? - Ela cruzou os braços, apoiando o peso em só uma de suas pernas.

- Sobre o que rolou ontem. - Respondi, mas ela não demostrou expressão alguma.

- Namoral, não tô afim de discutir novamente. - Continuou séria. - Principalmente se for com você, nem te conheço.- Ela deu as costas sem me dar chance de falar, mas toquei em seu ombro antes dela sair.

- Me escuta namoral.- Já falei impaciente. - Foi mal por ontem, fui mó grosso contigo dentro da tua casa.- Ela virou novamente.

- Foi algum dos meninos que te deu esse toque, né? Por que eu tenho certeza que você não iria chegar em mim pra falar essas coisas. - Ela falou se aproximou, e com as mãos na cintura.

- Puta que pariu, você sempre é marrenta e orgulhosa assim? - Perguntei a ela que franziu o cenho. - Por que não é possível que você seja esse poço de ignorância sempre, garota.

- Não, não é sempre não, é só quando tenho motivos. Tipo agora! - Ela usou o deboche novamente, me fazendo travar o maxilar de raiva.

- Quer saber, eu nem deveria ter tentado. - Falei antes de me afastar dela, sair e deixei ela lá. Entrei no corredor da minha sala e cheguei na sala, entrando.

Fui até a carteira vazia e me joguei na mesma, fazendo a mochila escorregar e bater a alça na quina da cadeira, fazendo o maior barulho e trazendo todos os olhares pra mim.

- Algum problema, senhor Drumond? - Escutei a voz do professor e olhei pra frente, fitando ele.

- Nenhum. - Respondi a ele que só afirmou com a cabeça, voltando falar algo sobre a matéria.

- Como a aula de hoje é de psicologia, vamos receber alguns alunos de outros cursos que vão assistir essa aula também. Então peço que se comportem e na primeira gracinha, é fora da sala. - assim que terminou de falar, o professor foi em direção a saída, deixando a sala.

Sentir um tapa na cabeça e olhei pra trás, encontrando o Túlio rindo e apoiando seus braços na carteira.

- Qual é, dessa cara fechada aí? - Ele perguntou ainda com um sorrisinho de canto.

- A única que eu tenho.- Disse óbvio.

- Nossa.. - Ele se ajeitou na cadeira, trazendo seu tronco mais pra frente.- Qual foi dessa parada aí que tu foi fazer? Entrou na sala  putão.

- A amiguinha de vocês lá. - Virei o corpo todo pro lado.

- Qual delas? - Fez cara de dúvida.

- Irmã do Vini, pô. - Ele balançou a cabeça em confirmação. - Fui tentar selar a paz, tá ligado? A mina veio com dez pedras na mão. - Ele riu.

- Você realmente não conhece a Malu. - Ele pegou uma caneta e ficou mordendo a tampa. - Malu não é o tipo de mina fácil, tá ligado? - Afirmei. - Tenta sempre ser aquela casca durona, que nada afeta, que não chora na frente de ninguém, que não desabafa pra qualquer pessoa. Ela realmente é um gênio bem complicado, mas não é impossível de conviver ela. - Ele explicou.

- Belê irmão, entendo o tão gênio dessa garota.- Fez aspas com os dedos. - Mas isso não é desculpa pra ela ser birrenta do jeito que ela é. - Ele balançou a cabeça em afirmação. - Mas foda-se, tentei ser legal, não quis, que se foda também. - Dei de ombros e ele riu.

- Já tô vendo a treta na certa,  sempre que geral tiver junto. - Dei de ombros novamente e nem tava afim de render o assunto mais.

O Professor chegou na sala chamando atenção da galera, que até então tava conversando.

- Galerinha, vamo fazer silêncio, por favor? - O professor pediu. - Peço que vocês façam o favor de todos caberem na sala. - Ele olhou pra porta novamente. - Pode entrar pessoal.

Assim que ele falou, algumas pessoas adentraram a sala, e tinha gente pra caralho, não sei como que ia caber dentro da sala. Tava tranquilo na minha e só observando o resto da turma entrar, até a Maria Luísa cruzar aquela porta, foi impossível meus olhos não revirarem. Bufei automaticamente.

- Agora segura teu karma, filhão. - O Túlio me gastou e eu virei só mostrando o dedo médio, e depois voltando meu corpo para frente, fazendo meus olhos se cruzarem com os dela.


MEU TWITTER: MRAVENA1

Sobre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora