Capítulo 1 - Bem-vinda à Susanoo

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Sakura

Em muitos aspectos da minha vida, sempre fui um fracasso, mas os estudos nunca foram um problema para mim. As melhores notas, os melhores trabalhos, a aluna querida dos professores, a "sabe-tudo". Sempre me destaquei nos quesitos escolares, desde o colegial até o fim da faculdade e do MBA. Por isso, é frustrante estar há mais de um mês procurando um emprego.

Desde que terminei a faculdade de Economia, tenho ido a diversas entrevistas, em bancos, empresas de investimento e em empresas comuns que precisam de serviços da área de finanças. A desculpa é sempre a mesma: "Precisamos de pessoas com experiência na área, senhorita Haruno". Como vou adquirir essa tal experiência, se ninguém me dá a oportunidade de trabalhar para consegui-la?

Respirei fundo ao colocar os pés fora de uma agência de empréstimos no centro de Osaka. Mais um não para minha conta. Nem as empresas pequenas estão dando chance para novatos.

Em pensar que o sonho do meu pai é me ver trabalhando em um banco importante. Ele é um economista aposentado, morre de orgulho da filha que criou, principalmente por eu ter escolhido seguir a mesma carreira que ele, além de sempre ter dado prioridade para os estudos e nunca ter ligado para as "futilidades" da vida, e com isso ele quer dizer: namorados, maquiagens, roupas caras, festas, salão de beleza.

Conhecendo Kizashi como eu conheço, sei que ele nunca aceitaria me ver em um cargo que não condiz com minha formação. Porém, na situação em que estou, aceitaria até um emprego de garçonete. Meu amado pai está doente e preciso ajudá-lo de alguma forma, os remédios são caros e nós não temos muito dinheiro.

Subi no metrô e sentei em um espaço vazio. Um moço simpático sentou ao meu lado e sorriu para mim, aquilo não era normal, as pessoas não costumam sorrir para mim, não sou muito sociável e evito o máximo de contato possível com qualquer pessoa. Algumas experiências passadas me deixaram assim, não consigo confiar em quase ninguém, com exceção de Naruto e meus pais.

Encostei a cabeça na janela e fechei os olhos, o caminho até o subúrbio de Osaka era longo. O moço que estava do meu lado desceu do metrô e eu coloquei a mão dentro da bolsa, buscando pelo meu celular para verificar se não tinha nenhuma mensagem.

Bufei de raiva. O homem simpático furtou meu celular. Mais um item para minha lista infinita de derrotas. Meus olhos encheram de água, não estava acreditando que ia chorar justamente dentro do metrô. Eu sabia que não era por conta do celular, e sim por não conseguir um emprego. Eu não tenho muitos objetivos significantes na vida, mas ter sucesso na carreira que escolhi é o meu sonho. Além de tudo, preciso ajudar meus pais com as despesas. Comprar um celular novo definitivamente não me ajuda em nada.

Limpei as lágrimas e desci do metrô, ainda tinha que caminhar alguns metros até a rua da minha casa.

No caminho entre a estação e minha rua, eu sempre acabava encontrando alguns idiotas do bairro que enchem minha paciência desde que sou criança, eles acham divertido zombar da cor do meu cabelo, das roupas frouxas e nada estilosas que eu uso e da franja que cobre minha testa. Tenho vergonha e por isso adotei o corte quando tinha oito anos. Na maioria das vezes uso uma boina na cabeça e deixo apenas a franja para cobrir minha testa. É patético, eu sei. Meu cabelo é de um ruivo bem claro, opaco e oleoso. Acompanhado das minhas sardas, o óculos de grau e um aparelho, me tornam uma garota pouco desejável. As pessoas adoram jogar na minha cara o quanto eu sou ridícula e tenho zero senso de moda, como se eu não tivesse espelho em casa para saber disso.

— Ei, esquisita! — Deidara gritou da frente de sua casa onde estava com seu melhor amigo Gaara.

Não dei atenção e segui meu caminho, eles começaram a rir, mas eu deixei de ligar para as provocações baratas há muito tempo. Quando era mais nova, ficava realmente triste. Hoje em dia é quase irrelevante.

True DisasterOnde histórias criam vida. Descubra agora