Capítulo 23 - O namorado da Sakura

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Kakashi

Deitado no sofá do meu escritório, mordi a maçã que tinha na mão e escutei apenas o barulho da minha própria boca mastigando, já que ainda faltava um bom tempo para o expediente na Susanoo começar e ninguém além de mim tinha chegado.

Passei a noite pensando no que aconteceu ontem à noite, sobre a tentativa frustrada de beijar a minha assistente. Acabei me deixando levar pelas preocupações de Obito sobre a empresa estar nas mãos de Sakura e agi por impulso. Será mesmo que acredito que ela seria capaz de fazer algo para tomar a empresa da minha família? Só posso estar ficando biruta.

De qualquer forma, ver o nervosismo dela com a minha aproximação... Obito está certo, Sakura sente algo por mim. E usar isso para "mantê-la em minhas mãos" seria muito errado. No entanto, sonhei com ela novamente, dessa vez ao menos não foi um sonho quente. Estávamos apenas sentados no sofá da minha sala, sua cabeça estava no meu colo e ela lia um livro. Estranhamente esse sonho me deu uma sensação de paz, como se fosse certo estar com ela. Estou realmente ficando doido e a culpa é toda do meu melhor amigo idiota.

— Kakashi?! Você tão cedo por aqui, o que aconteceu?

Obito apareceu na porta e contei para ele sobre a minha noite atípica com minha assistente. Fiquei muito tentado em lhe jogar qualquer objeto pesado na cabeça quando ele começou a rir.

— Qual é a graça afinal?

— Levou um fora da Sakura? Não sabia que tinha perdido a aptidão para o galanteio. Talvez eu ainda possa lhe dar umas dicas, já que você parece meio fora de forma nesse quesito.

— Não seja idiota. Sakura não é como as modelos sem cérebro que você namora por aí. Ela deve ter ficado envergonhada, é claro.

— Kakashi... — Ele se aproximou, tirou minhas pernas de cima do sofá, quase me fazendo cair no processo e se sentou na minha frente. — Será que ela é virgem? Melhor ainda, será que ela já beijou alguém na vida?

— E como é que eu vou saber disso?

— Não sei, talvez em suas próximas conversas com ela você possa perguntar. Claro que não vai desistir, né? Isso é importante... Pelo bem da empresa você precisa se sacrificar.

— Do jeito que você fala parece até que ela vai aparecer aqui a qualquer momento e exigir algum direito.

— Kakashi, posso não ser formado em Direito, mas tenho certeza de que ela tem todo e qualquer direito sobre essa empresa, não só essa, mas a outra que criamos também. Se quer arriscar e acreditar que só há bondade naquele coração, então deixe as coisas como estão.

— Bom dia.

Eu e Obito olhamos para Sakura, que havia acabado de chegar. Ela me encarou por breves instantes, a mão mexendo nervosamente no chaveiro da bolsa, e logo se dirigiu a sua própria sala.

Assim que ela fechou a porta, Obito me encarou e ergueu as sobrancelhas.

— Senti até a tensão no ar. Vou deixar você resolver isso — falou baixo e se retirou antes que eu pudesse lhe dar um cascudo.

Joguei o talo da maçã no lixo e lavei as mãos no banheiro do meu escritório antes de bater na porta de Sakura.

— Pode entrar.

— Oi, Sakura... Será que podemos almoçar juntos hoje? Queria conversar com você sobre o que aconteceu ontem.

— Infelizmente não vou poder. Já tenho compromisso na hora do almoço. — Ela ajustou os óculos no rosto, um de seus conhecidos tiques ao ficar nervosa. — Mas, do que o senhor está falando? Não acho que tenha acontecido nada demais ontem. — Engoliu em seco e percebi que nem ela acreditava no que dizia. — Bom, preciso terminar o relatório da próxima reunião.

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