17 - the people

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𝐒𝐔𝐁𝐓𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 — 𝐢 𝐫𝐞𝐠𝐫𝐞𝐚𝐭 𝐧𝐨𝐭𝐡𝐢𝐧𝐠

𝐃𝐄𝐏𝐎𝐈𝐒 de nós dois tomarmos banho, eu estava vestindo uma de suas cuecas e um moletom de Yale dele, sentada na bancada da mais uma vez

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𝐃𝐄𝐏𝐎𝐈𝐒 de nós dois tomarmos banho, eu estava vestindo uma de suas cuecas e um moletom de Yale dele, sentada na bancada da mais uma vez. Estava com fome depois de toda a suadeira e orgasmos. Cole estava preparando bolinhos em sua camisa cinza e calça de moletom, mas Deus como ele ficava bonito com os cabelos molhados e desarrumados, como se ele tivesse acabado de passar a toalha por eles.

— Então sua irmã mora em Albany? — ele pergunta.

— Uhum — assinto.

— Ela deve estar congelando agora — ele ri pelo nariz.

Está bem frio em Nova York, chovendo bastante, mas era normal para o final de inverno ser assim. Porém, aonde minha irmã mora é bem mais frio, provavelmente está tudo embaixo da neve nesse momento.

— Lá neva bastante — digo.

— Ela tem filhos?

— Sim, dois — sorrio — Eles adoram, a neve.

— O que ela faz?

— Enfermeira, o marido dela é cirurgião. Eles vivem bem — bebo um pouco do suco de laranja que ele havia me oferecido mais cedo.

— Ela vem muito? — ele pergunta, enquanto bate a massa na batedeira.

— Não muito. Apenas para os feriados e as vezes no verão — respondo — Você vai muito para Boston?

Ele dá uma risada como quem diz "Nunquinha", enquanto continua a prestar atenção na receita.

— Só fui dessa vez porque minha irmã me disse que iríamos em uma viagem de esqui — sua resposta me deixa surpresa — Foi a primeira vez que eu pisei lá em sete anos.

— Sério? — pergunto incrédula — Por que odeia aquele lugar tanto?

Ele fica em silêncio enquanto coloca a mistura dentro das forminhas no tabuleiro, sua expressão é de quem não sabe responder.

As pessoas — ele diz isso, apenas.

Eu pude ver dor passar por seus olhos, tão rápido que qualquer um não teria enxergado. Seja lá o que as pessoas daquele lugar fizeram para fazê-lo ser desse jeito, não foi nada humano.

— E me conta, como começou a fazer isso? — ele muda de assunto rapidamente.

— Dançar?

— É! Como se tornou a sensação do Stardust? — pergunta, me fazendo soltar um risinho, e ele me acompanha.

— Eu tentei trabalhar como garçonete — digo — Mas eu trabalhava muito e ganhava pouco, não conseguia ajudar meus pais como gostaria — explico.

— Uhum — ele fecha o forno.

— E um dia, voltando de um turno, passei na frente de um clube perto da minha casa. Não era exatamente o Stardust ou o Cheetahs — rio — Eles não tinham regras ou limites.

Cole me olha, não consigo decifrar sua expressão muito bem, mas ele me . As pessoas não costumam me ver muito. Acho que gostava dos seus olhos absurdamente azuis me encarando, mais do que admitiria para qualquer um.

— Mas a garota desesperada de dezesseis anos faria qualquer coisa para ajudar seus pais, então decidi que aquela seria minha melhor opção — balanço os ombros — Eu era muito nova para fazer o que estava fazendo, mas contanto que ninguém descobrisse, eu estava limpa.

— Como foi que acabou no Stardust então? — ele pergunta.

— Depois que eu fiz dezoito anos, eu contei para os meus pais com o que eu realmente trabalhava — digo — Minha mãe quase me expulsou, mas meu pai não deixou.

Ele fica em silêncio, apenas escutando o que eu tinha a dizer.

— Nós brigamos, então Senhor Star me viu chorando na calçada, veio até mim e me ofereceu um trabalho em que eu não teria que fazer tudo que os caras queriam, mas fazer o que eu quisesse — conto — Ele era um amigo da família, meu vizinho minha vida toda, meus pais não sabiam que ele era dono de um clube de striptease, nem eu. Mas eu conhecia o Stardust e ele já era uma sensação na época — explico — Comprei meu primeiro carro, e quando fiz vinte e dois eu sai da casa dos meus pais, consegui meu apartamento no Upper East Side.

— Impressionante — ele se senta na minha frente.

— Obrigada — rio, bebendo mais do meu copo — Prometi para minha irmã que ela poderia tentar entrar na faculdade que ela quisesse. O sonho dela é Columbia — digo, Cole sorri — Não me arrependo de nada que fiz, nada me faz mais feliz do que não deixar minha irmã jogar toda sua inteligência no lixo por falta de oportunidade.

Ele assente, enquanto bebe do seu copo, percebo o quão bom ouvinte Cole é. Ele não me interrompe para dizer nada, não faz nada além de ficar em silêncio e ouvir o que estou falando. Isso me deixa bem satisfeita, odeio ser interrompida enquanto falo.

— Bom, eu acho que ela é a inteligente da família.

— Quantos anos ela tem? — Cole pergunta.

— Está no último ano, vai fazer dezoito mês que vem — respondo.

— E você sabe o que ela quer ser?

— Advogada — rio.

— Sério? — ele ri também.

— Desde pequena — assinto.

— Não entendo — ele nega com a cabeça, sorrindo divers

— Nem eu — digo — Mas você decidiu que olhar para números o dia inteiro é uma boa ideia, então não sei se pode julgar muito.

— É ótimo! — ele defende — Eu adoro meu trabalho, não entendo porque sou tão condenada por isso — sua voz traz um ponto de ironia, mas sei que ele fala sério.

— Gostar de matemática é meio... — não acho as palavras — Não sei.

— Ah, eu sei — ele diz — Ninguém nunca falhou em me lembrar.

E aí eu me arrependo de ter falado qualquer coisa, eu acho tão simples conversar com Cole, mas tão complexo ao mesmo tempo. Há tantas coisas sobre o passado dele que ele deixa escondido embaixo do tapete, é difícil não puxar um pouco da poeira de vez em quando.

Meu celular apita, me tirando dos meus pensamentos.

De: Nessa
Quer uma carona pro clube?

Com isso, me levanto rapidamente, eu esqueci completamente sobre o trabalho.

— Cole, eu preciso ir — vou em direção a sala.

— Mas e os muffins?

— Desculpa mesmo — me viro para ele após pegar minha bolsa — Eu esqueci sobre o trabalho.

— Ah, é verdade — ele olha para o relógio de parede — Eu posso te levar se você quiser — oferece.

— Eu não posso pedir isso.

— Você não pediu — ele ri.

— Cole...

— É sério, tá tudo bem — ele afirma.

Se apenas você parasse de me olhar do jeito que estava fazendo naquele momento...

ANABELLE ☆ SPROUSEHARTOnde histórias criam vida. Descubra agora