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julho, 2012
𝐍𝐀𝐎 havia nenhuma fonte de luz no quarto amplo, estava bem frio lá dentro, o ar condicionado estava ligado no mínimo, mantendo o calor de verão ao lado de fora. Cole estava embolado em seu cobertor mais pesado, usando apenas um short de pijama, sem camisa, pois não conseguiu colocá-la em seu corpo na noite anterior, sua pele ardeu contra o algodão, então ele decidiu ficar sem camiseta.
O moreno deitava de barriga para baixo — estava com medo de se machucar ainda mais — quando ouviu toques leves em sua porta. Foi quando soube que seu irmão havia chegado, pois o pai chamava pelo seu nome antes de entrar assim como sua mãe, e Camila batia histericamente contra a madeira, Dylan era o único que dava batidas pausadas e ao mesmo tempo pesadas.
— Entra — sua voz saiu como um sussurro, ele não queria companhia, mas também não queria ignorar o irmão que havia viajado 5.000 km de distância.
O irmão já tinha ouvido da mãe que Cole havia se trancado desde sexta feira, só saiu ontem, para o baile de formatura do último ano. Marianne contou que ele só disse uma coisa quando ela foi o buscar: "Eu realmente preciso trocar de escola".
Dylan não sabia aonde estava pisando enquanto entrava naquele quarto. A luz do corredor se espalhou fraca pelo cômodo, ele percebeu a ausência de camisa do irmão quando ele levantou. O loiro arregalou os olhos enquanto olhava para as costas do gêmeo, vendo marcas diferentes.
— O que... Cole — ele não fazia ideia do que dizer, ou fazer.
— Oi — o menino caminha até o banheiro e se apoia na pia, de cabeça baixa, sem conseguir olhar para o próprio reflexo.
— Você tá sangrando — a garganta dele fechou, ele não aguentava ver o irmão desse jeito.
Cole permaneceu em silêncio, ele sentia, ele sabia muito bem. Algumas feridas ele conseguia sentir fisicamente, outras, não conseguia. Aquela área já doeu tanto que está dormente.
— Deixa eu te ajudar.
— Não, não quero que me encoste.
Só a sensação de ter alguém lhe tocando fazia ele querer vomitar, ainda mais nas suas costas. Tudo nele latejava e doía sem parar, seus olhos estavam doendo de tanto fechar abrir e derramar lágrimas. Cole nunca se considerou alguém forte, mas o que ele sentia não era para fracos.
— Você não pode ficar só... assim — Dylan argumenta, achando impossível ignorar a imagem em sua frente.
— Posso — ele caminha até o armário, na intenção de achar alguma coisa para se cobrir.
— Deixa eu...
— Não! — ele exclama, alto, assustando o irmão.
Dylan ficou em silêncio. Droga. Ele não fazia ideia do que havia acontecido ali, a única coisa que passava por sua cabeça era porque diabos ele foi embora. Não devia ter deixado ele aqui sozinho, devia ter estado aqui para proteger ele.
Desde sempre.
— Vai ficar marcado se você não cuidar, Cole. E você não vai conseguir limpar isso sozinho.
Um riso amargurado soou pelo quarto.
— Como se cicatrizes fossem uma grande coisa para mim — Cole saiu vestiu uma camisa e olhou para as mãos do irmão pela primeira vez.
Um pacote.
— Chegou para você — Dylan estende o envelope marrom claro para o irmão.
Ele agarrou e virou para ver o remetente: "Achei que você merecia as fotos que você mesmo tirou" — V.
Ontem a noite, ele foi obrigado a dar seu cartão de memórias cheio de fotos para a Summer. Segundo ela, eles precisavam delas para o anuário e não podiam esperar que ele as salvasse no próprio computador.
Violet. Ele pensou.
Foi ela.
Ele rasgou o pacote rapidamente, a primeira foto era da garota, sorrindo, Cole lembrou de ter tirado para testar a luz do salão. Agora tinha percebido que Violet havia saído linda na fotografia, mas viu um vulto baixo atrás dela, era a Summer. Engoliu seco.
Olhou as fotos e toda a vez que a capitã das líderes de torcida surgia nelas, o estômago dele revirava cada vez mais. Ele sentia que fosse vomitar seu coração para fora, por um momento pensou que essa seria uma ótima ideia, ele odiava ter coração.
Odiava sentir.
— São muito bonitas, as tirou ontem? — Dylan pergunta, tirando o irmão do transe.
— Sim — ele coloca as fotos em cima da cama.
— Quem as mandou?
— Uma das garotas do comitê.
— Sua namorada?
Essa pergunta fez o coração dele apertar, Cole não queria falar sobre namorada nenhuma agora. A garganta dele fechou, havia esquecido que contou da Summer para a mãe, o mínimo possível. Ela disse que eles não entenderiam se ele dissesse, e de fato, eles não iriam.
— Mamãe disse que acha que terminaram anteontem — o irmão senta na cama — Quer conversar sobre? — ele olha para o irmão.
— Não — a voz dele saiu arrastada — Não quero conversar sobre.
— Sei que deve estar de coração partido, mas você precisa falar comigo — ele tenta colocar a mão no ombro do irmão, mas ele desvia na hora.
— Não encosta em mim, por favor.
Dylan estava confuso, o irmão não era de agir assim. Ele adorava abraçá-lo, adorava conversar com ele, Cole sempre foi a pessoa mais próxima dele, mas no momento, ele parecia a mais distante.
— Como conseguiu os machucados? — ele teve coragem de perguntar novamente.
Cole olhava para o nada, sem saber exatamente o que dizer ao irmão.
— Irritei alguns meninos mais velhos — tentou evitar falar sobre — Ficarei bem.
Ele joga os cabelos para trás e segura as lágrimas.
— Sempre fico.
— É... mas não é justo — Dylan afirma — Sabe que não é.
— Eu... tento, Dyl. Tento de verdade.
— Eu sei que sim, eu te conheço, Cole.
Isso fez o coração do moreno relaxar, mesmo que tenha sido por apenas um segundo. A opinião do irmão importava, mais do que tudo em sua vida.
— Eu te amo — as palavras do loiro saíram com toda a sinceridade.
Mas Cole não acreditava nisso, ele não acreditava que alguém poderia amá-lo. Não depois de tudo que o havia acontecido nos últimos dias... porque se aquilo era amor, ele não queria que ninguém mais o amasse.
Nunca mais.
Eu te amo.
A voz baixa e arrastada de Summer ecoou na cabeça dele.
Ele estava esgotado, não queria mais existir. Não queria mais ter que lidar com nada disso, com a escola, com as pessoas, com ele mesmo.
Nunca mais.
————————— que jeito melhor de começar 2023 do que chorando?? feliz ano novo glr!!! mta anabelle esse ano!
