Capítulo 4 - A primeira impressão é a que fica

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- Gente, parece que eu não dormi naaaaada...

- Mas você não dormiu mesmo! Pensa que eu não sei que você ficou lá embaixo se pegando com o Caio?

- Ué gente, eu também tinha que aproveitar a festa, né? A Gabi já tinha se dado super bem com o bonitão do Edu, não queria ficar para trás!

- Rá! Isso porque você não viu o que eu vi! Gabi ganhou massagem do garoto novo!

- Como assim, Brasil? Gabi, pode ir me contando tudo!

- Ahhh gente, depois eu conto! Estou morrendo de sono - virei para o lado, puxando o lençol para cobrir a cabeça. Eu não havia conseguido pregar o olho a noite inteira. Ou melhor, a madrugada e boa parte da manhã, já que a festa se estendeu até as três da madrugada para mim, até as quatro e meia para a Mari e para a Carol... bom, acho que ela entrou no quarto com o dia já claro.

Estava exaustava fisicamente por causa dos ensaios, mas minha cabeça se recusava a me deixar dormir. A apresentação que seria ali duas semanas não saía da minha cabeça. Além disso, logo em seguida as aulas recomeçariam e, junto com elas, também vinham as decisões que precisaria fazer até o fim daquele ano. Isso sem falar no Edu, claro.

Eu ficava repetindo a nossa conversa mentalmente, procurando por novos detalhes, tentando registrar cada detalhe na minha memória para nunca mais esquecer. Não havia como fugir: nosso primeiro encontro havia mexido comigo e seria difícil apagar essa primeira impressão que o carioca deixara.

- Nem pensar, dona Gabriela! Eu quero saber, e quero agora... - Carol disse, pulando da sua cama para o meu colchão de ar e fazendo o maior estardalhaço no quarto. Levantei com tudo, assustada com o barulho e acabei me enrolando com o lençol, o que fez minhas duas amigas caírem na risada.

- Caramba! Acho o primo do Alê fez alguma coisa com a Gabi! Olha isso! A menina não está bem - a Cá provocou com as mãos na barriga de tanto rir.

- O que rolou além daquela massagem, hein Gabriela? Quero saber! - Mari voltou a questionar, respirando fundo para conseguir voltar ao normal.

- Nada demais, gente. Ele me ouviu comentando com o Alê sobre a apresentação e de como minha mãe ficaria brava se eu me machucasse... Acho que o Edu ficou com a consciência pesada por ter esbarrado em mim e por isso quis tentar ajudar - expliquei a contragosto.

- E foi só isso mesmo? - Marília insistiu, dessa vez séria.

Hesitei por um momento. Eu até queria contar sobre a nossa conversa e todas as indiretas que ele soltou. Por exemplo: será que eu havia entendido certo aquele lance do Romeu? Ou será que era só uma brincadeira para descontrair? Mesmo com todas aquelas dúvidas na minha cabeça, achei melhor não tocar no assunto. Ainda era muito cedo para chegar a qualquer conclusão - Claro que foi! Acabamos de conhecer o rapaz, o que esperava que eu fizesse? Que pulasse no pescoço dele? - falei, sendo um pouco mais dramática do que gostaria.

- Ahhh Gabi, como vamos saber? Nunca vimos você assim... "apaixonadinha" por alguém - Carol mexeu as mãos querendo fazer um "entre aspas" com os dedos - Você sempre foi tão de boa com os garotos, nunca ligou para ninguém...

- Mas não estou "apaixonadinha" - imitei o gesto com a expressão fechada.

- Ahhh, não era o que a sua cara dizia quando entraram na festa juntos, não é Mari? - ela rebateu.

- Verdade, Gabs. Não há como negar: você ficou impressionada com o garoto - Marília disse, ganhando um sorriso de aprovação da Carol - Mas acho bom mesmo você não se apaixonar por ele.

- Mas por quê? Formaram um casal tão bonito... - a Carol perguntou, surpresa.

- Porque o Alê me disse que o primo não está afim de se apegar a ninguém agora. Que ele quer curtir, conhecer a cidade, fazer amigos, aproveitar um pouco, entende? O garoto está na pista, mas não é para negócio - Mari explicou se ajeitando melhor no colchão.

Voar outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora