Capítulo 15 - Quarta-feira de cinzas - Parte II

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Notas iniciais: Não, eu não fui abduzida por extras terrestres. Capítulo demorou, mas saiu! Espero que gostem!

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No capítulo anterior:

Resolvi especular o que acontecera na minha ausência com a Carol. Como estava me esforçando para não responder o Edu, acabei ficando distante das redes sociais durante a viagem. Eu precisava de uma atualização geral para poder definir os meus próximos passos.

"Cááá, cheguei! Acabo de desembarcar na Terra da Garoa. Estou pegando o táxi para GMA."

Digitei usando a abreviação do nome da nossa cidade.

"Ebaaa! Estava com saudades, Gabs".

A Carol, como sempre, estava online no Whats.

"Eu também! Aliás, quero relatório completo. Como estão as coisas?"

"Ai Gaaabs... Não vão nada bem. Você não vai gostar do que tenho para te contar".

Respirei fundo me preparando para o que estava por vir. Pelo visto, a quarta-feira realmente seria de cinzas.

"Ai Carol, o que aconteceu? Fala logo, antes que eu tenha um treco".

Precisei apagar e reescrever a mensagem várias vezes. Fiquei tão nervosa que não conseguia digitar direito. Senti cada parte do meu corpo ficar tensa. Minha intuição me dizia que era algo relacionado ao Edu e a Mari.

"Você sabe que eu estava tentando me manter neutra nessa história, né? Como você e a Mari são minhas amigas, não queria ter que defender uma e ser injusta com a outra. Mas agora não dá mais... Fiquei me sentindo horrível ontem. Chorei muito sem saber o que fazer. Quase te liguei para a gente conversar. Só não fiz isso porque sabia que estava viajando e pelas fotos você estava curtindo muito o passeio".

A cada palavra eu sentia minha alegria ir diminuindo até sumir completamente. No seu lugar, a velha e conhecida sensação de medo e ansiedade tomou conta de mim. Minha mente girava em alta velocidade, imaginando mil situações diferentes, cada uma mais terrível que a outra.

"Carol, o que aconteceu? Me fala, pelo amor de Deus. Você está me deixando preocupada".

"Espera, vou explicar por áudio".

Peguei o fone dentro da bolsa e conectei ao celular enquanto esperava. Fiquei encarando a mensagem de "gravando aúdio" na tela, amaldiçoando cada minuto de espera. O que ela tanto tinha para falar? Será que não dava para resumir?

Assim que a mensagem de voz chegou apertei o play para ouvir.

"Gá, lembra que estávamos agitando no colégio de ir no show do Michel Teló?".

Parei um segundo para lembrar. A prefeitura da cidade sempre organizava uma programação especial de shows para celebrar o carnaval. Naquele ano, teríamos vários cantores de sertanejo, como Thaeme e Thiago e Luan Santana. Lembro que o pessoal estava agitando para ir no do Michel, mas não estava nada certo ainda. E com a festa do Gueto para organizar, isso acabou ficando em segundo plano.

Bufei de raiva. Se a notícia tinha a ver com o show, então era pior do que eu imaginava. Nessas apresentações de Carnaval sempre rolava "pegação". Inclusive, foi em um dessas comemorações que a Carol conheceu o Caio e o "rolo" deles teve início. Caramba! Não dava para acreditar que já tinha passado tanto tempo...

"Sei,sim. O Alê que estava agitando...", respondi, ficando ainda mais impaciente. Será que não dava para ir direto ao assunto?

"Então, ontem a gente foi no show do Michel. O Alê chamou todo mundo no grupo e a Mari super agitou o rolê. Além de nós, o Edu e a Nathália também foram. O carioca não estava muito afim, mas a Marília e o primo o convenceram. A gente mal chegou e a Má já começou a colocar as garrinhas de fora. Ai Gabs, foi horrível... Ela ficou falando que você está se jogando em cima do Edu, que foi ridículo o que aconteceu na festa, que você parecia uma biscate se oferecendo para o carioca e que vocês só ficaram por causa disso".

Voar outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora