Capítulo 27 - Continue a nadar

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Notas iniciais: Obaaaa! Nesse cap surgem dois personagens novos que estava louca para colocar na história. Tenho CER-TE-ZA que vocês vão amar conhecê-los.

Do mais, o cap está morno, mas é porque serve de introdução para os próximos. Já sabem, né? Vem coisa boa por aí.

Estão prontas?

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- Mas já? – resmunguei, estendendo o braço para desligar o despertador. Não existia nada pior que acordar cedo em plena segunda de manhã.

Muito devagar, me arrastei para fora da cama e fui tomar um banho para despertar. Quando terminei de me arrumar, dona Beatriz já estava batendo na porta do meu quarto, me acelerando. Ela ainda fazia questão de me levar até a porta do colégio para ter certeza que não estava cabulando aula. Enquanto acelerava meus passos para ficar pronta logo, fiz uma anotação mental que precisava conversar com meu pai sobre isso. Eu já estava no terceiro ano do colegial, não dava para ficar tendo babá, poxa...

Dei um jeito no cabelo, fiz a maquiagem que a Laís me ensinou em tempo recorde, passei perfume e dei uma passada rápida pelo quarto pegando tudo o que precisaria para a aula do dia e jogando na mochila. Quando fiquei pronta, minha mãe já estava com o motor do carro ligado, me esperando com cara de poucos amigos.

Seguimos em silêncio pelo caminho. Enquanto percorríamos as ruas, dei uma checada no Snap. Tinha um vídeo do Léo, gravado na noite anterior, deitado no sofá e comendo pipoca. A imagem indicava que ele não estava sozinho e imediatamente senti o ciúme tomar conta de mim. Abri nossa conversa no Whats, nem uma palavra trocada desde o domingo de manhã. Fiquei imaginando se ele tinha pensando sobre o que conversamos e se tinha tomado alguma decisão. Será que iria mesmo terminar com a Vanessa? E se fosse, por que estava assistindo filme com ela? Por que não podíamos ficar juntos se a gente se dava tão bem?

Ainda era de manhã e parecia que eu já tinha resolvido mais de mil problemas de matemática. Minha cabeça fervia com as possibilidades. Encontrei o Alê no nosso canto de sempre do pátio com um mal humor capaz de assustar até a mais serena das criaturas.

- Você por acaso está naqueles dias? – ele perguntou depois de tentar estabelecer uma conversa normal comigo, sem muito sucesso.

- Me deixa em paz, vai – retruquei de modo azedo.

- Vou entender isso como um sim – disse, pegando o celular se concentrando no seu Instagram.

Subimos para a sala lado a lado, mas em silêncio. Fiz outra nota mental de lembrar de agradecer o Alê pela colaboração quando estivesse mais calma. A Mari e a Carol não costumavam ter tanta paciência com crises de mau humor – e era por isso que eu tentava evitá-las quando estava na companhia delas.

A primeira aula do dia era de Artes, o que me animou um pouco. O professor Gabriel sempre falava de assuntos interessantes e tinha uma maneira de ver a vida muito singular. Ele parecia estar sempre disposto a entender todos os lados e viver em paz, o que transmitia a sensação de ser uma pessoa calma e centrada.

- Pessoal, hoje tenho uma tarefa bem diferente para vocês, que vai exigir muita criatividade e trabalho em equipe – ele anunciou depois de fazer a chamada e passar alguns recados.

- Fala aí, professor... – alguém pediu.

- Quero que vocês escolham uma canção e contem a história da letra e da melodia a partir do ponto de vista de vocês.

Os alunos se entreolharam, todo mundo com a expressão de que não tinha entendido direito.

- Calma, calma... eu explico – o professor riu adivinhando o pensamento de todos – Sabem quando vocês ouvem uma música e imaginam uma cena ou situação? Então, é isso que eu quero que vocês me contem. Pode ser em desenho, vídeo, poesia... tanto faz. O objetivo é exercitar o nosso olhar para enxergar além do superficial. Ok, a música tem uma letra e um clipe que já passam uma mensagem. Mas, o que existe por trás disso? Qual situação serviu de base para que o compositor escrevesse aqueles versos? Como os personagens da história se sentiam, ou o que eles fizeram depois disso?

Voar outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora