Capítulo 35 - "Tá tranquilo, tá favorável"

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Notas iniciais: Gente, o capítulo estava ficando enorme, então precisei dividir em duas partes. A primeira está mais morninha porque a segunda vai ser daquele jeito.

Recado dado, bora lá porque "hoje tem festa no gueto, pode vir, pode chegar..."

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- "Tá tranquilo, tá favorável. Tá tranquilo, tá favorável...".

- Meu Deus, o que fizemos com a nossa nerd? Transformamos a Hermione do grupo em um monstro. É o fim dos tempos! - o Fernando exclamou ao ver a Rebeca se aproximando do nosso grupo cantando e fazendo a coreografia de um funk.

Estávamos todos reunidos durante o intervalo das aulas no lugar preferido do Alê, mais afastado do pessoal à sombra de uma árvore enorme. Duas semanas haviam se passado do dia da apresentação do clipe e, desde então, nosso grupo estava experimentando "15 minutos de fama".

Muitos alunos do colégio se aproximaram da gente por conta do material que produzimos para a aula do professor Gabriel. O vlog do Alê estava bombando, principalmente depois do vídeo que fizemos com coreografia e comemorando o sucesso do clipe e de um outro que fizemos contando cinco fatos sobre cada integrante do grupo. O vídeo rendeu revelações como a Beca apostar que eu ficaria com o Edu de novo e eu falar que "shipava" Nando e Miguel juntos. O garoto ficou bastante sem graça, mas não negou. Também zuamos muito o Alê por ele estar apaixonado pela Laís.

Desde então, o pessoal estava se empenhando bastante em ser nosso amigo e tinha até pessoas que vinham dar opinião sobre os assuntos que comentamos. Por exemplo, algumas meninas fizeram questão de me parar no banheiro para dizer que eu era boa demais para o Edu e que não deveria voltar para ele. Expliquei que o erro não era só do carioca, embora ele também tivesse vacilado muito comigo. Claro que na época que tudo aconteceu eu não tinha essa visão. Mas, depois que a "poeira tinha baixado" entendi que ele era apenas um cara. Eu que o coloquei em um pedestal, cedi a todos os seus caprichos e o chamei de "amor" sem nem mesmo conhecê-lo direito. Depois de muita conversa com o Nando ele abriu os meus olhos sobre o fato de eu precisar me valorizar. Eu não deveria ter aceitado tudo o que a Marília e o Edu fizeram sofrendo calada fazendo a protagonista de novela mexicana. Claro que isso não tirava a culpa dos dois. A questão é que, como dizia a frase de um filme que eu assistira*, "nós aceitamos o amor que acreditamos merecer". E se tudo aquilo tinha acontecido, era porque eu permitira que eles fizessem comigo o que bem quisessem. Algo que seria bem diferente dali em diante.

Quem também estava se aproveitando da fama temporária era a Rebeca. Sempre quieta, de repente ela tinha se soltado conversando com o pessoal que ia falar com ela querendo dicas das matérias. Tanto que já estava até cantando e dançando funk.

Isso sem falar no Alê. A Carol continuava frequentando nosso grupo de estudos e estava cada vez mais empenhada em ser simpática com ele. Como ela ainda não sabia sobre a Laís, era bem capaz que estivesse - ainda mais - interessada no skatista. E ele não sabia o que fazer com aquele assédio.

- Alguém aqui tá toda saidinha - brinquei enquanto a Beca se sentava ao lado do Nando.

- Nossa, gente! Só estou cantando - ela se defendeu.

- É, mon amour, é assim que começa. Daqui a pouco está usando roupinha curta, saindo por aí toda saliente e, de repente, pronto! Virou uma pirigueti - o Nando brincou, fingindo estar horrorizado.

- E qual é o problema de usar roupas curtas? - questionei em tom provocador.

- Nenhum, querida. Em nenhum momento eu disse que não gostava das piriguetis. Acho, inclusive, que elas são as melhores pessoas - ele respondeu fazendo todo mundo cair na risada.

Voar outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora