Capítulo 29 - Colcha de retalhos

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Notas iniciais: Hey, gurias!

Último capítulo da segunda fase! Uhuuuuu! E para fechar com chave de ouro, adivinhem só: vai ter babado, confusão e gritaria. Eita que a festa do Caio vai render!

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Fechei os olhos e prendi a respiração para evitar que as lágrimas que inundavam meus olhos viessem a cair. Eu não queria chorar, porque sabia que se começasse não iria conseguir parar.

As imagens de tudo o que acontecera com o Edu se misturavam com as recordações que tinha do Léo, fundindo tudo em um único acontecimento e me confundindo ainda mais. Tive a velha impressão que estava me afogando, dessa vez mergulhando mais fundo em um mar escuro.

Foi aí que me lembrei do conselho do meu pai: não nade contra a maré.

Voltei a respirar, puxando o ar rapidamente como alguém que acaba de voltar a superfície. Eu precisava organizar meus pensamentos e sentimentos, senão não conseguiria voltar para a festa.

As palavras do Alê voltaram à minha cabeça. Se antes eu já sentia que ele estava certo, agora não me restava a menor margem de dúvida. Eu realmente estava dando importância demais àqueles garotos.

Apoiei as mãos na pia e encarei minha imagem no espelho. A conversa com meu pai, que inicialmente não dei a mínima importância, começava a fazer sentido.

"O que você quer, Gabriela?"

Repeti a pergunta do meu pai em voz alta. Naquele momento, a principal emergência era não me machucar mais. Eu conhecia o fundo do poço e agora que tinha começado a sair dele, não poderia voltar a cair. Ou pior: descer ainda mais fundo.

Abri a torneira e passei um pouco de água na nuca. Minha vontade era lavar o rosto, mas não queria borrar a maquiagem. Seria péssimo voltar à festa parecendo um panda.

Fui repetindo aquele gesto até a água fria me trazer de volta à realidade. A vantagem de ter todos os seus fios arrebentados uma vez é que ficava mais fácil remendá-los, tipo uma colcha de retalhos. Por mais que eu ainda tivesse muitas feridas abertas no meu coração, algumas cicatrizes me deixaram mais fortes para encarar aquele momento.

Relembrei tudo o que aconteceu comigo desde que a Mari espalhou o boato na escola: eu encontrei pessoas bacanas que me gostavam de mim do meu jeito, sem a máscara que costumava usar com a nobreza, aprendi que não adiantava fugir e que, se eu não era, poderia fingir – e muito bem. Prova disso era o Jogo do Engana Trouxa.

Voltei a fechar os olhos, mas dessa vez para procurar por um personagem. Eu precisava de alguém dissimulada o suficiente para encarar o Léo junto com a Vanessa e ainda ser capaz de elogiar o casal. Abri os olhos e sorri de modo irônico para o espelho. Eu precisava ser a Mari.

Assumi a minha melhor postura de nobreza e sai do banheiro disposta a segurar firme os fios que ainda me restavam.

- Orra Gabi, demorou no banheiro, hein? Está com dor de barriga, é? – Caio brincou.

- Só se for de indigestão por ficar perto de certas pessoas – retruquei com aquele jeito típico das insuportáveis – Era brincadeira, querido – pisquei para ele ao ver sua cara de espanto por causa da minha resposta – Ai gente, cansei de jogar... Vamos beber alguma coisa?

- Cansei também... Acho que podemos considerar empate, né? – a Laís disse, ficando de pé ao meu lado.

Claro que meu parceiro não deixou por menos e fez questão de contar e recontar todos os pontos da partida. Enquanto os dois discutiam qual dupla tinha vencido, vi o Alê me olhar com cara de interrogação. Apenas levantei uma sobrancelha e mexi a boca formando a palavra "jogando".

Voar outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora