Capítulo 31 - IN-FLA-Má-VEL - parte 1

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Notas iniciais: Gente do céu, pensa em uma pessoa animada para escrever logo esse capítulo. Pois é, sou eu! Tanto que tive um mês supercorrido no trabalho e só conseguia pensar em uma coisa: terminar logo esse cap do Fest Show. Porém, como estava ficando gi-gan-te, acabei dividindo em duas partes. Essa primeira está mais de boa, mas a segunda será mais emocionante. Prometo! Recado dado, bora ler?

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- Pronto, Gabs! Já pode olhar no espelho – a Laís avisou logo depois de passar a última pincelada de blush no meu rosto.

Levantei a cabeça ansiosa para ver o resultado final depois de, mais ou menos, 30 minutos de maquiagem. No espelho, uma boneca de porcelana me encarava com os olhos bem marcados. Cílios postiços alongavam os fios na parte de cima e lápis destacava a região abaixo da linha d'água. A pele estava branca bem branca e lisa com blush rosado realçando as maças do rosto. O batom lembrava chiclete de tutti fruti.

- Caraca, amiga! Você arrasou! – fiquei virando o rosto de um lado para o outro admirando a make.

Aproveitei para passar a mão na roupa de balé que estava usando, um figurino de uma apresentação que fizera no ano anterior: uma blusa preta de alcinha bem colada ao corpo, tutu, meia-calça e sapatilha, tudo preto.

Ao meu redor, a situação estava um alvoroço só. Eu havia encontrado a chave que tinha do estúdio de dança da minha mãe e escolhi a melhor sala para fazer o vídeo – tudo isso, claro, sem dona Beatriz desconfiar de absolutamente nada. Depois de nos reunirmos na casa do Alê, seguimos todos juntos para a escola que serviria como um dos cenários para o clipe. Enquanto minha make era feita, Alê e Fernando discutiam a melhor maneira de gravar as cenas, Rebeca cuidava de cada detalhe prático e Miguel pensava em passos de dança comigo. Aliás, ele e a Laís também estavam devidamente vestidos e maquiados para participar do vídeo. Meu parceiro de dança representaria o papel de meu "ficante" enquanto Laís seria a "falsiane". Trocando em miúdos: Edu e Mari.

- Já podemos começar? – o skatista se aproximou me filmando com seu celular – Para de ser boba! É para o making off – ele avisou quando percebeu que estava sem graça em frente às câmeras – Sem falar que você é a estrela aqui, menina! Tem que brilhar sob os holofotes – completou, imitando o que ele acreditava ser o tom de um diretor de Hollywood.

- Ai gente, chega de enrolar! Vamos logo, Gabs! Hora do show! – Fernando interrompeu a conversa fiada batendo as mãos umas nas outras – Todo mundo nos seus lugares.

Como havíamos combinado, eu e Miguel seguimos para o meio da sala e começamos a fazer alguns passos de balé. Inicialmente, fizemos movimentos juntos, como se fossemos um casal feliz e muito sincronizado. Porém, em determinado momento, ele me soltava para que eu fizesse uma série de giros e piruetas um pouco afastada dele. Nesse momento, a Laís se aproximava, piscava para o meu parceiro fazendo charme e estendia a mão convidando-o a seguir com ela. O Miguel aceitava a proposta e os dois saíam de cena, saltitando felizes. Quando a câmera voltava a focar em mim, eu ainda estava entretida com meus movimentos solos. Apenas alguns segundos depois eu parava, olhava para todos os lados com expressão perdida e me dava conta que fora abandonada pelo meu companheiro.

Nesse momento, Fernando e Rebeca entravam em cena, caçoando de mim. Eles apontavam e riam, enquanto eu ia ficando cada vez mais sem graça ao ponto de ir me encolhendo até deitar ao chão, em posição fetal.

Os dois deixavam o cenário enquanto eu começava a fazer alguns movimentos no chão, como se estivesse me acabando de tanto sofrimento. Eu virava de um lado para o outro e fazia caras e bocas no maior estilo dramalhão de novela mexicana. De repente, eu parava de mexer, ofegante. Com as mãos paralelas ao corpo, levantava o braço esquerdo bem devagar até a altura do meu ombro. Na sequência, imitava o movimento com o outro braço e depois descia ambos em um gesto bem rápido. Voltei a fazer a mesma sequência, mas dessa vez os dois braços juntos e mais rápido. Repeti esse passo mais umas duas vezes e depois fiz as pernas abrirem e fecharem, acompanhando o ritmo da parte de cima.

Voar outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora