Capítulo 40 - O outro lado da moeda

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Capítulo 40 - O outro lado da moeda

Notas iniciais: olha, vou contar uma coisa... deu trabalho escrever essa briga, viu?

Mas acho que aqui vale uma reflexão interessante: estariam Gabi e Mari invertendo os papéis? Se sim, isso faz da Gabi uma vilãzinha também?

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No capítulo anterior...

- Pessoal, vou correndo no banheiro e encontro vocês na biblioteca, ok? - avisei, já pegando minha mochila e saindo.

- Beleza, bonequinha. Eu vou ver se a Carol vai participar com a gente... - o Alê deu de ombros, tentando se justificar. Desde o ocorrido na festa, ela andava faltando aos nossos encontros.

Ouvi a Rebeca comentar algo sobre o assunto, mas estava apertada demais para prestar atenção. Desci as escadas o mais rápido que pude e só parei ao sentir o alívio de quem consegue chegar a tempo para fazer xixi.

Estava me preparando para abrir a porta do box onde estava quando ouvi alguém entrar no banheiro chorando muito alto. Preocupada, saí para ver do que se tratava e dei de cara com a Marília.

- Está feliz com o que você fez, Gabriela?

A acusação chegou até a mim como um tapa na cara. Demorei para conseguir organizar os meus pensamentos e entender a situação. A Mari estava me acusando de fazê-la chorar? Era isso mesmo?

- Não adianta ficar aí fazendo essa cara de santinha. Estou indo na diretoria agora reclamar desse vídeo ridículo que vocês fizeram - sua voz estava cheia de agressividade - Eu não consigo nem andar pela escola sem ficar ouvindo alguma piadinha. Está todo mundo rindo de mim porque você e os seus amiguinhos resolveram criar uma imagem minha que não é verdadeira.

Ao ouvir isso o meu sangue ferveu - Ah, então você está bravinha porque o vídeo faz uma pequena referência a você?! Está chorando desse jeito porque o pessoal está fazendo piadinha pelos corredores? Agora imagina o que você fez comigo! Todo mundo me olhava e torcia o nariz, me ofenderam, eu ouvi coisas horríveis, eu fiz coisas péssimas comigo mesma... EU PERDI O CARA QUE EU GOSTAVA POR SUA CAUSA! - foi inevitável. Quando percebi, estava gritando a plenos pulmões, colocando para fora a raiva que senti por todo aquele tempo. De onde eu estava, conseguia ver um espelho que refletia a minha imagem e a da loira. O que estava refletido ali me assustou: éramos duas completas estranhas. Como era possível que pudéssemos ter sido amigas por tanto tempo e agora eu mal reconhecê-la?

- Minha culpa? Quem saiu se oferecendo para o Eduardo não fui eu, queridinha! Pelo contrário! Eu tentei te avisar que não ia dar certo - disse com ar de desdém.

- Você tentou coisa nenhuma. A única coisa que sempre quis foi continuar sendo a queridinha por todos, por isso que ficou tão enciumada quando ele não quis saber de você... O que mais te incomoda é, lá no fundo, saber que eu nunca precisei correr atrás dele como você adora ficar espalhando por aí.

- Pode até não ter corrido atrás, mas sempre ficou se fazendo de coitadinha, falando que tinha que ensaiar, que não podia comer, que não podia ir... - afinou a voz para dar um ar infantil e frágil às afirmações - Se toca, Gabriela! Chega uma hora que as pessoas se cansam dessa sua vida de bonequinha. E é claro que todo mundo ia ficar falando, né? Não tenho culpa se você surtou, fugiu do colégio e se afastou do nosso grupo. Aliás, deve ser por isso que está criando toda essa confusão. Pra chamar a atenção, porque é isso que você faz para as pessoas ficarem te paparicando... - enquanto falava, ela secava as lágrimas, os olhos vermelhos e inchados. Eu duvidada que aquele choro era de tristeza. Para mim, era de raiva. Afinal, ela estava provando do próprio veneno.

Voar outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora