2-A festa de 15 anos da Giovana

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Depois de muito arrumar o armário, ver filmes alugados e aturar o meu irmão falando como queria fazer um estágio sobre a vida das minhocas, finalmente as férias acabaram. Acho que eu era a única aluna do CEM que estava comemorando. Até que enfim, não aguentava mais ficar longe das minhas amigas! O Carnaval foi logo no início de fevereiro, e o ano letivo começou de uma vez por todas. E muito bem, por sinal! Não dizem que o ano só começa mesmo depois do Carnaval?

O colégio estava praticamente em festa! A parte interna tinha sido pintada e parecia novinha. Rever todo mundo foi muito legal, especialmente as MAIS. Quer dizer... posso incluir mais uma pessoa nesse "especialmente"? O Lucas! Ah, coisinha mais fofa! Não aguentava mais só fuxicar a vida dele pela internet. Estava com saudade de vê-lo pessoalmente. Ele estava ainda mais gatinho.

- Vocês me abandonaram, suas mocreias! - abracei as meninas, dando pulos de felicidade.

- Cada uma acabou indo para um lado nas férias. Estava com saudade de vocês! - a Ingrid falou, espremida no meio do abraço.

- Eu não podia deixar de ir para a casa do meu primo em Cabo Frio, né? Não estou com um bronzeado lindo? - a Aninha falou, mostrando os braços.

- Bronzeado? - a Susana riu. - Cadê, sua branquela? Passou protetor solar fator 100?

- Que bom! - dei um beliscão de leve em cada uma, feliz da vida. - Tudo voltou a ser o que era!

Como sempre, sentamos juntas para dar uma fofocadinha básica entre uma aula e outra. Escolhi o lugar mais estratégico para espiar o Lucas, lógico. Eu acho lindo até o jeito que ele pisca, prestando atenção nos professores. Eu ainda vou vencer aquela timidez dele! Percebo que ele olha para mim, mas por que não faz nada? Aliás, por que nós, meninas, sempre temos que esperar os meninos tomarem a iniciativa?

Passada a primeira semana de aula, percebi logo que a matemática ia ser a dona dos meus pesadelos nas vésperas de prova. Mas ela ia ter que esperar para me perturbar, sabe por quê? Acordei abençoando tudo e todos por ter recebido o convite da festa mais badalada do ano. Até aquele momento, pelo menos. A festa de 15 anos da Giovana, prima do Lucas. Quando ela disse que eu seria uma das damas e o Lucas dançaria comigo, pirei. Uma pena que só tivemos um ensaio para a valsa. Mas, claro, usei isso como desculpa para conversar mais com ele durante a semana. A gente está naquela fase de troca de recadinhos pela internet e olhares no intervalo das aulas. Decidi que o conquistaria de vez na festa.

Levantei da cama e abri as cortinas. Sábado de sol, céu azul, dia lindo, maravilhoso. Sorri e fui para o banheiro. Tinha que me preparar para o meu dia: salão, cabelo, unha. Levaria metade do dia nisso, mas tudo bem.

- Aaaaaiiii!!! - gritei apavorada olhando para o espelho.

- Que foi, Maria Rita? - minha mãe apareceu esbaforida na porta. - Barata no banheiro de novo?

- Que barata, mãe, que barata?! Olha isso!

- Isso o quê, garota maluca, quer me matar do coração?

- Essa espinha enorme no meu nariz! Meu Deus, meu mundo caiu! Como eu vou dançar com o garoto mais maravilhoso do planeta com esse treco na cara? Eu estou deformada! - caí em prantos.

- Ô, garota exagerada! Calma! Se chorar por causa disso, ainda vai ficar com olheira. Deixa eu dar uma olhada... Ah, isso não é espinha! Algum inseto te picou à noite e ficou inchado. Vamos colocar uma compressa morna aí que logo volta ao normal.

Minha mãe falou morna, certo? Para que morna se podemos colocar uma quente logo? Assim tudo vai mais rápido, concorda? Fiz a compressa quente. Desinchar até que desinchou, mas meu nariz ficou muito vermelho, praticamente queimado! Tudo bem, nada que uma boa maquiagem não esconda.

As Mais - Patrícia BarbozaOnde histórias criam vida. Descubra agora