14-A Festa

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As MAIS me ajudaram a decorar o salão da casa do Hugo com bolas coloridas e a arrumar o som com as músicas que tocariam durante a festa. Como a ordem era economizar, nada de DJ.

Fizemos uma boa seleção de músicas e copiamos para um pen drive. Assim, ia ficar tocando a noite toda. Meus pais compraram o bolo, salgadinhos e cachorro-quente. Eu estava tão feliz! Quase todo mundo tinha confirmado presença. Como tinha ido pela manhã com as meninas arrumar o salão e já estava tudo certo, resolvi tirar uma soneca depois do almoço. Mal coloquei a cabeça no travesseiro, comecei a sonhar com o Guiga e com o Hugo. Eu tentava alcançá-los,mas eles se afastavam e a imagem deles ia se desfazendo. Foi uma sensação horrível. Acordei sobressaltada. Olhei o relógio e tinha se passado apenas uma hora. Com medo de ter o mesmo sonho, resolvi não dormir mais. Já ia me levantar quando as MAIS entraram no quarto.

– Surpresa! – as três gritaram em coro, o que fez meu coração disparar de susto.

– Já acordou, Bela Adormecida? – a Mari brincou. – Resolvemos vir trazer o seu presente de aniversário.

– Eu, hein? – me espantei ao pegar a caixa que me entregaram. – A gente se viu ontem à noite, hoje de manhã... Por que não esperaram para me entregar na festa?

– Queremos que você use o seu presente na festa, por isso viemos antes! – a Ingrid falou toda empolgada. – Vai, abre!

Abri a caixa. Era um vestido azul lindo, com detalhes em branco, mangas curtas e decote em V. A parte de cima era justa até a cintura, com a saia levemente rodada na altura dos joelhos.Simples, mas elegante.

– Um vestido? Que lindo, meninas!

– Como você está indecisa sobre o que fazer com os seus dois pretendentes, a gente resolveu se juntar. Fizemos uma vaquinha e compramos esse vestido, que achamos a sua cara – a Susana sentou ao meu lado na cama e passou a mão nos meus cabelos. – Já que não conseguimos te ajudar a encontrar uma solução para o seu impasse amoroso, resolvemos colaborar para que esteja linda hoje à noite.

– É! – falou a Ingrid. – Quando a nossa autoestima está legal, a cabeça pensa melhor.

– Meninas, vocês são demais! Eu já tinha escolhido uma roupa para hoje, claro, mas nada se compara a esse vestido. Muito obrigada!


* * *


Nove horas da noite. A pista de dança estava lotada. O Guiga chegou com alguns garotos da turma e foi me cumprimentar.

– Parabéns, Aninha!

– Obrigada, Guiga. Que bom que você veio!

– Trouxe um presente para você. Espero que goste.

Abri o pequeno pacote e peguei um lindo cordão prateado com um pingente com a letra A.

Levantei-o entre os dedos e ele brilhou com as luzes coloridas da pista de dança. Fiquei encantada com a delicadeza do colar. Quis colocar na mesma hora, mas me atrapalhei com o fecho. O Guiga se ofereceu para me ajudar e afastou os meus cabelos para enxergar melhor. O calor da mão dele na minha nuca me fez estremecer.

– Nossa, amei! É lindo!

– Ah, que bom que você gostou! Vou ficar com os caras por ali – ele viu que mais gente estava chegando para falar comigo. – Depois a gente se fala.

– Claro! – respondi, sem conseguir disfarçar a alegria.

Ao mesmo tempo em que me emocionei com o presente do Guiga, estava preocupada com o Hugo, que ainda não tinha chegado. Tinham mudado o horário dele na locadora justo no dia da festa. Uns quinze minutos depois, ele chegou correndo e veio falar comigo. Pediu desculpas pelo atraso e disse que ia tomar um banho.

As Mais - Patrícia BarbozaOnde histórias criam vida. Descubra agora