32-Brigadeiros podem ser românticos

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Eu estava escolhendo a roupa para a festa quando o telefone tocou.

- Oi, Ingrid! O que conta de novo?

- Só liguei para desejar boa sorte. É que lembrei da minha história com o Caíque. Festinhas infantis, por mais estranho que possa parecer, dão sorte. Sabe aquela velha história de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Pois acho que o raio caiu duas vezes entre as MAIS.

- É verdade! Bem que eu podia pegar a sua irmã emprestada para ir comigo. A Jéssica ia adorar.

- Nada disso! - ela riu. - Em primeiro lugar, você deve mesmo aparecer na festa,pois o Rubens foi seu grande incentivador. E depois, com a companhia do sobrinho dele,como resistir ao convite?

- Pois é, convite irresistível! Ai... tô nervosa.

- Se ficar nervosa, coma um brigadeiro.

- Brigadeiro é calmante, por acaso? - ri.

- Claro que é.O chocolate aumenta a produção de serotonina e alivia a ansiedade.

- Então, doutora Ingrid, vou devorar vários!

Desliguei o telefone e fui acabar de me arrumar. Como estava calor, escolhi um vestido de alcinhas e sandálias. Passei um perfume suave e coloquei um par de brincos prateados. Faltavam cinco minutos para o horário combinado,então resolvi descer e esperar o Eduardo na portaria.

Mal coloquei os pés para fora do elevador, o vi entrando pelo portão. Ele estava tão perfeito!

- Você está linda, Susana! - disse ao me beijar no rosto.

- Obrigada.

- A casa do meu tio fica a duas quadras daqui. Dá para ir a pé.

Fomos conversando pelo caminho sobre as provas finais do CEM e a apresentação da peça de teatro. Em menos de cinco minutos chegamos ao edifício do Rubens. A criançada corria sem parar. Falei muito rápido com o aniversariante, pois ele mais parecia um foguete. Fui apresentada também à esposa do treinador. Adivinha quem conheci em seguida? Dona Regina,a mãe do Eduardo!

- Mãe, essa é a minha amiga que te falei. Susana, essa é a minha mãe.

- Muito prazer! - respondi como uma mocinha educada.

- Mas ela é muito mais bonita do que você me descreveu, Edu! - ela falou enquanto passava a mão pelo meu cabelo.

Cadê a mesa do bolo para eu me esconder embaixo? Que vergonhaaa!

- Parece que o tio Rubens está meio nervoso... O que aconteceu? - o Eduardo perguntou.

- Você não faz ideia. O rapaz que ele tinha contratado para animar as crianças quebrou o pé ontem à noite e só avisou duas horas antes da festa. E o mágico só vai vir mais tarde.

Pegamos refrigerantes e escolhemos uma mesa. A criançada estava realmente eufórica. Boa parte das bexigas já tinha sido estourada, e a todo minuto uma criança esbarrava na nossa mesa.

- Meu Deus - a Regina estava de boca aberta. - O que essas crianças têm que não conseguem ficar um segundo quietas?

- Acho que sei como dar um jeito nisso. Vou lá em cima e já volto - o Eduardo falou.

- O que será que ele vai fazer? - perguntei com cara de espanto.

- Minha querida, não faço ideia! Mas, se for algo que acalme essas crianças, vou ficar agradecida.

Passados alguns minutos, o Eduardo surgiu no salão de festas com seu violão. Arrastou uma cadeira para o lugar onde o animador ficaria e começou a tocar músicas infantis. As crianças praticamente voaram para cima dele e sentaram à sua volta. Eram uns trinta rostinhos que olhavam para ele fascinados. Se eu não tivesse presenciado a cena, não acreditaria se alguém me contasse. Ele cantou três músicas e,aproveitando o momento de calmaria,o treinador chamou as crianças para cantar parabéns. Com o bolo cortado e os brigadeiros devidamente devorados,o mágico substituiu o Eduardo na distração das crianças.

As Mais - Patrícia BarbozaOnde histórias criam vida. Descubra agora