28-A grande surpresa

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Passei o domingo todo estudando com a Aninha. Ela é muito boa em português e história, mas também tem algumas dificuldades em matemática. Muito menos do que eu, claro!

Repassamos toda a matéria e refizemos todos os exercícios do livro e do caderno. No início senti dificuldade, mas depois as coisas foram clareando na minha cabeça. Por volta das três da tarde, o Hugo chegou com um bolo de chocolate maravilhoso. O cheiro invadiu a sala e demos uma paradinha para comer um pedaço. A mãe dele faz bolo todo domingo, e ele sempre leva um para a Aninha, a prima mais comilona que existe.

- Nossa, quantos cadernos e livros espalhados - o Hugo brincou. - Prova de matemática, é? Xiiiii...

- Você podia ajudar a gente, hein, primo? - a Aninha falou de boca cheia,provocando boas risadas nele.

- Não posso, Aninha. Combinei de ir ao cinema agora, a sessão começa em uma hora. Mas conheço um site muito legal, com um monte de exercícios.

Ele foi para a frente do computador e acessou o tal site. E não era mesmo fantástico? Ele imprimiu duas folhas de exercícios e outras duas com as respostas. Quando terminamos o bolo,fizemos todos e conferimos depois. Dos dez exercícios, acertei oito.

- Ainda não está bom, Aninha! Tudo bem, tiraria 8, que é o que eu preciso, mas ainda estou tensa.

- Calma, Susana! Vai dar tudo certo. Se você ficar nervosa vai ser pior, e tudo que a gente estudou hoje não vai servir de nada. Quando fico nervosa, me dá um branco tão grande que às vezes esqueço até o meu próprio nome.

- Você tem razão, vou tentar relaxar.

- Acho que já estudamos o suficiente. Vamos tentar nos distrair um pouco? Eu aluguei um filme que parece ótimo, uma comédia romântica. Recomendada pela Ingrid, claro!

- E o Guiga? Não vai encontrar com ele hoje?

- Hoje não. Ele foi para a casa dos avós. E para falar a verdade, não dá muito certo estudar com o namorado. É uma distração e tanto!

- E que distração! - rimos.

Realmente, ver o filme me ajudou a relaxar. Voltei para casa com um sentimento de dever cumprido. Estava preparada para a prova.

Pensei que encontraria o meu pai, mas infelizmente o último voo dele atrasou e ele só viria para casa no dia seguinte. O lado bom disso tudo é que ele teria três dias de folga. Vida de piloto não é fácil. Trabalha-se muito, dias e dias longe da família. Mas é uma coisa que ele ama fazer.

Fica todo empolgado, com os olhos brilhando, quando conta sobre as viagens.

Sinto tanta saudade dele! As minhas amigas dizem que conseguem conversar melhor com as mães, mas eu converso mais com o meu pai. Ele tem cada história legal para contar! E sempre me entende, chega a falar o que estou pensando. Tenho precisado muito dele, por causa das discussões com a minha mãe. Fica um clima tão chato. Chego em casa toda feliz com a medalha,que me custou muito treino e suor, vibrando de alegria, e ela nem olha direito, não valoriza. Só sabe reclamar que eu preciso ir para a fisioterapia o tempo todo por causa das contusões musculares.

Acordei antes de o despertador tocar. Tomei um banho rápido, tomei café e fui para o CEM.

A prova de matemática seria logo na primeira aula. Ao cruzar os portões, quem eu vejo? O Eduardo! Dessa vez não teve trombada, ele passou por mim e sorriu. Sorriu para mim! Não é demais?

- Que cara de boba é essa, Susana? - a Mari logo fez piada quando sentei.

- Acabei de ver o Eduardo e ele sorriu pra mim!

As Mais - Patrícia BarbozaOnde histórias criam vida. Descubra agora