Bella's lullaby

Brigadeiro às 7:45

(oii, 😬desculpem a demora, eu estava em cativeiro... fiz esse cap pra descontrair já que os últimos foram meio pesados, espero que gostem)

Ter visto Bella antes de dormir fez bem a Chloe, a expressão em seu rosto estava mais suave, também me ajudou pois agora sinto meu coração voltar ao ritmo normal.

O último pedido de Chloe foi que deixasse a luz do abajur aceso, é a primeira vez que vou dividir essa cama com ela, ela provavelmente dormia com ele aceso antes disso e eu vou continuar assim o tempo que for necessário. Mesmo sendo uma morceguinha que ama dormir no completo escuro.

Porém, até eu me senti segura com a pequena luz amarelada iluminando o rosto de Chloe, ela é tão linda que não consigo parar de olhar pra ela, o contorno de sua boca, a curva de seus cílios, suas mechas de cabelo caindo suavemente sobre o travesseiro, como se tivessem sido perfeitamente posicionadas... Ouço sua respiração ficar pesada e em alguns momentos quando a sono começou a tomar seu corpo, ela se assustava sozinha como se estivesse caindo da cama. Eu tentei abraça-la pra ela sentir alguma segurança, mas ainda sim, quando ela se assustava, eu me assustava também.

Ela estava em queda livre. 

Me virei de barriga para cima, mirei o teto e sentir as lágrimas molharem o meu rosto, acho que fiquei acordada por mais umas duas horas só pensando nas coisas que ela viveu e que nunca vai me contar.

Me doía a dor dela, eu me sentia magoada, se eu pudesse tirava tudo de ruim que ela estava sentindo e sentir no lugar dela. Mas não posso negar que também havia um raio de sol querendo iluminar meu coração a partir do momento em que ela voltou pra mim.

É injusto que alguém tenha estourado nossa bolha feliz antes mesmo da gente ter a chance de viver dentro dela.

Antes de pegar no sono, rodeei em pensamento todas as coisas que eu poderia fazer, tanto sobre agir na justiça, quanto sobre apenas deixar o tempo curar. Talvez isso fosse o que a gente precisasse, um pouco de paz e tempo pra curar.

*

Acordei bem cedo, quando o sol rompia uma fresta na cortina, um raio fino e certeiro direto no meu olho. Me viro para a bela adormecida ao me lado, o mesmo raio a acertava também, mas nela, a luz parecia beijar gentilmente sua pele, parecia uma obra de arte quando ela abriu o olhos e olhou pra mim, um de seus olhos tão azuis quando o oceano e o outro quase transparente sendo iluminado e ela não se incomoda com aquilo.

— Você é tão linda. - Sussurro.

— Ta de brincadeira? - Ela esconde o rosto com as mãos, como se o fato de ter acabado de acordar pudesse deixar a aparência dela menos agradável. Não pode, nada pode mudar o privilégio de acordar ao lado de Chloe Beale.

Colo minha mão em suas costas e a trago pra mim, para um abraço tímido, ela se aninha afundando o rosto em meu pescoço e eu deposito um beijo em sua testa quando ela se afasta.

— Que horas são? - Pergunta.

— É cedo, pode voltar a dormir. Aubrey só virá mais tarde, pensei em tirarmos o dia pra relaxar, eu e você. - Falo isso e muito rápido penso no cigarro de maconha que por algum motivo não joguei fora desde que achei o "presente" na bolsa de um bebê.

— Ah é? - Ela se anima, se ajeita no travesseiro para me olhar melhor. — O que planejou? 

— Você já fumou maconha, Chlo? - Ela me olha com estranheza por segundos e depois cai na risada.

— Beca Mitchell, você é uma caixinha de surpresas! 

Depois de muito encarar o baseado sem coragem de acender e chamar a atenção dos vizinhos, inclusive do policial, Chloe pesquisa outras opções de usarmos aquilo, a menos ridícula era colocar no brigadeiro.

Então lá estou eu, fazendo brigadeiro de maconha às 7:45 da manhã enquanto Chloe coloca umas músicas esquisitíssimas para "entrar no clima".

Pegamos uma colher cada uma, Chloe ficou me encarando esperando que eu começasse. Justo, já que a ideia foi minha.

Provo uma pequena quantidade e apesar do gosto não ser nenhum pouco parecido com o de um brigadeiro, até que dava para comer. Chloe come em seguida.

— ...Não to sentindo nada. - Ela diz, após literalmente cinco segundos.

As coisas ficaram esquisitas a partir daí.

Meia hora depois: 

— Eu vi o futuro... - Eu estava encarando um ponto fixo na parede como e Chloe parou do meu lado e tentava ver o mesmo que eu.

— Aqui? - Colocou o dedo indicador no exato lugar onde eu estava vidrada.

— NÃO CHLOE NÃO PÕE A MÃO AI! - Vi o futuro se desfazer como fumaça. — AH.. naaoo, se foi.. - Senti que iria chorar.

— Desculpa amor. - Ela queria rir de mim, eu pude ver em seu rosto, mas colocou a mão em meu ombro e realmente tentou me consolar em seguida. — O que você viu? 

— Eu estava comendo um balde de frango frito inteirinho sozinha! - Falo com água na boca.

— Ah pelo amor de Deus.

Uma hora depois: 

— Uau... - Chloe bebia mais um gole de água. — Nossa... - Mais um.

— Deixa eu ver. - Peguei o copo de sua mão e bebi. — UOW! - Podia sentir o caminho que a água percorria dentro de mim.

— Tem sabor celestial. - Chloe lambia os dedos molhados e apreciava cada gotinha de água que caía da torneira.

Uma hora e meia depois: 

— Beca, temos um problema! - Ela vem do quarto com uma expressão muito procupada no rosto. 

— O que? O que houve? - Caio do sofá tentanto me levantar.

— Não consigo encontrar a Bella, ela sumiu!

— Meu Deus!! - Eu me esqueci completamente da existência daquela criança. Procuramos na casa toda.

Chloe chorou porque éramos pessimas mães e perdemos um bebê. Não muito depois disso perdemos a Charlie... 

— Chlo, vai ver elas nunca existiram, olha em volta, não tem nenhum sinal delas. - Nós haviamos tirados os quadros de fotos do balcão, queriamos redecorar a casa para nos sentirmos mais nós mesmas. Chloe se convenceu fácil.

Coisas mais aleatórias aconteceram como Chloe com medo de descer do tapete, eu dormindo no vaso sanitário, Chloe estérica jurando que tinham abelhas dentro de seu ouvido, eu ligando pros bombeiros e dizendo que meu coração queimava de amores pela Chloe Beale... Nós duas maratonando "O sol e a lua" e um momento em que eu dormi de boca aberta e acordei com a Chloe arremessando balinhas em mim na tentativa de fazer uma cesta. Eu poderia ter morrido engasgada, bom, poderíamos ter morridos de várias formas hoje porque estranhamente a gente se sentia atraída por coisas como as lâminas do liquidificador e o buraco da tomada... 

Demorou demais para o efeito passar porque toda vez que sentiamos fome, comiamos mais brigadeiro. Mas quando finalmente tudo acabou e a noite caiu, juramos nunca mais fazer isso.