Que se dane a reserva.

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POV CHLOE BEALE

Três batidas na porta e uma Aubrey descabelada surgindo no alpendre. Nem toda heroína usa capa.

— Você está péssima. - Dou espaço para que entre.

— Oi pra você também, Beale, como tem passado? - Ela me abraça.

— Já estive pior, mas graças a você, hoje eu vou ter uma noite incrível. Você é minha salvação.

— O que seria de você sem mim? - Ela sorri. — Cadê ela?

— Na cozinha, montamos um cecado pra ela ficar. Vem, ela deve estar morrendo de saudade.

— Ela já aprendeu comer comida de verdade ou ainda vive de cenoura?

— Não, agora ela come cheetos, toma refrigerante e outras porcarias.

— Chloe!?

— O que? Não olha pra mim, é culpa da Beca.

— Vocês vão matar essa menina antes do segundo aniversário.

— Que horror, Bree. - Dou um beijinho na cabeça da minha pequena. — Ela vai ficar bem.

Meu celular vibra em meu bolso, estive trocando mensagens com Beca a manhã toda, sinto um frio na barriga com a notificação. Olho a mensagem e sorrio para a tela.

— Parece uma adolescente. - Aubrey comenta.

— Toma aqui, as coisas dela estão todas aqui, também tem ração para a Charlie. - Começo a guia-la para fora.

— Já ta me expulsando? - Aubrey tenta resistir, segurando as bolsas, a coleira e a criança.

— Tchau tchau tchau, amo vocês!

— Espera espera. - Ela para e olha pra mim. — Fico feliz em te ver assim, amiga. Divirta-se.

Sorrio para ela em agradecimento.

Encosto na porta extremamente ansiosa para as próximas horas, comprei um vestido semana passada exatamente para essa ocasião, um encontro romântico com ela. Vou para o banho e depois faço meu cabelo, também uma sombra nos olhos e capricho nos cílios, só não uso batom, por um motivo completamente óbvio.

O vestido é preto e longo, ele deixa meus ombros de fora, o que eu adoro pois é uma das partes que eu mais gosto em mim, não vou usar nenhum colar, quero deixar meu pescoço livre apenas para os lábios dela, escolhi um par de brincos e meu melhor perfume. Honestamente? Só comprei esse vestido para ela tirar. Aubrey está certa, pareço uma adolescente.

*Mensagem de Beca* "Esteja pronta às 19h, vou me arrumar aqui mesmo e te busco."

Estou na varanda da frente, porta bem trancada dessa vez, eu mesmo chequei três vezes. Escolhi uma bolsa de mão apenas para o celular e cartões, não vou levar casaco, a última coisa que acho que vou passar essa noite, é frio.

Beca encosta na guia, seu carro está limpo, provavelmente passou no lava rápido, mas eu finjo que não reparo nessas coisas. Os vidros fechados e o friozinho na minha barriga me fizeram sorrir como uma boba.

Ela abriu a porta, deu a volta no carro e veio até mim, estava usando uma blusa de couro com um corte lindo, valorizando as curvas de sua cintura, calça de couro bem colada e uma botinha de cano curto e salto alto. Seu cabelo estava molhado e penteado para trás, também usava um batom vermelho. Estava linda de morrer.

— Uau. - Ela parou na minha frente com a boca aberta. Ficou me encarando sem piscar.

— Que? - Ela continuou assim. — O que??

— Você é a mulher mais linda que já vi na vida! - Ela me deixa sem jeito, sinto meu rosto corar e ao mesmo tempo, meus olhos estão marejados. — Uau mesmo. - Pontua.

— Você também não está nada mal. - Lanço uma piscadinha.

— Onde vamos?

— Fiz reservas num lugar que você vai adorar, mas é surpresa, então, eu dirijo. Okay?

— Uhh, sexy e misteriosa. Gostei ruiva.

Abro a porta para ela, depois me direciono ao lado do motorista.

A noite estava fresca, quase quente, era o meu tipo de noite, eu amava poder ir para fora, viajar pelas luzes da cidade, ouvir a rádio de Atlanta, isso me deixava nostálgica. Beca e eu estavamos em um silêncio completamente confortável, entre troca de olhares e sorrisos, liguei o rádio para completar a experiência.

"Cause you're a sky, cause you're a sky full of stars"

Coldplay foi o responsável pela mudança da atmosfera, em apenas uma frase, enquanto estávamos paradas no sinal vermelho, olhei para Beca.

"I'm gonna give you my heart."

Me lancei para ela e beijei seus lábios, seu perfume doce e amadeirado me inebriava, eu estava delirando por Beca Mitchell. Nosso contato foi interrompido pela buzina do carro de trás quando o farol passou de vermelho para verde e nenhuma de nós duas notou.

Porra.

— Que se dane a reserva. - Altero nossa rota drasticamente, não podia e não conseguia esperar nem mais um segundo para ter essa mulher pra mim.

Nossa noite acabaria no Atlanta Palace Hotel de qualquer jeito, já havia um quarto a nossa espera, eu apenas adiantei um pouco as coisas.

Beca caminha pelo hall deslumbrante e fica ainda mais linda sob todos aqueles lustres e tapetes vermelhos. Ao pegar a chave na recepção, peço que o serviço de quarto nos leve champanhe.

Agora no elevador a tensão entre nós é palpável, estamos indo até o décimo sexto, é o último andar. Eu queria devora-la bem ali. Ela pega a chave e segura minha mão, me puxando para fora assim que o elevador para em nosso andar. Enquanto ela tenta acertar o buraco da porta, eu a beijo mais, o que torna mais difícil sua tarefa. Ela ri com os lábios colados ao meu... Era a melhor sensação do mundo.

A porta se abre e o ambiente escuro nos engole.

Era um quarto grande, um pequeno corredor com um armário amplo de um lado, com um balcão espaçoso e um espelho na parede, de frente para o banheiro.

Não demos muitos passos, acendi apenas o abajur do mini hall e a prendi contra o balcão. Queria mostrar a ela todo o desejo que escondia desde a mansão das Bellas, desde o campus, a faculdade, o acampamento, as noites de pijamas, o cheiro do pós banho, o cheiro do shampoo, os café da meia noite, as suas mãos sob a mesa de DJ, seu fone de ouvido pendurado em seu pescoço, a tatuagem em seu ombro, eu desejava tudo.

Ela me puxava mais para ela, como se fosse possível, como se ainda existisse algum espaço entre nós. A impulsionei para sentar-se no balcão, sua blusa havia um ziper na frente, era tudo o que eu pensava desde que a vi saindo do carro. "mal vejo a hora de tirar." Então desci o zíper devagar, olhando para ela, só podia ver a mulher mais atraente e irresistível do mundo e ela sabia disso. Sabia o poder que tinha, estava em seus olhos, eu estava enfeitiçada.

Após revelar seu colo e decobrir que não havia nada por baixo da blusa, eu a beijei mais, ela me envolveu entre suas pernas e eu mirei seu pescoço, beijei cada centímetro dele e quando ela gemeu... Meu corpo todo vibrou.

Fizemos amor, sexo, transamos em literalmente todo lugar daquele quarto, na cama, no chão, na banheira, a noite virou dia, eu estava desidratada e com fome, mas a cada momento mínimo em que recuperavamos a força, era apenas para se derramar mais.

Eu tinha digitais em mim, eu tinha seu gosto, eu tinha um mapa de suas pintas, eu decorei a dança das nossas línguas. Do balé clássico ao funk, Beca Mitchell guiou o ritmo e foi guiada, eu não me lembro de termos trocado uma palavra sequer mas estávamos de acordo e quando a gente finalmente parou, eu tinha certeza que fazíamos amor por telepatia, pois eu via em seus olhos o queimar de toda célula em combustão com os meus.

E eu só conseguia pensar: "Fodeu".

Bella's lullabyOnde histórias criam vida. Descubra agora