POV CHLOE BEALE
Fui dormir aquela noite pensando em coisas a deixar para trás, nas coisas que eu podia, nas que eu deveria e nas que eu precisava. Eu tentei somar, medir, balancear, tentei pensar nos prós e contras, no caminho mais difícil e na auto sabotagem de achar que deveria ir pelo caminho mais fácil, de que toda essa luta seria em vão e eu deveria apenas desistir.
Olhei para Beca dormindo ao meu lado, seu rosto franzido em preocupação até em seus sonhos. Eu a trouxe pra isso e agora nem eu sabia mais se fizemos o certo. Pelo menos não sei mais se eu fiz.
Acordei cedo aquele dia, antes dela, fiz seu café da manhã e depois fui desperta-la.
Beijei seu rosto, sussurrei seu nome, a chamei de amor. Meu amor, todo amor que guardei em mim, todo o sentimento que achei que seria impossível sentir outra vez, todo o medo de perda, todo o ciúme das horas em que não estávamos juntas, toda vez que meu olhar não conseguia parar de decorar suas linhas, seus traços, seus fios, cada cílio, cada poro, cada som de risada, cada curva de seus lábios... Cada curva de seu corpo.
A beijei até ver o azul cinza brilhar profundo quando ela abriu os olhos e meu coração quase explodiu.
Ela era a única, a primeira, a favorita, jamais houve alguém nesse mundo capaz de me ter sem ao menos tentar como essa mulher é. Ela me tem.
- Hey, babe - Sua voz me atinge como alvo, bem no centro.
- Fiz seu café. - Sorrindo, continuo filmando seus detalhes.
Depois de seu banho, ela se junta a mim na cozinha, acendo a luz do centro da ilha, eu amava aquele balcão. Ela se encostou na pia ao lado da cafeteira, como se o café fosse sumir dali se ela se afastasse, estou sentada na banqueta virada para ela.
- Está agindo estranho. - Ela diz.
- Eu?? Você é quem está. - Agarro seu casaco, afasto as pernas e a puxo pra mim. A encaixo entre meus joelhos e ela perde o ritmo de sua respiração, então a beijo. A beijo como nunca a havia beijado, como se nunca havia beijado, como se pedisse perdão, como se sentisse saudade, como se nunca mais fosse a beijar outra vez.
- Porra, ruiva! - Ela se afasta de mim desorientada, pega um copo de água e diz que vai molhar a palavra. Sempre dou risada quando ela diz isso. - E agora como faço pra ir trabalhar assim?
- Assim como?
- Assim. - Ela pega minha mão e sem hesitar um segundo sequer me guia por sua barriga, do limite de seu pijama e além dele, pelo caminho da renda em sua calcinha até seu lugar mais úmido.
- Está com tesão às sete da manhã e eu estou agindo estranho? - Tentei manter a linha, mas minha boca estava seca.
- É difícil um horário do dia em que eu não esteja com tesão pensando em você.
- É? - Ela assentiu. - E quando você pretende fazer algo a respeito?
- Ora, quando você deixar de ser uma chata. - Ela faz uma careta e me força a dar risada. A empurro de leve e ela gargalha. - Não, sério. Quando você quiser, eu quero.
- Okay, srta. Mitchell, esta noite então.
- Ei, pera aí, ruiva, ta achando que é assim? Tem que me levar pra jantar primeiro, ta pensando que é bagunça? - Dou risada.
- Você é ridícula. - Ela me encara séria. - ... ridiculamente linda. - Percebo que minha mão ainda está dentro da calcinha dela. Retiro devagar. - Guarde isso para mim. - A beijo mais uma vez e a deixo ir.
- Tenha um bom dia, amor. Não faça nada que eu não faria. - Ela pega a bolsa e se direciona para a saída. - Ou melhor, não faça nada sem mim.
Sorrio, ela pisca pra mim com a mão no batente. Quero ficar olhando ela sair mas tudo em mim se agita, então corro até a porta quase se fechando atrás dela. A puxo pela jaqueta e beijo sua boca, ela solta a bolsa no chão, coloca as duas mãos em minha nuca e eu em sua cintura, prensada contra ela bem ali mesmo na varanda, que se dane a vizinhança, que o bairro inteiro saiba que eu amo essa mulher.
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Bella's lullaby
FanfictionFamília a gente não escolhe, mas em alguns casos, somos escolhidos. História Bechloe numa realidade alternativa depois dos acontecimentos de Pitch perfect 3, inspirado por Juntos pelo acaso.