Capítulo 1

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Eu não sei mais o que fazendo com a minha vida, mas tudo bem... Mentira, eu ferindo pelo menos três dos meus princípios éticos e morais, mas eu shippo e a inspiração veio então escrevi.

Até o momento tratarei essa história como uma One-Shot, porém pretendo continuar escrevendo ela, por isso, se gostarem, não a retire de sua biblioteca? Ok? Vem mais capítulos por .

Se gostarem, por favor, comentem e deixem favoritos, isso me alegra demais (apesar que, sendo essa uma batjoker, eu não acho que terá muito de nenhum dos dois kkkk) e me incentiva a continuar, então não poupem seus comentários e deixem a estrelinha, não custa nada e me faz feliz.

É isso amores, fiquem com o capítulo.
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Sua vista estava embaçada, mas ele ainda conseguia ver as estrelas, brilhantes, distantes, em sua maioria mortas, como ele logo estaria. Sabia que estava morrendo, seu corpo já não doía mais devido a perda de sangue, sangue este que ele sentia escorrer lentamente de sua cabeça, boca, nariz e de uma perfuração na barriga que ele não tinha certeza quando foi feita.

No fim, a vitória era sua, ele estaria livre daquele corpo, daquele mundo, pois enlouquecera seu maior guardião, e pagara o preço por isso. Era a única vitória que tivera em sua vida, devia ser mais doce, mas o sangue era amargo e as lágrimas salgadas e ele estava triste, triste por nunca mais poder travar outra luta com seu amado, por nunca mais nem se quer poder vê-lo pela fresta da janela de sua porta na prisão, pois seu amado o odiava, sempre odiaria, e ele não poderia fazer nada para mudar isso.

Mesmo que ainda tivesse tempo, mesmo que pudesse voltar algumas horas antes e não destruir um prédio popular em Gotham, nada mudaria, ele sempre seria ele, sempre seria o Coringa. Terapia, psicólogo, psiquiatra, remédios, nada nunca adiantou, era mais fácil ter overdose do que fazer sua mente ficar quieta, mais fácil cortar a garganta de seu terapeuta do que ouvi-lo repetir as mesmas ladainhas da primeira sessão. Eles nunca escutavam, não poderiam saber o que se passava em sua mente, não poderiam ajudar, o único que sabia era outro louco, era o amor de sua vida, contudo, esse louco não tinha uma loucura como a sua, ela era oposta, então eles foram fadados a se enfrentarem.

Não que ele fosse reclamar, ele nunca reclamaria por Batman ser quem é, afinal, não o amaria se fosse diferente. Mas, afinal, se o amava, porque insistia tanto em quebrar sua mente? Simples, porque queria ser visto, ouvido, sentido, e a única maneira era assim. Batman jamais o tocaria como desejava, pois, mesmo que ele não fosse quem é, seu corpo ainda era horrivelmente magro e coberto de cicatrizes, feio.

Batman jamais o ouviria se não pensasse ter alguma armadilha por trás de suas palavras, ainda que estivessem em outro tempo, em outra vida, ninguém nunca ouvia um estranho deprimido, assim como não ouviram a criança desesperada com a boca cortada pelo pai.

Batman nunca sentiria nada por ele, pois ele não era uma pessoa interessante antes de ser o Coringa, ele era só alguém comum, outro cidadão trabalhando dia após dia para sobreviver, provavelmente seu tempo estaria tão ocupado que eles sequer se encontrariam. Nada disso, no entanto, o impedia de implorar pela atenção do morcego, dia após dia, crime após crime, o chamando e sendo atendido, tendo seu corpo fraco maltratado com golpes e tiros e facadas e o que quer que estivesse perto para ser usado como arma.

Coringa amava isso, amava como se sentia vivo nos braços do cavaleiro das trevas, e agora, sentindo sua vida se esvair a cada gota de sangue que deixava seu corpo, não conseguia amar essa sensação, estava triste e com medo, medo de morrer só podendo ver as estrelas, quando queria partir olhando o rosto de seu amado.

Pela primeira vez em muito, muito tempo, o palhaço do crime ficou sério e chorou em silêncio observando os pontos brilhantes que a cada momento se tornavam mais e mais turvos. Em desespero, não querendo morrer sozinho, ele reuniu suas forças para chamar o nome de seu cavaleiro, mas o som soou apenas como um soluço, então ele voltou a se calar, decidindo que não queria que Batman o visse chorar daquele jeito.

  - Coringa - Nesse momento, o palhaço já não conseguia mais ver, mas sentiu perfeitamente quando a mão do vigilante passou por debaixo de sua cabeça e a ergueu, apoiando como um travesseiro, também sentiu outra mão tentando estancar seu sangramento. Não funcionaria, ele sabia, mas estava feliz que o outro estivesse tentando, feliz o suficiente para sorrir, pois significava que não tinha quebrado a mente do morcego.

  - Batys - Coringa murmurou antes de tossir sangue. Ele não conseguia mais ver, mas nunca precisou ver Batman para saber onde ele estava, era apenas natural saber onde o outro se posicionava, por isso, seus olhos "cegos" se fixaram perfeitamente no vigilante - Está preocupado? - Era para soar como uma piada, porém, mais sangue escorreu de sua boca e sua voz falhou.

  - Cala a boca, eu não mato, apenas isso, não vou deixar que morra.

A voz do vigilante estava tão, tão distante, Coringa sabia que não tinha muito mais tempo, mas ainda se agarrava a vida desesperadamente, queria continuar ao lado do outro, queria conseguir dizer que o amava. Passou anos naquela briga, roubando e sendo perseguido, aceitando que o único amor que teria de volta eram os golpes que recebia, gostando de recebê-los. Mas a morte é engraçada, a maior piada do mundo, é naqueles breves momentos antes de partir que você deseja resolver pendências, dizer o quanto ama alguém, o quanto se arrepende ou simplesmente deseja fazer algo tão simples, mas que não foi apreciado antes, como observar o nascer ou pôr do sol, e não importa o quanto você deseje ou implore para ter só mais um pouco de tempo, mais um dia, não adianta, então, como uma piada de mal gosto, você morre.

Coringa sempre achou que morreria em paz, e realmente deveria ser assim, não se arrependia de seus crimes, ainda desprezava a sociedade, gostava de ser quem era e gostava do que fazia, mas não tinha paz em sua alma, pois nunca conseguiu dizer o quanto amava seu vigilante. 

Desesperado para esclarecer as coisas, mas não tendo mais forças para falar, ele ignorou a dor e agarrou a nuca do morcego e o puxou para perto, pois não conseguiria forçar seu corpo a levantar. Batman, é claro, reagiu contra e se puxou, muito provavelmente achando que, em seus últimos momentos, ainda tentaria o matar. Tolo, seu morcego era tão inteligente, mas tão tolo, ele jamais o mataria, podia feri-lo, sim, fizera muito isso ao longo dos anos, mas não mataria, nunca.

Com medo de perder sua chance, o palhaço firmou seu toque na nuca do cavaleiro e moveu seus lábios, sibilando um "por favor" antes de puxá-lo novamente. Dessa vez não houve resistência, Coringa não sabia se Batman estava confuso ou se já sabia o que viria, mas não importava, pois quando seus lábios sangrentos tocaram os do cavaleiro, todo o seu ser explodiu em alegria e a paz o consumiu enquanto movia sua boca sobre a dele, beijando-o como sempre desejou fazer, pedindo, timidamente, passagem com a língua e deleitando-se quando seu pedido foi obedecido devagar, com relutância.

O ósculo não fôra retribuído, mas o palhaço não de importava, usou seus últimos momentos até seu último suspiro para provar o máximo possível daquela boca que sempre desejou, e quando sentiu seu pulmão falhar, o coração desacelerar e suas forças deixarem seu corpo, ele ainda mordeu de leve o lábio do cavaleiro e forçou sua vista para buscar os olhos pretos que sempre o encaravam com tanta intensidade. Infelizmente, sua vista borrada foi fechada antes que conseguisse alcançá-los, então Coringa não sentiu mais nada.

Cores da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora