13. A VOLTA

147 43 18
                                    

OS DIAS SEGUINTES À TUDO O QUE SE PASSOU FIZERAM TÁSSIA SE SENTIR DE VOLTA AO ISOLAMENTO. Apesar de ter reatado o namoro, Patrick, depois de tantas mudanças para chamar a atenção dela, não parecia com nem um pingo daquela felicidade demonstrada por dona Gigi. Ele estava mais quieto, pensativo. De fato, largara os jogos e estava mais dedicado aos estudos. Porém, andava tão imerso em si mesmo que Tássia nem parecia estar ao lado dele. Não que isso não acontecesse quando ele jogava e a deixava de lado. Porém, naquelas vezes, Patrick pelo menos lhe fazia perguntas, comentava algo, riam juntos de alguma coisa. Ela existia. Agora, ela tinha a impressão de que ele queria mesmo é que a namorada sumisse do mapa.

Ou, pelo menos, sumisse das vistas dele.

— Criatura, o bofe pode tá tão emocionado que nem sabe como agir.

Fernando se agitou.

— Tonto, tu às vezes tem a sensibilidade de uma porta.

— Vixe... — Hilton deu mais uma colherada na sua porção de salada de frutas. — Não posso nem brincar, gente?

— Ôxi, mas o assunto é muito é do sério — Raquel já havia terminado a sua porção de frutas e tentou tirar um naco da do colega. Diante da cara de raiva de Hilton, desistiu. — O garoto pode tá de sofrimento.

— Pode estar, não — Fernando corrigiu. — Ele está sofrendo. Isso tá na cara. Ainda bem que nossa Madre Teresa de Calcutá aqui teve o cuidado de se sacrificar para ajudar, né?! Deus abençoe Santa Tássia, a nova santa brasileira!

Tássia não respondeu à provocação. Desde que contara para o amigo sobre sua decisão de reatar o namoro com Patrick, deliberadamente ocultando o fato de dona Gigi ter quase a obrigado a fazer isso, o amigo passara a lhe tratar com certo desdém. Ela não o julgava. Fernando tanto insistiu para que ela não voltasse com o ex por pena e, na primeira oportunidade, foi exatamente o que ela fez.

Virou-se para replicar a piada, mas ficou sem palavras ao ver quem se aproximava. Patrick caminhou até onde eles estavam e, mais surpreendente ainda, perguntou se poderia se sentar junto do quarteto. A surpresa foi tamanha que todos paralisaram. Fernando olhou para Tássia, que olhou para Raquel, que arregalou os olhos para Hilton. Este, incapaz de ser falso e de manter a boca fechada, não foi nem um pouco diplomático.

— Hum, decidiu enxergar a gente foi? Ou teus amiguinhos de jogo enjoaram de ti?

O rapaz não pareceu incomodado com a afronta. Pelo contrário, exibia uma aura de arrependimento, ombros baixos, voz calma.

— Eu meio que cansei deles, pra dizer a verdade...

— Assim do nada? — Hilton insistiu. — Por quê?

Patrick jogou o peso do corpo de uma perna para a outra.

— Eles falam muita... muita merda.

— Ôxi, mas vocês sempre viviam na maior barulheira.

— É, eu sei. Mas... — e foi só nesse momento que ele se lembrou de que tinha uma namorada e de que ela estava bem ali, perto dele. Mesmo assim, o contato dele com Tássia se restringiu a uma olhadela rápida, sem nenhuma demonstração de carinho. — Mas muita coisa mudou nas últimas semanas.

Fernando assentiu e abriu espaço entre ele e Tássia para que o garoto se sentasse.

— Que tipo de coisa foi essa tão séria pra que tu largasse teus amigos?

Amor em Tempos de ENEMOnde histórias criam vida. Descubra agora