25. O SIMULADO GERAL, Parte I

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PATRICK ESTAVA NERVOSO E ESSE NERVOSISMO SE REVELAVA NA MUDEZ. A própria Tássia agora questionava o motivo de ter planejado aquilo tudo. Estavam na sala da casa dele, aos beijos no sofá, após ela ter insistido muito para fazerem algo que não se limitasse a um controle de videogame e a dezenas de outros jogadores em uma live stream de jogatina. À muito custo, introduzira um assunto meio sensual ao falar sobre as fotos íntimas vazadas de um casal famoso. Começou a fazer perguntas, brincou; ignorou o evidente incômodo do garoto, começou a se insinuar.

Estava estressada. Dois dias antes, Jalina passara o intervalo inteiro contanto detalhes íntimos sobre o que fizera ou deixara de fazer com o namorado. Para provocar ainda mais, fez questão de dizer que "certas meninas" tinham "tanto medo de que a inteligência seja sugado por um beijo que preferem se fingir de freiras". A provocação funcionou.

Jalina, popular, cheia de histórias, festeira e desejada, havia ficado em primeiro lugar no simulado geral do terceiro ano. Tássia, estudiosa, focada, CDF e abstêmia, amargara "apenas" o décimo lugar. As comparações foram inevitáveis.

Por isso, precisava provar para si mesma, acima de tudo, que também era uma garota normal, seja lá que normalidade fosse essa. Precisava provar que conseguia sim estudar e manter um relacionamento. Se é que "manter um relacionamento" significasse "manter relações sexuais".

Ficava agoniada quando as colegas entravam em assuntos desse cunho íntimo. De fato, às vezes se sentia até meio deslocada, quase como se fosse a única pessoa preocupada com o futuro ao invés de se preocupar com o corpo alheio ou com a famigerada virgindade. Como se não bastasse, ainda tinha o fato de que havia muitas piadinhas sobre o namoro dela com Patrick Forin.

Pois chegara a hora de se provar para o mundo, pensou.

Os beijos se avolumaram. Ela pegou na mão dele, mais fria que uma pedra de gelo, e levou para o seu quadril. Enlaçou os braços em torno do pescoço do namorado e jogou o peso do corpo para cima dele. Patrick foi obrigado a deitar no sofá. As respirações estavam ofegantes. Os corações de ambos eram dois pandeirões de Bumba-Meu-Boi. Quando Patrick ergueu um pouco da blusa dela e os dedos roçaram pela sua cintura, Tássia se arrepiou.

"Vai ter prova de Matemática na terça..."

Ela ergueu a cabeça, afastou o pensamento e sorriu para ele. Não houve sorriso em resposta. Roçou os narizes. Montou nele e, diante do olhar alarmado do garoto, tirou a blusa. O pomo de Adão de Patrick subiu e desceu. Tássia levou as mãos para dentro da camisa dele e levantou o tecido até a altura do tórax. A pele do namorado estava quente. Lembrou-se da cena de uma série. Debruçou-se sobre ele e beijou seus mamilos. Só então, sentiu uma protuberância contra sua coxa.

"Eu deveria estar estudando..."

Irritou-se. Tanto com a própria mente como com a falta de ânimo de Patrick. Ele parecia um boneco inflável debaixo dela, os braços inertes, os olhos fixos em um ponto além do mundo. Com certa agressividade, pegou uma das mãos dele e colocou sobre um seio. Ele tremia.

"Preciso tirar um nove em Trigonometria..."

A garota o beijou com novo fôlego. Naquele beijo, parecia querer calar o cérebro, afastar as pressões, deixar de ser tão paranoica com tudo, tão ansiosa. Pôs a mão sobre o zíper da bermuda dele e apalpou. Patrick engoliu em seco. Parecia desesperado, apesar de o corpo dele dizer o contrário. Ela abriu o botão e sentiu o cós da cueca. Com os dedos, abriu o zíper até o final e deixou aquele volume surgir, livre.

Amor em Tempos de ENEMOnde histórias criam vida. Descubra agora