32. PRIMEIRAS VEZES

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QUANDO O CHAPÉU DELE VOOU PELAS RUAS DO CENTRO HISTÓRICO E OS DOIS, FEITO UM CASAL DE NAMORADOS, CORRERAM ÀS GARGALHADAS PARA DEPOIS ENTRAREM EM UM TÁXI, TÁSSIA NÃO ESTAVA MAIS NERVOSA. Pelo contrário, emanava tal felicidade como se tivesse trilhado todas as estradas e adversidades da vida para chegar àquele momento com Breno. E o fato de sua primeira vez coincidir com o ENEM parecia ser uma brincadeira do destino para indicar que ela amadureceria naquele final de semana em várias áreas.

De mãos dadas, desceram em frente ao condomínio de Breno e caminharam até a casa dele. Ali, ela mandou uma mensagem para o pai e avisou onde estava. Sentiu certa vergonha, mas também um sentimento de liberdade e de confiança por ter abertura em casa para falar a verdade.

— A gente devia tomar um banho — Breno sussurrou em seu ouvido ao abraça-la por trás assim que pisaram na sala. — Eu fui pra aquele bar três da tarde pra ensaiar.

— É. Tô sentindo um cheiro estranho mesmo — e aconchegou-se à ele.

Breno sorriu e encaminhou a garota para o banheiro. Ali, envergonhados mas decididos, tiraram as roupas e entraram juntos, ao beijos, debaixo do chuveiro.

A descoberta do corpo alheio é uma primeira vez que pode ser traumática. Porém, Tássia se sentiu tranquila, segura. De olhos abertos, tocou no rosto de Breno, no pescoço, no cabelo; desceu as mãos pelos músculos do peitoral e divertiu-se ao constatar que ele sentia cócegas perto do umbigo. Sentiu a textura dos pelos em direção ao baixo ventre e o abraçou. As costas eram fortes, assim como os braços que a envolveram. Contudo, havia uma maciez, um cuidado nas mãos dele.

Breno acarinhou os cabelos dela e lambeu seu pescoço. A garota se arrepiou. Ele desligou o chuveiro e começou a ensaboar o corpo de Tássia, cada milímetro, quase como um escultor que alisa a argila para dar veracidade às formas de uma obra prima. Da mesma forma, ela passou sabão pelo corpo dele e sentiu a firmeza de cada parte.

Voltaram à água, beijos molhados, encaixe sem penetração. Ainda molhados, foram para a cama e deitaram-se.

— Você confia em mim? — Ele perguntou.

Tássia se limitou a assentir.

Então, ele foi até o guarda-roupa e abriu uma gaveta. Pegou um gel e voltou. Passou nas mãos e exalou um cheiro floral. Começou a fazer uma massagem no corpo dela. Tássia nunca pensou que sentiria aquelas sensações. Quando ele a virou de bruços e abriu um pouco suas pernas, nunca imaginou que sentiria arrepios apenas com o toque de alguém.

Na escola, as colegas sempre falavam sobre os livros que liam, com tórridas cenas de amor e primeiras vezes cheias de gritos e de cavalgadas de quebrar a cama. Na verdade, Tássia se lembrava da sensação de achar aqueles relatos assustadores. Ali, com Breno, ela percebeu como a expectativa daquele momento poderia ser muito diferente se acontecesse com alguém que sabia respeitar o seu momento, respeitar o corpo da outra pessoa.

"Que sorte", suspirou.

O rapaz começou a beijar suas costas enquanto a massageava por entre as pernas. Um choque começou a percorrer a coluna dela e o quadril se moveu automaticamente de encontro à mão dele. Arfou. Ergueu um braço e passou as mãos pelo cabelo dele. Beijou-o com mais intensidade.

Breno desceu seus beijos pelas costas dela e lambeu a companheira. Tássia se virou de barriga para cima e ajudou-o a se posicionar melhor. Gemeu. Era estranho e ao mesmo tempo prazeroso sentir aquela umidade ali. Foram quase cinco minutos de uma sensação que ela nunca imaginou que sentiria.

Voltaram a se beijar e deitaram-se lado a lado, de frente um para o outro. Ele passou a mão pelo cabelo dela e sorriu.

— Tá tudo bem?

— Tá.

— Eu posso continuar?

Tássia o beijou e encostou sua testa à testa dele. Assentiu. Fechou os olhos e aspirou o cheiro dele; o cheiro dela nele. Breno fez um carinho em seu rosto e esticou o braço para pegar uma camisinha. Tássia, porém, pegou o preservativo feminino que tinha na bolsa. Ficou vermelha.

— Me... Me ajuda a colocar?

Ele sorriu para ela e fez um carinho no seu rosto. Ajudou-a a colocar o preservativo pela primeira vez.

— Tudo bem? Tá confortável?

— Não. Eu tô bem...

Beijaram-se de novo. E, na tranquilidade daquela madrugada de domingo, amaram-se como se o mundo tivesse paralisado apenas para proporcionar aos dois aquele momento de (re)descoberta do amor.

Naquele momento, naquela cama, não havia expectativas, futuros ou decisões a serem tomadas. Não havia certo ou errado, simulados ou decisões definidoras.

Não havia ENEM.

*** 

Amor em Tempos de ENEMOnde histórias criam vida. Descubra agora