Pendurado num andaime improvisado, o Bruxo Geriel executava reparos na cabana da grande árvore, quando percebeu seu lobo branco erguer-se atento, denunciando a aproximação de estranhos.
Antes que o lobo rosnasse, o Bárbaro falou algumas palavras monossilábicas, num dialeto estranho, e o lobo saiu cautelosamente, ocultando-se numa moita próxima.
Geriel largou o martelo e desceu do andaime, calmamente, como quem fosse buscar outra ferramenta. Colocou seu punhal na cintura, amarrou o cinto com a espada embainhada e conferiu a bolsa de flechas e o arco, próximos.
Se fosse a guarda real, que viera buscá-lo pela afronta que fez ao sacerdote, desta vez nenhum deles sairia vivo dali.
De repente, ouviu um estalo de uma armadilha acompanhado por um grito de mulher por entre as árvores. Amarrou sua espada na cintura e engatilhou a flecha, dirigindo-se para o local da armadilha disparada.
Encontrou uma jovem mulher pendurada pela perna, na árvore, tentando, sem sucesso, desvencilhar-se da armadilha que a prendera de cabeça para baixo. Parte de seu vestido lhe caía sobre o rosto, e ela não sabia se cobria as partes íntimas ou se tentava se libertar da corda que machucava seu tornozelo.
Geriel observou a aproximação do lobo branco, que fizera uma varredura na área, constatando que a jovem mulher estava só.
- Me tira daqui... - pediu a moça
- Só depois que você me disser por que veio bisbilhotar?
- Desça-me que eu te contarei. Esta corda está machucando a minha perna.
O Bárbaro se aproximou da jovem mulher, retirou o punhal da cintura, e antes de cortar a corda, farejou sua virilha como se fosse um cão.
- O que você está fazendo?
Ele cortou a corda, fazendo-a tombar no chão. Depois falou, irritado.
- Você deu sorte. Existem armadilhas mortais, em volta da cabana. Estou aguardando pelos soldados da guarda real. Poderia ter morrido ao entrar em meus domínios sem ser convidada. - Terminou de desatar sua perna e enrolou a corda no braço, dizendo-lhe:
- Saia daqui e não volte mais!
Retornou para os seus afazeres no conserto da cabana, acompanhado pelo lobo branco. A moça o seguiu, desconcertada e raivosa.
- Não estou aqui pra receber ordens suas! - Disse ela, tentando acompanhá-lo, enquanto ajeitava seu vestido, sobre as pernas alvas. Já chega meu pai e meu irmão me dizendo o que devo ou não fazer!
- Você é jovem e, provavelmente desmiolada! - Disse-lhe Geriel sem olha-la, enquanto retornava à escada para retomar seu trabalho. - Se teus familiares se preocupam contigo, deveria agradecer-lhes. – Subiu no andaime e pregou outra tábua na no telhado.
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OS FILHOS DO AMOR - A História dos Anjos Rebeldes
Historical FictionEssa história se passa na Babilônia nos tempos do Antigo Egito, quando os homens viviam mais, relembrando-nos a HISTÓRIA DE MELQUISEDEQUE - O rei de Salém. O texto sagrado nos conta que Enoque era Amigo de Deus e caminhava com Ele. Abraão se tornou...