Obrigada pelas leituras, os favs e os comentários, eu escrevo e publico independentemente também e sou universitária, então arrumo um tempo pra escrever fics por amor e espero mesmo que vocês gostem.
A pequena levou sua mão rechonchuda até o rosto de Jennie que fazia barulho com os lábios para chamá-la a atenção, o bebê a olhava atentamente acalentando-a o coração.
— Sua filha é linda. — Alguém disse ao seu lado atraindo seu olhar, era uma senhora simpática com um sorriso frouxo.
— Ah ela não é... — Antes que ela pudesse esclarecer a situação, a mulher seguiu caminho. Jennie retornou seu olhar para Misuk — Eles estão demorando, não é?
Ela sussurrou sentindo o coração murchar lentamente em seu peito como um balão prisioneiro de um vento fujão, ela mordeu o lábio inferior parcialmente, sem compreender nada ao seu redor ou sua frente, o bebê espalmou as mãos em seu rosto.
Os lábios de Jennie formaram-se numa linha reta que logo entortou-se um pouco, era natural que alguém confundisse Misuk como sua filha, não havia nada de anormal numa conclusão repentina principalmente à primeira vista, contudo, a lembrava da sua incapacidade de engravidar.
Aquele fato a calava profundamente sufocando-a e puxando-a cada vez mais para as águas profundas do seu temor, aquele temor que ficava trancafiado em seu coração, porém, às vezes transbordava inundando-a de repente.
— Acho que demoramos mais do que devíamos. — Disse Jisoo surgindo ao lado do marido que carregava suas várias sacolas. — Mas já estamos aqui. — Ela justificou-se com um belo e largo sorriso como que para amenizar a demora.
— Eu tentei fazê-la ser rápida, desculpe Jennie. — Jung Haein desculpou-se com um sorriso charmoso e contido.
— Ah eu bem conheço, mas tudo bem, vocês sabem, eu estava acompanhada da Misuk.
Jisoo estava prestes a respondê-la quando sentiu o vibrar do seu celular e o atendeu imediatamente, ela nem bem dissera "alô" e arregalou os olhos, a lividez dominou seu rosto assim como as lágrimas a transbordaram o olhar.
— O que aconteceu? — Jennie sussurrou alto.
Jisoo alternou seu olhar entre o marido e a amiga e quando ele recaiu sob Misuk, ela desabou num choro imediato, fora quando Jennie Kim soube que algo realmente estava muito errado.
Seu coração afundou no peito como se houvesse sido sucumbido em segundos, ela levantou-se com o bebê em seus braços aguardando a resposta da amiga que ao olhá-la novamente disse algo que ela jamais esqueceria:
— A Irene morreu.
Nada pode nos preparar para a morte quando ela estende suas mãos e surrupia alguém que nos é valioso, nem mesmo quando tentamos nos preparar em casos nos quais podemos fazê-lo, apesar de democrática não há nada de reconfortante em perder alguém estimado.
Da última vez que Jennie viu Irene ela a sorriu, estava feliz por sua amiga finalmente estar morando em Nova York, entusiasmada contava ao lado de Chaeyoung que iria surpreendê-la e que provavelmente todas sairiam juntas mais tarde.
O fato de que as cinco estariam juntas havia a deixado radiante, ela não se importava em demonstrá-lo, falava sobre como ela e Jisoo adorariam a tailandesa e que Misuk também o faria.
De repente, Irene, uma mulher que sempre fazia exames de rotina, responsável em suas responsabilidades e uma mãe amorosa e amável, havia morrido, exatamente dessa forma, como quando tropeçamos numa pedra e nos desequilibramos consideravelmente.
Como quando estamos preparando aquele prato novo e o deixamos queimar, de repente como as quedas que nos ralam o joelho quando crianças.
Jennie achou que não teria forças para ir ao enterro, para vê-la sem vida, sem qualquer brilho nos olhos que nunca mais reabririam, mas seria a última vez que poderia vê-la, então forçou-se a fazê-lo.
Desde que Irene se fora até os preparativos para seu sepultamento, ela havia ficado com Misuk, cuidando-a, a amiga tailandesa não pudera ir ao enterro disseram Chaeyoung e Jisoo, seu estado lastimável de luto comprometeu sua presença na despedida à amiga.
"Ela está com desmaios recorrentes", disse Jisoo temerosa, "está fazendo alguns exames no hospital para checar tudo". Jennie podia facilmente compreender, no enterro, suas pernas estavam trêmulas e havia uma queimação em seu coração como se ele estivesse ameaçando explodir.
[...]
— Prontinho, agora coma tudo. — Jisoo disse pondo o almoço diante de Jennie que encarou a cômida sem muito interesse.
— Já disse que estou sem fome.
Um suspiro audível deixou os lábios de Jisoo e ela arrastou a cadeira mais próxima para sentar-se à mesa e encarou a amiga com uma profundidade inesperada.
— Já faz três dias, e você precisa ser forte pela Misuk.
— Não decidimos com quem ela ficará. — Ela a respondeu comprimindo os lábios.
— Não aja como se você não soubesse que ela a confiaria a você.
— Eu... não sei se consigo, eu quero cuidá-la, mas... eu estou tão assustada, é tudo tão repentino e...
— Acho que é exatamente por isso que ela a confiou não apenas a você.
As palavras chamaram tanto a atenção de Jennie quanto a confundiram.
— Como?
Jisoo buscou suas mãos e a segurou carinhosamente.
— Jennie, nós estávamos esperando alguns dias passarem para dizê-la algo, o último pedido da Irene, Chae achou que seria melhor se eu fosse a pessoa a contá-la isso.
— Você está me assustando. — Ela disse rapidamente.
— Enquanto a levavam para a sala de cirurgia, Irene pediu algo para uma das funcionárias, que a prometesse que falaria seu último desejo. Ela queria que você cuidasse da Misuk como a mãe que ela sentia naquela hora que já não poderia mais ser. — A tristeza fez uma sombra maior no olhar de Jennie. — Mas isso não é tudo, ela foi bem específica ao dizer que você não deveria cuidar da Misuk sozinha.
— Ela queria que nós três o fizéssemos? — Ela indagou com embargar em sua voz.
— Você imagina a Chae com um bebê? A única criança que ela ama é a Misuk, ela mesma já disse isso, eu? Nunca quis ter filhos, Haein muito menos, ela pediu para que você cuidasse da Misuk ao lado da Lisa e foi bem taxativa quando disse que queria que vocês fizessem isso juntas. Provavelmente vocês duas são pessoas nas quais ela mais confiava para fazer isso, você sabe, Misuk era a vida dela.
Jennie pestanejou diversas vezes seguidas num curto intervalo de tempo e recolheu suas mãos.
— Como é? — Sussurrou. — Lisa? Eu nem a conheço. — Ela parecia falar consigo mesma durante uma crise de sanidade, estava tão surpresa quanto perdida.
— Eu sei, eu sei. Por isso esperamos para contá-la, além do luto, veja Jendeukie você não é obrigada a nada, sabe disso, mas esse último desejo era bastante importante para ela, tínhamos de contá-lo para você e para Lisa.
Jisoo não perdia a calma e a suavidade no seu falar.
— O que ela disse?
— Quem?
— A Lisa, qual a resposta dela em relação ao desejo da Irene? — Ela perguntou a olhando de volta.
— A princípio ela ficou tão chocada quanto você, mas aceitou.
Um silêncio se seguiu trazendo suspense ao momento, Jennie soltou uma lufada de ar.
— Essa vai ser a maior loucura da minha vida, ser mãe com uma mulher que eu não conheço e que sempre negou a sair comigo quando vocês tentavam marcar encontros entre nós.
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Mães por acaso • Jenlisa
RomanceBuscando fugir do vazio constante que sente, Lisa muda-se para Nova York com forte apoio de suas amigas, com as boas vibrações de uma quase nova vida ao lado delas, ela não pôde prever uma tragédia que acabara culminando nela se tornando mãe com Jen...