Ela também sente coisas por mim

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— Querida! Quanto tempo?! — A mulher disse sufocando-a num abraço duradouro.

— Mãe, mãe, você está a matando. — Jackson disse durante uma risada e a mulher soltou-a.

— Desculpe, meu bem, agora estamos aqui, posso confidenciar que você sempre foi a namorada favorita do Jackson para mim.

Jennie tinha o sorriso estático nos lábios e juntou as mãos contra o peito numa forma emudecida de gratidão.

— E quem é essa coisinha fofa aqui? — Ela perguntou curvando-se levemente frente ao carrinho de Misuk que a encarou imediatamente.

— Misuk. — Jennie respondeu-a com um sorriso gengival. — Minha filha. — Saboreou aquelas palavras, tinha estranheza em seu gosto, mas o sabor era agradável, ela sabia que era daquela forma que Irene queria que sua filha fosse acolhida.

— Já é mãe? Não me diga que... — A mulher olhou para suas mãos imediatamente, mas não havia aliança alguma. — Você se divorciou do pai?

— Mãe! — Jackson a repreendeu.

— Ela não tem pai.

A resposta aparentemente a acertou de maneira surpreendente.

— Mas toda criança tem pai. — Ela respondeu sorrindo em confusão.

— Acho melhor entrarmos para o almoço, todos já devem estar lá dentro. — Jackson tentou intervir, todavia, Jennie pousou as mãos na barra do carrinho e se pronunciou novamente:

— Tudo bem. Eu não espero que todos compreendam, mas a Misuk de fato não tem pai.

— Quer dizer que não há nenhum material genético de homem nela?

Impertinente. Pensou Jennie sentindo a cólera invadi-la como areia espalhando-se pelo chão ao cair de um pote.

— Então você considera parentesco pela genética? Bem, muitos fazem isso, na verdade, mas eu não. Misuk teve um doador, ele não teve nem terá qualquer participação na vida dela, logo não é pai, já que não exerce a função. Basicamente é assim que funciona. — Ela disse com seriedade, no entanto, não se desprendeu da sua educação e elegância. — Mais uma coisa, a Misuk tem outra mãe.

Daquela vez os olhos da aniversariante quase saltaram de seus orbes.

— Você é sapatão?

Jennie dera um pequeno sorriso.

— Eu sou bissexual, na verdade.

— Mas as duas não estão em um relacionamento. — Jackson apressou-se em dizer.

— Ah menos mal, eu respeito todos os tipos de família, mas...

— Olha, foi um prazer revê-la, mas acho que não estou me sentindo bem, entreguei seu presente ao Jackson, bom almoço para a família tradicional.

Ela não resistiu e tivera de dar aquela breve alfinetada, com um sorriso beirando ao sarcasmo para suprir a irritação, ela virou-se e empurrou o carrinho de Misuk na direção contrária a passos largos.

Não tardou a ouvir passos apressados.

— Jennie! Espere! — Era Jackson e teve de correr para acompanhá-la. — Eu sinto muito por isso, ela... só não é algo que a soa natural. — Ele dizia enquanto ofegava ao seu lado, ela não diminuía o ritmo dos próprios passos.

— Entendo. Exatamente por isso estou voltando para minha casa, eu não exijo que ela entenda nada, mas não exija que eu ouça esse tipo de coisa calada.

Mães por acaso • JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora