Presente

2.9K 449 227
                                    

— Você vai mesmo voltar? — Minnie perguntou-a acariciando seu abdômen com a ponta do dedo.

— É óbvio que sim, se minha filha está lá, minha vida é lá. — Ela respondera simplesmente e a sentiu encarando-a.

— Eu gostaria de ir com você.

Lisa a olhou de volta.

— Minnie nós somos apenas...

— Sexo. Eu sei disso, mas não me importo em cultuar sua imagem e de perto, de preferência, posso fazer ao menos isso?

Ela perguntou sorrindo causando-a uma risada.

— Você é uma idiota.

— Muito provavelmente.

— Você tem uma missão aqui, sabe disso, eu confio em você. — Dessa vez Lisa tinha seriedade ao falar e sentou-se na cama e a outra consequentemente fizera o mesmo.

— Eu sei e me sinto honrada por isso. — Ela comentou honesta sentando-se ao lado dela recostando suas costas contra a cabeceira da cama. — Você é a melhor pessoa que eu conheço, aprendi muito com você.

— Você é estranha, tem adoração por mim, acha que tem feito sexo com uma deusa que desceu do Olimpo para se distrair do tédio? — As duas riram, mas sentiam aquele clima no ar, o clima de despedida que sempre se instalava entre elas desde que Lisa comunicou que retornaria à Nova York.

— É uma boa sugestão. — Ela a respondeu com um meio sorriso. — Dê um abraço na sua filha por mim, adoraria conhecê-la.

— Claro que dou. — Lisa disse dando-a uma piscadela.

Silêncio.

— Você ainda gosta dela?

— Como?

— Qual é Lisa, não se faça de desentendida, somos amigas o bastante para você admitir isso para mim, até onde eu sei.

Lisa olhou para frente novamente e aparentemente perdeu-se um pouco pelas ruelas dos próprios pensamentos antes de dá-la uma resposta.

— Ela está noiva Minnie, noiva do cara com quem escolheu ficar. — Havia alguma coisa em sua voz que soava como sentimentos negativos, talvez fosse um monte deles, Minnie não gostava de vê-la de tal maneira.

— O cara que ao que tudo indica, se ela não tivesse escolhido, teria cometido suicídio. — Ela ressaltou e a ouviu suspirar.

— Ela ainda está com ele, não está? Depois de anos, como viemos parar nesse assunto? Pensei que estávamos nos despedindo.

Jennie Kim. A mente de Lisa repetia incessantemente no início do seu retorno para Tailândia. Jennie Kim. Os sorrisos de Jennie Kim, a risada de Jennie Kim, seus gemidos, seus toques, seus abraços, seus olhares, sua presença, Jennie Kim.

A tailandesa afundou-se de imediato no trabalho, na batalha para se livrar da sua prima, pensar na filha também a doía, logo ela descobriu que nada era realmente capaz de impedir seus pensamentos, acostumou-se a viver distraída para estancar o ferimento da alma.

A cada notícia que recebia de Jennie sentia que seu coração queria deixar o corpo pela garganta, ao saber que ela noivou, não foi trabalhar no dia seguinte, embriagou-se o bastante para acordar com uma dor de cabeça que pesava o mundo.

Seu sentimento por Jennie não era sobre lugar, estar perto ou longe não possuía qualquer influência a respeito, o tempo? O tempo amenizava muitas coisas, ou talvez ela simplesmente houvesse se fortalecido com o passar dos dias, dos anos.

Mães por acaso • JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora