Apresentações

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— Deixe-me falar. — Ela pediu num espaço que apenas ela mesma poderia construir e quebrar o silêncio. — Eu sei que você não está exatamente aí, sei que tudo quem você foi um dia se foi junto com o que havia dentro de você e não esse corpo que restou e que logo também se vai. — Havia revolta contida em sua entonação. — Você me fez o pedido mais louco da sua vida. — Daquela vez um sorriso pequeno e triste tomou seus lábios. — Mas eu sei quão você amava sua pequena e que não a deixaria nas mãos de qualquer uma. — Uma breve pausa. — De quaisquer umas. — Ela se corrigiu com uma pequena careta. — Eu estou indo encontrá-la para resolvermos como vamos organizar essa coisa de sermos mães... não se preocupe, eu farei de tudo para garantir que Misuk seja uma criança e pessoa feliz.

Ela fechou os olhos brevemente para impedir que as lágrimas a escapassem.

— Com licença. — Ela ouviu uma voz suave e delicada pedir com hesitação e reabriu os olhos virando-se para trás. — Eu vim... apenas deixar essas flores, não quero atrapalhar seu momento. — Ela assegurou-a e se aproximou pondo-se ao seu lado.

Com cuidado a estranha se curvou e depositou o buquê próxima a lápide, ao endireitar sua postura passou a ponta dos dedos pelo concreto com aparente saudosismo, seus lábios arquearam para baixo franzindo seu queixo.

Lisa sentiu a dor no peito se intensificar ao assistindo a cena comovente, em meio ao silêncio que a dirigia, a bela estranha espalmou as mãos cuidadosamente na lápide e a olhou com um desespero sufocante, como se estivesse esperando que Irene emergisse a qualquer momento.

— Eu sinto muito. — Lisa disse por sentir que devia fazê-lo.

— Acho que ela também era importante para você, então acho que devo dizê-la o mesmo. — Ela respondeu-a ainda fitando a lápide.

Lisa enterrou as mãos nos bolsos da própria jaqueta e sentiu como se estivesse engolindo o mundo.

— Sim, ela era.

A estranha sorriu ao ouvi-la, um sorriso triste, melancólico que sumiu rapidamente.

— Ela era família, eu a amava como uma irmã, ainda não consigo entender o que aconteceu.

— Talvez ela fosse família para muitas pessoas, afinal, era para mim também, é um dos motivos para eu estar nesse país, e agora... se foi.

O momento amargo estava pensando-as no peito.

— Você não é a tailandesa que eu estou indo encontrar em um Café, é? — A suposta estranha a perguntou finalmente olhando-a.

— É você? Jennie Kim? — Lisa perguntou-a arqueando as sobrancelhas e entreabrindo os lábios.

— Lalisa Manoban. — Jennie afirmou olhando-a de cima abaixo, havia a visto em foto apenas uma única vez, mas já havia esquecido suas feições.

Não a recordava tão bela, de traços tão delicados e olhos grandes, seriam assim a maioria das tailandesas? Lindas. Fora de fato um pensamento mais curioso do que qualquer outro tipo de forma intencional.

— Que surpresa a encontrar aqui. — Lisa disse e estendeu sua mão para a mulher linda diante dela, seus olhos felinos carregavam algo exclusivo, olhá-los era como ter a certeza de que não os encontraria noutra pessoa em qualquer outro lugar do mundo. — Formalmente me apresentando, Lalisa Manoban, me chame de Lisa, por favor.

Jennie pegou sua mão cumprimentando-a.

— Jennie, prazer em conhecê-la, acho que seria melhor irmos para o Café para conversarmos.

Mães por acaso • JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora