𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 20:

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Exausta

Se existisse uma palavra para definir como Hermione se sentia, essa era a mais próxima.

As semanas que passou de detenção com Snape apenas serviram para atrasá-la de todos os seus planos, precisava ajudar a Ordem, precisava ajudar o Harry, precisava pesquisar sobre as Horcruxes, precisava ajudar McGonagall e o programa de proteção para com os nascidos trouxas, precisava estudar para as N.O.M.S, precisava entender o motivo desses sonhos, o motivo dessas fortes dores inesperadas que sentia pelo corpo, precisava entender o que estava acontecendo consigo mesma, somado ao luto que ainda vinha tentando driblar...

Era tanto o que pensar que Hermione preferiria morrer do que passar mais um dia tentando lidar com a montanha russa que a sua vida havia se transformado.

Da noite para o dia ela havia se transformado no alvo de Voldemort, da noite para o dia se viu ficar cada vez mais forte e poderosa, da noite para o dia quase matou Draco Malfoy, da noite para o dia seus pais foram mortos, da noite para o dia se tornou a principal arma que a Ordem tinha em mãos e tudo o que ela queria era entender por que! Por que ela? Por que sempre ela?

E como se não bastasse, Harry havia ido juntamente com Dumbledore atrás de uma Horcrux e ainda não havia retornado, já se passou um dia, ela sabia que era algo complexo, mas a preocupação com seu melhor amigo ultrapassava qualquer nível de sanidade que ela poderia ainda possuir.

Aquela sensação que ele não voltaria ainda queimava em seu peito.

Levada pela sua consciência, Hermione passou seu olhar pela mesa a fim de encontrar o que queria, escondido abaixo de alguns livros, pegou o tal diário que Malfoy deixou cair no dia que discutiu com ela. O objeto de tamanho médio ainda estava enrolado em um pano, um pedaço de couro na verdade, como não sabiam do que se tratava, tanto ela quanto Harry ainda evitavam colocar a mão diretamente no objeto, depois do susto que a garota tomou vendo suas mãos em chamas, era improvável que ela iria cometer o mesmo erro novamente.

Mas, Hermione o observava intrigada, o que aquele livro, caderno, diário, seja lá o que fosse, o ele tinha de tão importante? Porque suas mãos queimaram ao tocá-lo? Porque não conseguiram abri-lo?

Ou pior, por que ele soava tão familiar para ela?

Lentamente, ela dedilhou os dedos sobre os relevos na capa, aquele pequeno toque no objeto pareceu transmitir uma gigantesca onda de eletricidade para a ponta de seus dedos, tanto que sentiu-se arrepiar.

E rapidamente afastou sua mão.

Definitivamente não queria sentir a mesma dor outra vez.

Como era possível? Aquele objeto parecia tão familiar! O que é que tinha dentro dele, com certeza, motivava Hermione a fazer qualquer coisa para descobrir.

Ela precisava voltar a ser útil para algo, precisava.

Mas, talvez não agora.

Após um longo suspiro, a garota voltou a tapá-lo com o pano e guardá-lo dentro de sua bolsa, estava cansada demais para pensar nisso agora.

Além de que, seus últimos dias haviam se resumidos em noites mal dormidas e madrugadas adentro estudando na biblioteca na esperança de sua cama chamar por ela em seus próprios pensamentos e motivá-la a voltar para o dormitório e dormir, porém essa esperança sempre se esvaia quando olhava pela janela da biblioteca e via o sol despontando no horizonte, anunciando que outro dia estava prestes a começar.

A verdade é que ela não podia parar e pensar.

Pensar que Draco Malfoy matou seus pais, pensar que seus pais morreram sem nem sequer lembrarem que tinham uma filha.

Fine Line - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora