𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 𝟹𝟷

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– Em que merda nos enfiamos, porra - resmungou Malfoy, enquanto apertava sua gravata, se observando no espelho do quarto.

Os últimos dois dias passaram sem nem os rapazes notarem.

Durante o período, voltaram a Normandia, ou como Matthew já havia mencionado, a cidade do palácio, lá nem Potter nem Malfoy foram autorizados de saírem do apartamento, e levando em consideração o que souberam de Draco e Harry Potter-Malfoy, se obrigaram em concordar com a intimação.

A família Potter-Malfoy era a linha de frente da Armada, braços direito de Dumbledore, Bryanna não entrou mais a fundo no assunto, mas a dupla era idolatrada pela comunidade contra Grindelwald e fervorosamente caçada pelo lado oposto.

E fora assim que os pais de ambos foram brutalmente assassinados, todavia, até o momento, ninguém havia informado a eles o que de fato, havia acontecido com os rapazes.

Harry, em contrapartida, não sentiu vontade de rir do comentário do loiro, apenas suspirou pesarosamente e tornou a pegar a fotografia da família que Draco havia mostrado na mesma noite, a dois dias atrás, a qual estava sobre a cômoda próxima ao moreno.

– Esses são os Potter-Malfoy - afirmou o loiro a duas noites atrás - Você, de fato, tinha o cabelo tão claro quanto o meu, que patético - mencionou ele outra vez.

Segurando aquela foto entre seus dedos, Harry sentou-se em sua cama, já com o seu paletó azul marinho devidamente abotoado.

– Caraminholas na cabeça, Potter? - zombou Draco, ao observar Harry reflexivo.

O garoto apenas revirou os olhos.

– Como uma guerra é capaz de destruir tanto? - ele murmurou, sem tirar os olhos daquela fotografia.

Draco, que agora arrumava seu cabelo perfeitamente em frente ao espelho, parou abruptamente.

– Olha - ele continuou - Olha como estão felizes, eram uma família, uma família completa mas então, uma causa sem escrúpulos tirou tudo deles - prosseguiu Potter, pesaroso.

Malfoy respirou fundo e finalmente criou coragem para observar o rapaz sentado em sua cama.

Ele refletiu sobre aquelas palavras por mais alguns segundos.

Ele tinha tudo, tinha uma família, posses, status, mas, mesmo que a guerra não tenha tirado de si tais coisas, a crença em uma supremacia nunca o deixou viver uma vida, uma vida feliz como via Potter, por mais de todos os seus percalços, viver.

E então, da noite para o dia, se viu questionar seus desejos, suas atitudes, se viu despertar de pesadelos os quais seu corpo estava em chamas, de uma linhagem de sangue puro, passou a ser visto como um meio sangue, filho de uma trouxa e mais...

Se viu querer voltar atrás, e nunca ter permitido que Granger saísse por completo de sua vida.

Por mais cautelosa que fosse a situação que viveram, talvez, te-la ao seu lado como Potter a tem, o teria trazido outras percepções.

Mas isso, isso era um sentimento que Malfoy jurou para si mesmo nunca externalizar.

O rapaz, então, engoliu seu orgulho e tocou seu antebraço esquerdo, ainda refletindo nas palavras de Harry.

– O Lorde nunca tirou nada de mim - começou Malfoy, seco, e então sentou-se ao lado de Potter - Mas eu também não posso dizer que a guerra nunca tirou nada de mim, eu fui obrigado a abdicar muitas coisas antes mesmo de compreender quem era o verdadeiro culpado por isso - continuou ele, retirando a mão de seu antebraço.

Harry soltou uma risada anasalada, finalmente deixando a fotografia de lado.

– Curioso, não acha? - retomou ele, observando um ponto fixo do quarto, enquanto apoiava seus cotovelos em seus joelhos.

Fine Line - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora