A morena pedalava na bicicleta com lentidão e esforço, o suor já descia pelas laterais de sua testa, o boné fazia um pouco de sombra para tentar proteger um pouco os seus olhos sensíveis aos raios do sol, mesmo que já estivesse no fim de tarde. Era apenas uma pequena subida, mas como já estava cansada estava difícil de por mais força nos pedais e chegar ao topo mais rápido, o isopor a qual antes tinha garrafas d'água mineral estava vazio, o outro isopor que antes estava cheio de trufas agora estava apenas com algumas.Chegou ao fim da subida e soltou o ar pelos lábios em alívio por ter conseguido, não gostava de subir aquela rua, mas dessa vez foi o jeito, já que a rua que era acostumada a pegar todos os dias estava interditada por obras da prefeitura, "remendos" no calçamento, ajeitando um buraco aqui e outro ali.
— Essa menina - uma senhora chamou, era dona Teresa, vinha com duas sacolas pesadas, uma em cada mão - está indo pra casa?
Virou o rosto na direção da senhora assim que a ouviu chamar, freou a bicicleta e desceu da mesma e aguardou a mulher se aproximar.
— Estou sim dona Teresa - falou sorrindo e olhou os pesos que ela levava - quer que eu ajude a senhora até a vila?
— Era o que eu ia pedir minha filha, está muito pesado - ergueu o braço e entregou uma sacola a qual a garota pendurou no guidão da bicicleta - meu neto disse que ia me ajudar, mas só foi pegar meus trocados que ganhou o mundo - ela abanou com a mão livre em direção à rua.
— Daniel não tem jeito - negou com a cabeça e pegou também a outra sacola da mão da mulher e colocou do outro lado do guidão - pode deixar que ajudo a senhora.
Elas caminharam mais um pouco em direção a pequena vila onde moravam, era constituída por apenas três pequenas casas. Um beco na lateral das casas com um portão, as três casas tinham sua porta da frente em direção do beco, para manter mais segura, na última casa morava um casal, Vitor e Jessica, os dois tinham uma filha de seis anos chamada Júlia, na casa do meio morava dona Teresa, era uma senhora de 60 e poucos anos, na casa da frente morava Lauren.
— Deixa que eu abro o portão - dona Teresa falou e já se encaminhou para abrir.
— Doidinha - a voz infantil gritou o apelido carinhoso - hoje vou ganhar trunfa? - a pequena de cabelos loiro, óculos e saltitante perguntava - ou você conseguiu vender todas hoje?
— Deixa eu vê - Lauren se segurou para não rir, ela sempre pronunciava o nome do doce errado, fez uma cara de quem estava pensando e a pequena Júlia ficou a observando e esperando a resposta - deixa eu ajudar a dona Teresa e podemos ver no baú das trufas mágicas.
— Isso! - a garota exclamou dando um soco no ar em comemoração.
Elas entram no beco e Lauren encostou a bicicleta na parede de sua casa, retirou as sacolas e foi até a casa de Teresa que já estava com as portas abertas, entrou e deixou as duas sacolas em cima da mesa.
— Obrigada menina - Teresa agradeceu sorrindo e Lauren apenas fez um gesto de cabeça - mais tarde tem bolo.
A senhora disse ao apontar o dedo indicador em direção a Lauren, ela sorriu e saiu indo em direção a sua casa. Retirou a chave do seu bolso e com um pequeno macete ela conseguiu abrir a porta, precisava segurar o trinco e levantar um pouco a porta para que ela se abrisse. Júlia entrou logo atrás dela, estava ansiosa para que ela abrisse o isopor e pudesse ver se ganharia trufa ou não.
Ela observou Lauren retirar um e ele parecia vazio, ficou apenas um na tábua que Lauren amarrava em sua garupa para caber as duas caixas de isopor, a última ela deixou em cima da mesa, levou a bicicleta até o "quintal" que era um beco mais largo onde ficava a pia para que lavasse os pratos e as roupas, os quintais eram separados por muros para que cada uma das casas tivesse seu espaço de afazeres e privacidade.
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Sonhar No! Paga
RomanceAlguns dizem "Não sonhe alto demais, pois quanto mais alto você sonhar maior será sua queda." Outros também dizem "Sonhe alto, os pensamentos bons atraem coisas boas, e te aproximam de suas vontades." Mas o que Lauren mais gostava de dizer sempre qu...