Capítulo Oito

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Hanna tinha um jeito de convencer qualquer um a fazer o que ela queria, e era exatamente por isso que eles estavam dando uma festa de aniversário para ela. Roan lembrou que eles não comemoravam um aniversário desde que perderam os pais. Talvez foi por esse motivo que não lhe negou esse pedido. Não estava particularmente no clima de festa, seu coração pesado com a rejeição de sua companheira. Mas o que poderia esperar de uma humana? Eles não entendiam a natureza do lobo. Não podiam compreender. Em seu coração, já a amava. Ansiava em abraça-la e sentir seu cheiro. Cerrou as mãos, irritado. Precisava encontrar uma solução antes que seu clã perecesse por sua causa.

O carro de Kyan chamou a atenção de Roan. Já que o jovem lobo raramente usava o carro, e também por não estar sozinho. Imaginou se ele havia trazido Diana, a garçonete do restaurante. Mas todo seu corpo enrijeceu quando sentiu o cheiro dela flutuando no ar. Seus olhos a beberam imediatamente quando ela desceu do carro. Ela sorria, olhando para Kyan, rindo de algo que ele provavelmente dissera. Kyan sempre foi bom com as mulheres, elas o amavam. Roan se viu ressentido do irmão, algo que nunca pensou ser capaz. Observou quando Charlie levou a mão ao braço, um gesto inseguro e tímido sobre sua presença ali. Mas Kyan estava ao lado dela, a levando para onde Hanna estava. Viu quando sua irmã notou a convidada e com um gritinho se jogou em seus braços como se fossem amigas de longa data.

O que estava acontecendo?

Roan se viu inquieto com a situação. Não gostou de não saber o que estava acontecendo, ainda mais se isso envolvia Charlie. Mas ao mesmo tempo gostou de tê-la ali, da surpresa e do que isso provocou dentro de si. Como um stalker a fitou de longe. Ela estava vestida de forma simples, mas toda sua pele parecia brilhar para ele. Ela era uma armadilha, feita para atraí-lo de todas as formas. Usava um vestido azul, com flores pequenas. Uma saia caída de seda, que acariciava suas coxas ao vento. O vestido ressaltava seus quadris redondos e cintura fina. O decote era quadrado, e as alças do vestido eram finas, como linhas atravessando seus ombros. Ela usava aqueles sapatos que nunca entendeu por que as mulheres escolhiam usar, já que pareciam tão desconfortáveis. Mas hipócrita como era, se viu imaginando ela envolvendo as pernas e cravando os saltos marfins em suas costas. Seu cabelo estava solto, como preferia, suas ondas leves pareciam mais escuras do que se lembrava. E de longe ela não parecia estar usando muita maquiagem.

–-Quando vai tirar seu rabo das pernas e pegar sua garota?--Stone cortou seus pensamentos sujos, pegando Roan fora de guarda. Roan se forçou a olhar para o sentinela.

–Ela não está interessada em ser minha companheira. Ela não entende o que isso significa.

–Então a corteje do jeito humano.

Roan mal conteve a careta.

–Eu não tenho tempo para isso. Tenho que focar na segurança do clã, não posso sair por aí e perder tempo brincando de costumes humanos.

–Roan, com todo respeito, sua companheira é humana. Se quer ela, vai ter que ceder também. Não pode esperar que apenas ela entenda você e sua natureza, se você não faz o mesmo por ela.--com isso, Stone deixou Roan pensando em suas palavras. Odiava admitir, mas ele estava certo. Não tentou entender o lado humano de Charlie. Suspirou, desejando que tudo fosse mais simples, mas ao mesmo tempo em que a risada baixa de Charlie chegava aos seus ouvidos, percebeu que o simples era sem graça, e uma complicação em forma da humana que via a sua frente, valia a pena.

Ponderou o que poderia dizer para ela, quando a abordasse. Não tiveram o melhor dos começos. Mas a oportunidade surgiu, segundos depois, quando viu ela pegar seu celular com um franzir. Ela sinalizou para Hanna que precisava usar o telefone e se afastou da agitação, indo para um lugar mais isolado. Roan deduziu que direção ela estava indo e a seguiu discretamente.

A encontrou falando tranquilamente contra uma árvore, longe dos olhares e ouvidos de todos. Ela não notou sua presença, e ele preferiu esperar que ela encerrasse seus assuntos.

–Faye, por que não vem para Mayce? É tão calmo, é realmente uma cidade apaixonante.--ouviu ela conversar com a pessoa do outro lado da linha.--Queria que nos falássemos mais, estou preocupada.

"Não se preocupe comigo, Charlie. Não está tão ruim" – Roan ouviu a voz responder. Era uma voz baixa e jovem, quase frágil. Ele sentiu que a garota mentia.

–Eu não acredito em você.--Charlie disse.--Pode por favor, me prometer, que se precisar, qualquer coisa, pode me ligar, ou melhor, vir para cá. 

"Você sabe que sim, é minha única amiga, te amo."

–Também amo você.--a voz de Charlie estava trêmula.

"Tenho que desligar, ok?"

Charlie abraçou o telefone contra o peito, e limpou uma lágrima que caiu do seu olho. Ela se encostou contra a árvore e ele resolveu que era hora de se aproximar.

O Tempo de RoanOnde histórias criam vida. Descubra agora