Capítulo Dezessete

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Roan nunca pensou que existisse tal medo. Claro, já provou o medo antes. Na noite da morte dos seus pais, quando se tornou alpha, quando seu tempo estava acabando... quando encontrou sua companheira. Mas o medo que sentia agora, era diferente. Era puro e visceral. Era o desconhecido. Ele não sabia o que estava acontecendo naquele momento. Como ela estava. E aquilo, o aterrorizava. Foi a noite mais longa da sua vida. Seus irmãos, estavam ao seu lado a cada minuto. E parte dele sabia que eles sentiam aquele medo por ele.

Se a perdesse...

Não!

Não podia ir por esse caminho. Não iria.

Mas... ele sabia do que Beurford era capaz. Ele nunca havia se esquecido da noite em que nasceu do sangue de sua família. Na noite que virou um alpha. Desde então, nunca houve paz ou felicidade de verdade em seu reinado. Sempre havia aquele ar de ameaça sobre sua cabeça. Não queria ser um tirano, não queria viver por vingança. Não queria ser como... Beur. Queria, desejava mais do que tudo, proteger o que restava do seu clã, e durante os anos que se seguiram, eles prosperaram. Cresceram, se tornaram fortes, e tudo ficou bem por um tempo. Até que sua idade limite chegou, e de repente, todos ao seu redor pareciam forçar o sorriso, fingir.

Não pensou em ter uma parceira até que seu tempo chegou. Não achou que estava em seu futuro, pois, se dedicou ao máximo, em construir um futuro para seus irmãos. Sabia que se morresse, tudo que construiu estaria em risco. Não havia cheiro de um novo alpha em seu clã. Mas esperou que todos ali fossem fortes o bastante para sobreviver sem ele. E com ele morto, talvez, Beur esquecesse o passado e os deixasse em paz.

Fora um tolo.

O destino, claro, tinha outros planos.

Pensou em Charlie, em seu sorriso doce e sua personalidade desafiadora. Ela sempre o surpreendia. Conseguia se importar com todos genuinamente e ao mesmo tempo o questionava. Pensou em seu cheiro, em seu longo cabelo e seu corpo. Ela foi feita para ele. E ele a entregou nas mãos do inimigo. Deveria tê-la reivindicado. Deveria tê-la trazido para sua casa, deixado-a segura. Com Hanna e sua família.

–-Roan?--Hanna sentou ao seu lado.--Você precisa comer algo.--ela colocou uma xícara de café na suas mãos.--Precisa descansar.

–Descansar?--ele tremeu. Levantando, jogou a xícara contra a parede que se estilhaçou.--Como posso fechar os olhos quando ela está na mãos dele?!

–Você precisa estar forte quando for atrás dela.--ela disse.

–Todos precisam me deixar sozinho.--ele rosnou.

–Para que você faça a besteira de ir atrás dela sozinho?--Stone indagou, parando ao lado de Hanna.

–A luta que Beur quer é comigo.

–Roan.--Hanna tentou se aproximar dele e ele recuou.--Por favor...

–Ela está naquele lugar...–ele balançou a cabeça.

–Charlie é forte. Ela sabe que iremos tirá-la de lá.

–Sabe? Ela é humana. Pode pensar que não importa para mim. Que não arriscaria minha vida por ela.

–Sei que tiveram um começo difícil. Mas Charlie, ela aceitou você. Ela pode ser nova no nosso mundo, mas ela ouviu nossa história. Ela sabe que nunca lhe daremos as costas.--Hanna afirmou.--Nós não vamos deixar ela lá, ok?

–Irmão.--a voz de Kor, fez todos se virarem para porta. Kor andou até seu alpha e colocou a mão em seu ombro.--Sinto muito.--Roan fechou os olhos e baixou a cabeça até o peito dele.--Vou lutar ao seu lado e trazer nossa alpha de volta.

O Tempo de RoanOnde histórias criam vida. Descubra agora