Capítulo Onze

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Observei o local em que eles viviam pela primeira vez, havia diversas casas aqui e ali, todas um pouco distantes umas das outras e com grande espaço quadrado, cercadas de árvores. Conclui que o local da festa de aniversário era como uma área comum, onde todos se reuniam. Lembro de ver uma grande estrutura de madeira, e várias mesas dispostas. Além de outra casa, num formato mais simples, como se fosse uma igreja também na área comum. Caminhamos por uns quinze minutos até finalmente chegarmos numa casa familiar. Roan não hesitou ao entrar, o que indicava que não havia trancado ao sair.

--Fique à vontade, irei me limpar.--ele disse indo direto para o quarto. Parei na sala, memórias de quando estive ali dias atrás me assaltando. Parecia que muito havia acontecido desde então. Muito havia mudado. 

Depois de tudo que presenciei, parecia tolo negar que começava a me importar com Roan e seus irmãos e irmãs, sua família. Sentei no sofá, inquieta, notei que minhas mãos tremiam, com certeza da adrenalina de toda a situação. Levantei, incapaz de ficar sentada e fui para cozinha. O ambiente conhecido para mim, me fez relaxar quase de imediato. Abri a geladeira e peguei os ingredientes necessários para uma rápida receita. Automaticamente comecei a preparar a carne e a refogar os legumes. Me perdi nos preparos dos ingredientes e isso me trouxe a calma que precisava.

Eu tinha que reconhecer que a vida de Roan me assustava. Com que frequência ele tinha que enfrentar esses invasores? Quem eram eles e o que queriam? Quem era Beur? Como eu me encaixava em tudo isso? Estava segura? E o que Hanna quis dizer sobre eu ter o cheiro de Roan? Balancei a cabeça, com tantas perguntas em mente. Me virei para colocar os pratos prontos na mesa e não me surpreendi ao vê-lo parado na entrada da cozinha me olhando.

–Há quanto tempo está aí?

–Dez minutos.--ele respondeu.--Te chamei, mas pareceu que estava perdida em sua cabeça.

–E estava.--confirmei.--Estou muito assustada.--confessei, colocando o prato dele na mesa. Ele caminhou até seu lugar e sentou.

–Não vai sentar?--perguntou, apontando para meu prato.

–Não estou com fome. Nem sei por que fiz dois pratos.--dei de ombros.--Cozinhar me relaxa.

–Percebi.--ele deu um meio sorriso e começou a comer. Rapidamente seu prato esvaziou e empurrei o meu para ele.--Obrigado.--ele não recusou meu prato, me vi satisfeita por ver ele comer o que fiz de forma tão voraz.

–Como consegue comer tanto e não engordar?

-- Metabolismo.--ele riu.--Comemos bastante.

–Se eu comesse tudo isso todos os dias iria virar uma bola.--falei, sem graça.

–Charlie...–ele começou.

–Eles estão mortos?--o interrompi.

–Dois deles sim. O outro fugiu.--ele disse, entre dentes.--Fugiu assim que viu Kyan e Stone chegarem.

–Pensei que... pensei que você não iria conseguir.--falei, minhas mãos tremendo.--Sei que é forte e que é o alpha e não quero ofendê-lo.--falei rapidamente.--Mas tive tanto medo, nunca estive nesse tipo de situação.

Roan se levantou e veio até mim, envolvendo seus braços à minha volta. O abracei e funguei, buscando conforto em seu calor.

–Pensei que nunca mais o veria.--confessei.--Nunca me senti assim. É tão rápido. Não posso pensar em você se machucando...

–Eu ficarei bem, Charlie.--ele disse contra meu cabelo.--Não precisa se preocupar.

–Mas isso é normal? Quer dizer, esses lobos... eles costumam invadir e tentar matá-lo com frequência?

O Tempo de RoanOnde histórias criam vida. Descubra agora