Consuelo
O tempo passou, estou com nove meses de gestação e contando os segundos para ver o rosto da minha filha. Felipe continua do mesmo jeito e sem nenhuma melhora, meu pai tinha ido trabalhar e minha mãe estava cozinhando. Depois de fazer meus trabalhos do curso me deitei no começo da tarde como eu sempre faço, sonhei com André me despertando com uma carícia na parte interna da minha coxa.
André - Eu não suportei ficar tanto tempo sem você!
Consuelo - Eu te amo tanto.
Nos beijamos, acordei me sentindo molhada, mas não era excitação por causa do sonho. Minha bolsa havia estourado e sujado toda a minha cama.
Consuelo - Mamãe! - Eu não gritei para não deixar ela assustada, apenas chamei.
Assim que ela olhou para a cama os meus esforços para não deixar ela em desespero, foram em vão.
Elaine - Ai meu Deus, está na hora! Vou ligar para o seu pai.
O coitado mal tinha acabado de sair para o trabalho e já teria que voltar, não fiquei com medo por mais incrível que pareça. Até que eu senti as primeiras contrações, eram semelhantes a uma cólica menstrual, porém muito mais intensas.
Ela me ajudou a levantar da cama, vinte minutos depois o meu pai chegou com o carro e fomos para o hospital. O coitadinho tremia ao volante e minha mãe rezava para que eu tivesse uma boa hora.
Sonhei muito com esse dia, o médico sabia da minha vontade de ter um parto normal. Fiquei na sala de espera aguardando ter uma boa dilatação, as dores começaram a ficar mais fortes e eu transpirava e me contorcia. Ele realizou o exame de toque, mas ainda não estava na hora...
Elaine - Fique calma filha, Deus vai abençoar e tudo vai dar certo.
Consuelo - Estou com medo!
Elaine - Não fique.
Três horas intensas de sofrimento e nada de dilatar.
Médico - Apenas dois dedos de dilatação, ou esperamos ainda mais tempo ou uma cesariana será a melhor opção para ela.
A minha filha era tudo o que importava para mim, decidi concordar com a cirurgia.
Consuelo - Faça doutor, está doendo e minha filha deve estar sofrendo também.
Elaine - É a melhor escolha!
O anestesista chegou, me sentei na maca e ele aplicou a epidural. As contrações estavam tão fortes que eu nem senti a agulha, minha mãe entrava e saia o tempo todo para levar as notícias para o meu pai. Ele até poderia entrar se quisesse, mas sei que ele estava com medo e com pena de me ver sofrer.
Eu já não sentia mais nada da cintura para baixo e as dores se foram, meu médico e as enfermeiras andavam e eu nada podia ver pois obviamente cobriram minha visão. Minha mãe ficou segurando a minha mão o tempo todo, ouvi o choro da minha filha...nada pode se comparar nesse mundo a emoção de ouvir ela pela primeira vez.
Elaine - Ela é linda filha, se parece com você!
Eu não queria chorar, mas ver minha mãe emocionada me deixou assim também. O médico a colocou ao lado do meu rosto, cheia de secreções amnióticas e com aquele choro de quem não queria sair do céu, para vir a este mundo. Dei muitos beijinhos antes que eles a levassem para os primeiros cuidados e o banho.
Médico - Tudo transcorreu muito bem, sua filha é uma menina forte e saudável. Nasceu com 49 centímetros e 3 quilos e meio, vamos te levar para o quarto e daqui a pouco vai poder dar de mamar.
Elaine - Obrigada doutor, obrigada por tudo!
Consuelo - Eu queria tanto que ele estivesse aqui.
Elaine - Não chore filha, a vida tem o seu jeito de colocar as coisas no lugar. Se André não está aqui ao seu lado, infelizmente é por que tem que ser assim.
Consuelo - Esse é o momento mais lindo e mais vazio da minha vida, eu não queria estar sentindo essa dor no meu coração, mas eu sinto.
Entrei em um estado de tristeza e de choro que deixou minha mãe aflita, ela pediu as enfermeiras que me dessem algo para dormir e quem sabe assim eu pudesse acordar mais tranquila.
Elaine
Consuelo estava triste demais, misturando dores e amores. Tenho medo dela enfrentar uma depressão pós parto, vou dar tudo de mim para que isso não aconteça.
Andei pelo corredor, Carlos estava sentado com as mãos entrelaçadas e muito nervoso.
Elaine - Pode ficar tranquilo, você já é avô de uma mocinha linda e saudável.
Nos abraçamos e depois fomos até o quarto, Consuelo ainda dormia.
Elaine - Eu pedi que a deixassem dormir um pouco, Consuelo teve uma crise de angústia e chamava por André.
Carlos - Eu subestimei o sentimento dela por ele, achei que fosse coisa da juventude e que com um tempo passaria.
Elaine - Não Carlos, nossa filha o ama de verdade, mas agora tem que se dedicar a filha e tentar esquecer.
A enfermeira trouxe a pequena, já limpa e vestida na roupa cor de rosa que Felipe tinha comprado antes do acidente.
André
O tempo passou e meu filho já consegue se sentar, pela quantidade de meses que tem já poderia estar caminhando, mas sei que isso vai acontecer e tenho muita fé. Depois que me avisaram sobre o acidente com Felipe eu tenho pensado ainda mais em Consuelo, nunca tirei ela da minha mente e muito menos do meu coração. Pela contagem do seu tempo de gestação ela deve estar bem perto de dar à luz
André - Como será o seu filho? Vai ser um bebê lindo como a mãe!
Fabiana - Falando sozinho?
André - Pensando em voz alta. - Peguei André e o coloquei na cadeira de alimentação.
Fabiana - Consuelo era mesmo uma maldição, ainda bem que eu te livrei dela.
André - Você não me livrou dela, estou aqui pelo meu filho.
Fabiana - Felipe saiu daqui para seguir os passos dela e hoje está em uma cama vegetando, poderia ter sido você.
André - Eu não quero falar sobre esse assunto, tenho mais o que fazer.
Fabiana
Pode fugir da verdade, mas onde quer que vá eu estarei junto para te lembrar de que nunca vai poder ficar com ela. Felipe saiu de cena, eu nem posso dizer que isso seja ruim...ele sabia demais e quem sabe seja melhor que morra por lá mesmo.
Felizmente Victor não me ligou para ameaçar novamente, André e eu não fazemos sexo com a frequência que eu gostaria, mas já é alguma coisa. Me arrumei para voltar ao trabalho depois do meu horário de almoço, senti um terrível enjoo e corri para o banheiro.
Vomitei compulsivamente, definitivamente era a mesma sensação que eu tive na minha primeira gravidez.
Fabiana - Pode voltar quando quiser Consuelo, vou dar mais um herdeiro para André!
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Te quero, te devoro...Tekila!
RomanceHistórias derivadas dos contos eróticos Ardente.