Consuelo III

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Aquele encontro que havíamos marcado havia me tirado o sono, por mais que Fabiana não seja flor que se cheire eu me sentia mal por desobedecer minha mãe que tanto já sofreu nessa vida. No dia seguinte fui trabalhar com uma baita ressaca de sono, mas tentei manter o foco para que ninguém desconfiasse dos dias terríveis que eu estava tendo.
...

Fabiana sabia daquele encontro e não poderia jamais permitir que a fizessem de boba mais uma vez, ainda que fosse sangue do seu sangue Consuelo iria pagar caro por mais aquela afronta. Já sabia o horário e local do encontro dos dois...

Maitê - Vai ter mesmo coragem de fazer o que disse? Isso é loucura e sabe que com certeza vai ter problemas com a polícia.

Fabiana - Não me importo com mais nada, já paguei pelo trabalho e agora só me resta esperar que isso tire ela do meu caminho de uma vez. Acredita que antes de ir para o trabalho ele disse que não dormiria em casa hoje por que ia viajar para encomendar mercadorias da loja? Não se importa mais com nada do que eu pense sobre isso e sequer faz um esforço para que eu acredite. Está jogando uma relação sólida no lixo por uma aventura.

Maitê - E se ele realmente estiver apaixonado pela sua sobrinha?

Fabiana - Se ele estiver, vai ter que esquecer! Pelo bem dela.

...

André estava impaciente para reencontrar e ter um momento de intimidade com Consuelo, era nítido que dentro dele havia um sentimento muito mais forte do que uma mera atração.

Ainda que ele quisesse negar a si mesmo por medo de ser usado por uma garota jovem e  aventureira, seus gestos e ações denunciavam o amor que já havia nascido, encomendou rosas vermelhas para buscar pouco antes do encontro.

A ideia de poder dormir a noite inteira com ela parecia um sonho, por que sempre que estiveram juntos a angústia de serem flagrados os acompanhava.

"Se realmente sente o mesmo que eu tenho sentido, me divorcio de uma vez de Fabiana!"

Todo o futuro daquela relação estava dependendo daquele encontro e o que diriam um ao outro.
...

Coloquei meu vestido preto mais sensual, soltei os cabelos e fiz uma maquiagem leve. Não queria parecer montada e que ele percebesse o quanto eu estava me esforçando para agradar. Sentia mil borboletas no estômago para rever André, nem parecia que já tínhamos feito amor algum dia nessa vida.

Elaine - Filha vai sair assim tão linda em plena terça-feira?

Consuelo - Sim mamãe....é...com um colega do trabalho, aquele que eu comentei com a senhora. Ele trabalha aos finais de semana...então vamos nos ver hoje.

Elaine - Então traga ele para que eu possa conhecer melhor, espero em Deus que ele seja um bom rapaz e que coloque juízo nessa sua cabeça.

Consuelo - É claro que vou trazer ele para a senhora conhecer, mas é que ainda estamos bem no início...eu já vou então!

Elaine - Ele não vem aqui te buscar?

Consuelo - Ficamos de nos encontrar e já estou atrasada...tchau mãe.

A consciência doía muito, me sentia como uma criminosa em fuga...mas a saudade e a vontade de conversar e sentir ele de novo era muito mais forte que tudo.

Fui andando para a rua de baixo exatamente como havíamos combinado e já vi um carro preto parado por ali, mas estava com os vidros fechados e eram escuros...não havia ninguém mais naquele lugar.

Consuelo - André?

O motorista abaixou o vidro e um homem de capuz me apontou uma arma, senti como se meus pés não estivessem mais no chão e meus batimentos dispararam.

Te quero, te devoro...Tekila!Onde histórias criam vida. Descubra agora