Capítulo XXXII

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Marcelo – Me desculpe pela franqueza, mas perguntei ao seu pai algumas coisas sobre você, no dia em que fui ao laboratório. Ele me disse que sua filha se chama Elisa, é um belo nome.

Consuelo – Sim, minha princesa. Estou aqui por ela, quero crescer na vida e quem sabe ser uma executiva de sucesso. – Eu sorri, apesar de tudo pensar no futuro, era muito bom.

Marcelo – Você vai ser, tem capacidade para conquistar tudo o que quiser nesse mundo. Já deve ter conversado com Márcia sobre a vaga que temos disponível.

Consuelo – Sim e pelo visto ela não gostou muito de mim, não a julgo. Eu não tenho experiência e sou jovem demais para uma responsabilidade como essa.

Marcelo – Eu também sou jovem e meu pai me deu um grande voto de confiança me colocando na cadeira da presidência antes dos trinta anos, vou fazer o mesmo com você. Vai começar amanhã mesmo como auxiliar de contratos, nosso gestor é muito competente e eu quero que ele te ensine todo o trabalho.

Consuelo – Eu nem sei como agradecer!

Marcelo

Senti vontade de convidá-la para sair e comemorarmos juntos, mas não quero parecer um aproveitador. Consuelo vai se firmar e crescer por si mesma, é inegável que tem muita vontade de fazer a diferença.

Telefonei para a sala da Márcia e comuniquei a ela nossa escolha, pelo tom não sei se ela gostou da notícia.

Marcelo – Consuelo, passe agora no setor de RH e pegue a lista de documentos que precisará. Lá você vai acertar o horário, salário e esses detalhes.

Consuelo

Por um segundo até senti vontade de entregar o que os dois estavam fazendo na sala dela, mas eu não tenho nada a ver com isso. Apesar do enorme despeito dentro de mim.

Consuelo – Novamente, muito obrigada por tudo. – Saí daquela sala sem saber se eu estava feliz pela chance ou triste, por saber que eu teria que ver André todos os dias.

Passei pelo setor de recursos humanos, meu turno seria das 7:00 da manhã a 12:00 e eu tenho direito a uma folga a cada duas semanas, por ainda ter um bebê menor de um ano de idade. O salário não era nada mal para meia jornada, daria para ajudar em casa e guardar um pouco para um futuro próximo. Peguei a lista de documentos e entrei no elevador, deixei algumas folhas escorregarem da minha mão e me abaixei para pegar. Ouvi alguém travar a porta do elevador e entrar, ele se fechou em seguida e eu me levantei.

André – Por que não me disse que voltou? Quando pensava em me procurar?

Consuelo – Você não tem mais nada a ver com a minha vida, vá cuidar da sua esposa e filhos!

André – Quero ver o nosso filho e eu tenho direito.

Consuelo – Elisa não é sua filha!

André – Agora tem certeza da paternidade? A meses atrás me dizia que não, e até me dava esperança.

Consuelo – Felipe foi até lá, fizemos o exame antes do trágico acidente dele, você não tem nenhum vínculo comigo. Pode voltar para sua vida de cafajeste, se dando ao desfrute no meio do horário de trabalho e com uma colega de serviço! – Eu ia sair assim que o elevador se abriu no andar térreo, mas ele segurou meu braço.

André – Essa conversa ainda não acabou Consuelo, tenha certeza que não.

Consuelo – Me solta, sinto nojo de você!

André

Ela pode estar mentindo sobre a filha, magoada por ter me visto com Márcia, tem ciúmes por que ainda me ama como eu a amo. Tenho que ver esse bebê, saber de verdade se não tenho chances de ser o pai biológico. Eu deveria ter perguntado o que ela fazia aqui, deve ser algo relacionado ao Carlos.

Deus, eu tenho uma filha...deve ser uma princesa como a mãe!

Consuelo

Saí daquele lugar aos prantos, sentei alguns minutos na praça para recuperar o fôlego. Passei em uma papelaria e tirei todas as cópias que eu precisaria levar no dia seguinte. Cheguei em casa, abracei forte minha filha...

Elaine – Aconteceu alguma coisa? – Minha mãe perguntou me vendo respirar como se tivesse corrido uma maratona inteira.

Consuelo – Sim mamãe, algo que nem em meus piores pesadelos eu poderia imaginar.

Elaine – Fale então, estou assustada.

Consuelo – Fui falar com a tal Márcia sobre o meu emprego, peguei ela e André se agarrando dentro da sala!

Elaine – O André?

Consuelo – Sim, eles estavam quase transando encostados na mesa dela. Que nojo eu senti de mim mesma, por todas as vezes que senti falta dele.

Elaine – Nunca pensei que ele pudesse fazer algo assim e ainda mais com Fabiana grávida de novo.

Consuelo – Fiquei me achando especial por ter conseguido ir para cama com ele tão fácil, nós mulheres somos muito burras!

Elaine – E agora? Vai aceitar o emprego assim mesmo? Se fizer isso, nem posso imaginar a reação de Fabiana.

Consuelo – Vou pela minha filha e por que quero mostrar para ele que não tem mais poder algum sobre mim, Marcelo parece estar interessado em ter algo comigo e ele parece ser um cara legal.

Elaine – Vá devagar filha, lembre-se do que fez com Felipe. Usou ele para esquecer André e isso não terminou nada bem.

Consuelo – Acha que é culpa minha que ele esteja naquela cama?

Elaine – Eu não disse isso e nem pensei, só não acho justo usar uma pessoa para esquecer de outra. Se quer mesmo tentar com Marcelo, tire de uma vez André do seu coração!

Consuelo – Não comente nada com meu pai sobre isso, ele não sabe que André trabalha lá. Fica na parte administrativa e ele não tem acesso a eles assim rotineiramente, até que me contratem é melhor assim. E de repente, nem iremos nos ver tanto...espero que me coloquem em uma sala bem longe dele e daquela horrorosa.

Fui dar banho na Elisa, ela tem um sinal preto perto do umbigo. André tem um no mesmo lugar, claro que ele é o pai e a cada dia minha pequena fica mais parecida com ele. Parece castigo, agora que eu desejo arrancar ele do meu coração me vem essa droga de certeza.

Fabiana

Cheguei em casa, André por incrível que pareça já estava em casa com nosso filho e tinha liberado a babá mais cedo. Só de olhar para ele eu sei que ele já soube da volta da vagabunda, fica com aquele olhar de idiota apaixonado.

Fabiana – Vou fazer a ultrassonografia amanhã de manhã, será que você não pode pedir para sair por uma hora e me acompanhar.

André – Me ligue assim que chegar na clínica, amanhã vou ter que ensinar o trabalho para um novo funcionário.

Fabiana – Sempre o trabalho à frente da família.

André – Vou te acompanhar!

André

Era sempre melhor concordar do que discutir com Fabiana o tempo todo, espero que esse novo funcionário seja uma pessoa competente e consiga me desafogar de tantas obrigações.

Fabiana

Eu não quis tocar no assunto com ele, só acabaríamos discutindo ainda mais. Só espero que ele continue focado no trabalho o bastante para não pensar mais nessa garota.

Consuelo

Deus, não me deixe mais sonhar com ele. Nem dormindo e nem acordada, eu preciso de forças para vencer pela minha filha.

André

Preciso falar com ela, mas sei que depois do que viu. Nunca mais vai querer conversar civilizadamente comigo, você voltou no momento mais difícil e ainda assim eu consigo pensar em todas as coisas que preciso vencer para ter você de novo comigo.

Te quero, te devoro...Tekila!Onde histórias criam vida. Descubra agora