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—Porque eu vou precisar mudar de escola? — Arthur pergunta pela décima vez dentro do carro

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—Porque eu vou precisar mudar de escola? — Arthur pergunta pela décima vez dentro do carro.

Era o segundo dia na casa do Gabigol, ele não tinha conseguido dormir a noite de tão empolgado e agora estamos atrasados e estressados. Nós três.

Isso porque o jogador está aqui também, dirigindo o jaguar do ano, os dedos tamborilando no volante de maneira impaciente e um bico do tamanho do mundo na cara. Eu me perguntei se aguentaria passar meses com esses dois moleques. Já era demais pra mim ter que lidar com o Arthur e o drama todo dele, ter que lidar com outra criança? E uma criança de 25 anos? Que Deus me ajudasse.

—Arthur, já conversamos sobre isso — Resmunguei, sem nenhum pingo de paciência também.

—Mas não é justo! E meus amigos? — O garoto choramingou.

—Você vai fazer novos — Murmurei.

—Não! Eu não quero fazer novos amigos, quero ir pra minha escola — Ele continua a ladainha de Nossa Senhora.

—Não sei se sua mãe contou, mas a escola é muito legal — O jogador se intromete na conversa — Tem várias coisas diferentes lá.

—Eu vou ficar preso na escola o dia inteiro, isso é tão chato! Porque não me mandaram pra um internato logo?! — Reclamou.

—Quantos anos você disse que ele tem? — Gabriel perguntou, virando o rosto pra me encarar quando paramos num sinal vermelho.

—Tem futebol lá — Eu me viro pra olhar pro Arthur — Eu matriculei você nas aulinhas.

—Finalmente alguma coisa boa — Meu filho resmungou, ainda de braços cruzados e bico.

Aí Jesus.

—Sério, ele não pode ter só cinco anos. O moleque argumenta melhor que eu — O jogador sussurra na minha direção.

—Acredite em mim, ele tem — Revirei os olhos.

Arthur continua resmungando, estou a um passo de puxar a orelha dele quando o Gabriel estaciona o jaguar numa vaga e descemos do carro. Só Arthur e eu.

Tínhamos combinado que ele me daria uma carona pra resolver as últimas pendências na escola, mas não desceria do carro e ficaria me esperando a alguns quarteirões.

Eu não queria mesmo envolver meu filho nessa história de dar uma de Pleasure Model e pra isso dar certo eu e o jogador tínhamos que sentar e planejar todo nosso relacionamento de mentira.

A criança birrenta que eu chamo de filho deu maior show pra não entrar na escola, tanto que precisei ligar pro pai dele pra ele conversar com o moleque pra poder ele entrar.

O pai do Arthur era um caso sério. Ele não era um pai ausente e pagava a pensão direitinho, porque graças a Deus tinha mudado de vida e agora tinha uma boa condição financeira, mas era tão mimado quanto o filho e gostava demais de ficar enchendo meu saco.

𝐀𝐓𝐄 𝐀 𝐋𝐔𝐀 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋Onde histórias criam vida. Descubra agora