Borboletas

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Zenitsu verificou o corredor antes de sair do quarto, parar garantir que ninguém veria ele e seu atual noivo saindo do quarto juntos. Puxou Tengen o mais rápido que pôde em direção ao estúdio, abriu a porta e empurrou o maior para dentro, fechando rapidamente a maçaneta atrás de si. Estava nervoso, um leve arrependimento começava a bater por ter sido tão precipitado na decisão. Todo seu constrangimento e insegurança se esvaíram quando observou Tengen passar os dedos pelas telas coloridas, os olhos rosa fúcsia olhava para as artes com surpresa e admiração.

- Suas artes são.........simplesmente incríveis!- Tengen estava impressionado, e de forma um pouco estranha, sentia-se orgulhoso por ter a sorte de casar com alguém tão talentoso como Zenitsu.

O ômega abriu um sorriso amável e com timidez, puxou o Uzui pela mão até uma cadeira perto da mesa cheia de materiais. Pegou um trapo velho que estava dobrado na mesa, e molhou na bacia de água que sempre mantinha no estúdio para limpar as coisas, passou de forma delicada pelo olho manchado, até estar totalmente limpo.

- Já pode abrir o olho.- Avisou quando terminou, sentiu a vergonha lhe tomar quando os olhos intensos o encararam tão de perto. Já estavam próximos demais, e a distância encurtou mais ainda quando Tengen o puxou devagar pela cintura, até Zenitsu ser obrigado a apoiar o joelho esquerdo nas pernas do alfa para não cair.

Procurou sustentar o olhar tão firme do mais velho, mas seus olhos piscavam mais do que o normal graças ao nervosismo, as mãos estavam apoiadas em seus ombros, e os fios de seu cabelo dourado encostavam nas bochechas do Uzui, o alfa tinha todo o acesso que quisesse ao pescoço do ômega e certamente não desperdiçaria essa oportunidade. Tengen Ignorou o acanhamento do loiro e depositou um beijo suave na clavícula exposta, sorrindo de lado com o suspiro baixo que ouviu em resposta. Continuou distribuindo beijos lentos e suaves na linha das clavículas, se controlando para não deixar marcas, mas todo seu controle ficava por um fio quando sentia a respiração pesada do ômega tão perto. Jurou que não conseguiria se segurar quando sentiu as mãos suaves mecherem em seus cabelos, num carinho tão inocente que lhe dava vontade de corrompê-lo.

Zenitsu era como um doce anjinho inocente e amável, era o que ele mostrava na maior parte do tempo, mas Tengen  conseguia enxergar perfeitamente os traços de selvageria e desafio que o Agatsuma escondia, e sinceramente, nunca quis tanto descobrir o lado oculto de alguém como naquele momento. Apertou instintivamente as mãos, que ainda seguravam a cintura fina, quando a perna do Agatsuma escorregou mais para cima das suas, terminando de extinguir os milímetros de distância entre seus corpos.

Zenitsu não conseguia pedir para se afastar, não queria que se afastassem, não estava se sentindo incomodado, talvez constrangido, mas a sensação dos lábios quentes do alfa em sua pele lhe derretiam completamente, se sentia totalmente entregue nas mãos do Uzui, e se assustou com esse pensamento. Haviam pego certa intimidade após voltarem da floresta de glicínias, mas jamais imaginou que praticamente no dia seguinte estariam se tocando de forma tão provocante. Mas não estava achando ruim, na verdade, se sentia muito bem, a sensação de estar sendo apreciado de forma tão carinhosa e íntima o deixava com borboletas do estômago.

As borboletas certamente estavam frenéticas, e sua agitação de asas disparou mais ainda quando Uzui subiu os lábios por sua pele, indo depositar um beijo molhado no canto de seu maxilar. Os pelos de sua nuca e braços se ergueram em um arrepio quando sentiu a pele de seu pescoço ser lambida e sugada levemente, como se de repente tivesse virado uma deliciosa refeição nas mãos de um morto de fome. O estalo baixo e molhado que se seguiu das carícias fizeram seu corpo ser tomado por outro arrepio violento. Céus, as borboletas certamente estavam em outro nível de agitação naquele momento.

Ambos tomaram um susto enorme e se separaram de forma desajeitada quando batidas na porta ecoaram no cômodo. Zenitsu estava com o rosto tão vermelho quanto um tomate quando foi abrir a porta, tentando arrumar o vestido amarrotado enquanto ouvia Tengen falhar em segurar sua risada.

- Bom dia Zen-chan!!- Suma praticamente gritou assim que a porta foi aberta, Makio e Hinatsuru estavam junto com ela, pareciam ter acabado de acordar.

- Bom dia.- Sorriu envergonhado.-O que estão fazendo acordadas tão cedo?

- Ah sim, ontem a doutora Shinobu nos avisou que você não estava bem, então nós ficamos ajudando a cuidar do seu avô. Acordamos faz pouco tempo, e fomos no seu quarto para verificar se já estava melhor, mas não te encontramos lá. - Hinatsuru explicou calmamente, era engraçado vê-la sendo tão cordial quando seu cabelo estava parecendo uma moita e os olhos estreitos do sono.

- Então viemos para o estúdio na esperança de que talvez tivesse vindo para cá, já que é seu lugar favorito da casa. - Makio completou com a voz rouca, tentava desesperadamente manter o cabelo preso num nó desprovido de elástico ou fitas, já que havia esquecido a sua em algum lugar.

- Ele está bem melhor agora, ninguém fica mal quando está aos cuidados de Uzui Tengen. - O platinado apareceu atrás de Zenitsu, exibindo um sorriso malicioso.

Zenitsu mordeu os lábios quando recebeu um olhar interrogativo e curioso das três primas, queria poder enfiar a maldita cara do alfa dentro de um pote de tinta e jogar terra  em cima. Conteve parte de sua raiva e apenas chutou a perna do Uzui com força, fazendo o mesmo soltar um "uuhhh" de dor enquanto massageava a canela.

- Como o vovô está?- O Agatsuma perguntou, sua face tomando uma expressão séria e preocupada.

As três mulheres se olharam tentando entrar em um acordo silencioso, Makio soltou um suspiro e cruzou os braços, seria ela á dar a noticia pelo visto, a forma como Hinatsuru desviou o olhar e Suma apertou os lábios deixava claro que nenhuma das duas tinham coragem para tal.

- Senhorita Tamayo e Shinobu deram seu melhor, ficaram muito tempo analisando o estado do seu avô, elas conseguiram amenizar o efeito do veneno, mas ele só conseguiu ganhar mais quatro dias de vida com isso. Não tem jeito dele sobreviver. - Makio sentiu seu coração se quebrar em pedacinhos quando recebeu o olhar marejado e destruído do ômega.

O grupo caiu em silêncio total, ninguém ousava dizer nada. Zenitsu mordia os lábios em força tentando segurar as lágrimas, não queria chorar na frente do todos ali. Tengen tocou seu ombro suavemente, o fazendo se virar para ele, no instante que seus olhares se encontraram, Zenitsu não conseguiu mais segurar as lágrimas, Tengen o abraçou com força. Hina, Suma e Makio saíram silenciosamente, deixando Zenitsu e Uzui á sós.

Zenitsu sentia que tudo havia ido por água abaixo, sentia a mesma sensação sufocante da noite passada o atingir com força. As borboletas tão bonitas haviam sido sufocadas até morrerem, Zenitsu sentia o controle da situação escorrer entre seus dedos, por mais firme que tentasse segurar.





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