Passado

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- Espero que esteja tudo bem!- Inako murmurou, enquanto andava rapidamente em direção ao quarto de seu filhote. Havia deixado o seu precioso neném de três anos com o pai, rezava para que não tivessem destruído o cômodo nesse meio tempo.

Ter um bebê era algo bem diferente do que havia imaginado, apesar de ter sido instruído para esse tipo de coisa desde jovem. Agatsuma Inako se sentia um ômega realizado, tinha uma linda família e Yochire havia assumido a liderança dos negócios da família Agatsuma, já que Jigoro não teve um herdeiro alfa. Apesar de achar tal coisa bastante injusta, se sentia contente por ter dado orgulho para seu pai, Jigoro, do qual foi muito rígido consigo.

Abriu a porta do quarto não se surpreendendo com a bagunça feita no cômodo. Realmente, Yochire não tinha jeito com crianças. O pobre alfa se encontrava tentando tomar um quadro das mãos da criança de três anos, que corria e se agarrava ao objeto com um grande sorriso no rosto, sua risada infantil ecoando de forma divertida, não se incomodando com o forro da cama jogado no chão, travesseiros para todo lado e enfeites derrubados. Inako precisou segurar o riso com o desespero do marido.

- Ora essa, vejamos o que temos aqui.- O ômega declarou de repente, dando um susto no marido. - Você sempre deixa o Zenitsu revirar o quarto inteiro, não sei por que ainda insisto.

- Mama!- O pequeno ômega loiro correu para abraçar as pernas de sua mãe com um grande sorriso. - Papa, tu e nenê. - Disse apontando para os rostos pintados no pequeno quadro emoldurado que abraçava, Inako havia pintado o retrato quando Zenitsu tinha poucas semanas de vida.

- É sim, meu amor. Esse pacotinho amarelo é você.- Inako pegou seu filhote no colo e deu um beijo na bochecha gorda.

- Vejo que Yochire não conseguiu conter o pirralho, pra variar.- Jigoro apareceu no corredor com um tom de humor na voz. Ao seu lado, Kaigaku com seus sete anos, se mantinha calado observando tudo, havia sido adotado fazia dois meses e não aparentava ser muito comunicativo. Inako sempre tinha um mal pressentimento quando olhava apara Kaigaku, mas tentava não se deixar levar por suas paranóias.

- Pai! Não chame meu bebê de "pirralho".- Contestou Inako com indignação. - Que tal vocês dois irem brincar no jardim? - Pôs Zenitsu no chão, do qual logo correu para segurar a mão de Kaigaku e puxá-lo para o lado de fora, o alfa moreno deu um leve sorriso, se deixando levar pelo irmão menor. Inako torceu o nariz encarando as mãos dadas das crianças.

- Você ainda está receoso em relação ao Kaigaku, não é? Essa sua cara não me engana.- Jigoro comentou quando as crianças já tinham ido. Não era a primeira vez que pegava o ômega fazendo cara feia para o alfinha moreno.

- Ele é só uma criança, Inako. Não é como se ele fosse acabar com nossa família ou algo do tipo.- Yochire revirou os olhos enquanto falava. Ele havia decidido adotar o pequeno alfa, então defenderia o pequeno das paranóias de seu ômega.

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Jigoro abriu os olhos um tanto zonzo, estava confuso e não entendia muito bem onde estava, a primeira coisa que viu foi a tão conhecida senhorita Tamayo. A ômega mexia em seus utensílios com as sobrancelhas franzidas, parecia bastante ocupada e preocupada com algo. Jigoro não lembrava bem quando foi que tinha apagado, se lembrava de ter tomado o chá que Ume havia levado em seu escritório, e mais nada lhe vinha a memória após isso.

O sonho que teve também foi estranho, havia sonhado com seu falecido filho Inako, mas estranhamente, estava na perspectiva dele e não na própria. Sentia saudades daqueles dias, Inako era como um solzinho ambulante pela casa, Zenitsu e ele são extremamente parecidos, apesar de Inako não ser tão desajeitado. Queria voltar para aqueles dias onde sua família e sua casa pareciam completas, alegres e em ordem, as coisas mudaram tanto depois de aquele casal se foi. Agradecia aos deuses por poder ver Inako através de Zenitsu, aquele garoto era a coisa mais importante de sua vida, não conseguia se impedir de sentir orgulho dele, mesmo quando fazia suas maluquices e quebrava as regras.

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