Casamento I

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A tensão que se formou entre os noivos era quase palpável, Tengen sabia que momentos como aquele iriam acontecer enquanto Hajime estivesse por ali. Zenitsu procurava não pensar muito a respeito da conversa com o alfa, não precisava de mais preocupações afundando sua mente naquele dia.

Naquele momento, Zenitsu havia sido levado para seu quarto por duas criadas e enfiado dentro de uma banheira grande demais para si, as duas betas esfregavam seu corpo e seus cabelos com produtos de cheiro doce.

Os pensamentos do ômega vagavam entre memórias recentes, se lembrava bem de quando Jigoro o informou sobre o possível noivado, a recordação da expressão cansada e severa do velho lhe trazendo lágrimas nos olhos. Pensar que seu avô, sua única figura paterna durante boa parte de sua vida, estava lhe dando os costumeiros sermões dias atrás e agora não mais, tudo isso era demais para sua mente quebrada. As criadas nada disseram quando notaram o loiro chorando silenciosamente na banheira, ignoraram com certa pena e voltaram a se concentrar em suas tarefas.

Quando o Agatsuma foi guiado para fora da banheira, teve seus cabelos secos. Se surpreendeu com o modelo do vestido exposto na cama, a quantidade de pele que ficaria exposta seria constrangedor em um nível quase humilhante. Era uma peça muito bonita, mas Zenitsu não se sentiria confortável nela, não era de seu feitio chamar atenção de forma alguma, muito menos com viés sensual. Respirou fundo tentando se manter tolerável, entendia que era um costume enraizado na família Uzui a exposição da beleza tanto feminina quanto masculina, não era á toa que ficaram conhecidos por sua extravagância.

Quando já estava com o vestido e espartilho bem ajustados, as criadas passaram a prender seu cabelo em um penteado elegante com presilhas prateadas ao longo das trancinhas, um coque baixo com duas penas brancas presas que faziam cócegas no pescoço do Agatsuma. Totalmente arrumado, o ômega foi empurrado em direção ao espelho com uma animação calorosa das betas á sua volta, seus olhos mal o reconheceram naquele reflexo. Zenitsu jamais pensou que poderia se tornar tão imponente e desejável, sentia como se fosse intocável e importante, seu peito se encheu de uma sensação totalmente nova, como se pela primeira vez na vida, havia enxergado em si um brilho ofuscante.

Zenitsu sabia que não era o fato do decote, ou do corpete, não era isso, mas também não conseguia dizer o que era, talvez fosse o tudo que complementava sua imagem naquele instante. Com um sorriso tímido e admirado, o loiro agradeceu as criadas com certo acanhamento.

- Já está pronto, querido?- Uma voz suave lhe chamou atenção. A senhorita Naho sorria para si, parada na porta aberta do quarto.

- Estou nervoso.- Zenitsu confessou.

- Não vamos abusar muito de sua resistência, vamos logo para o salão.- Naho chamou com um bom humor na voz, o sorriso radiante denunciava o quanto aquele momento era importante para ela.

A matriarca Uzui mal conseguia acreditar, Tengen seria seu segundo filho a casar, havia tentado pressionar Ichiro e Tatsuo a casarem, afinal eles eram mais velhos, mas nenhum dos dois sequer lhe deram brexa para tocar no assunto, os dois eram espertinhos quando se tratava de fugir de suas responsabilidades. Tengen não parecia muito inclinado a aceitar o noivado, mas Naho sabia que ele era um filho babão, faria qualquer coisa para agradar a mãe. A ômega esperava que com esse casamento seu querido filho pudesse ter a chance de ser feliz novamente, ela ficava realizada de ver que as coisas estavam indo tão bem entre Tengen e Zenitsu. Mas é claro que ela não esqueceria de Ichiro, muito menos de Tatsuo, a hora deles chegaria, não poderiam se esquivar da própria mãe o resto da vida.

Juntos os dois ômegas caminharam pelos corredores mantando uma conversa agradável, Zenitsu notou que Naho também não havia escapado da extravagância da família, apesar de suas vestes serem bem mais respeitosas. Quando enfim entraram no salão, todos os olhares se voltaram para o ômega loiro, a quantidade de convidados era surpreendente, a pressão que os olhares causavam fazia Zenitsu sentir as pernas bambas.

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