Souls and Smiles

Mãe

A casa estava mais silenciosa do que nunca, de repente parecia que todo mundo tinha resolvido sumir e deixar Kyojuro sozinho com seus pensamentos. O loiro estava á ponto de ter um ataque de ansiedade enquanto mordia incansavelmente suas unhas, sentado de pernas cruzadas na poltrona de seu quarto, balançando o pé freneticamente.

Senjuro havia indo comer alguma coisa na cozinha junto com Rui, que veio bater na porta de Kyojuro perguntando se podia brincar com o mais novo. Rui era um garoto muito quieto e calmo, em partes por sua doença que enfraquecia seu corpo, e em partes por sua personalidade mais tranquila, tinha por volta de 13 anos e vivia com os cabelos cizentos revirados (Douma sofria para convencê-lo de pentear os cabelos pela manhã), os olhos verde-água cristalinos sempre atentos e frios, os únicos que conseguiam tirar um sorriso de seus lábios era Enmu e Senjuro.

Kyojuro as vezes estranhava bastante o jeito das crianças daquela família. Enmu era gentil e educado para um garoto de 15 anos, mas havia pego o jeito cínico de Douma por ter sido praticamente criado pelo mesmo, além das pontas de sadismo que ele parecia ter, e a mania de aparecer nos lugares absolutamente do nada. Daki e Akaza eram basicamente os mais normais dentro daquela família doida, na visão de Kyojuro. Daki parecia uma jovem comum de 23 anos, vaidosa e escandalosa, exibindo seus cabelos pretos e longos por aí como um troféu, usando roupas decotadas e sugestivas, mas ela era ótima para conversar, demonstrava afeto de forma dramática e fofa, assim como Douma. Esse por sua vez era o favorito de Kyojuro, por assim dizer.

Douma era extremamente simpático e extrovertido, vivia tomando conta de Enmu, Daki e Rui como se fossem suas crianças, ele não se importava de ser ignorado pelos irmãos mais velhos, e vivia testando a paciência de Akaza por divertimento. Kyojuro gostava de como ambos tinham a mesma preocupação com os irmãos menores, e de como Douma sempre dava seu melhor, apesar de esconder seus problemas e pensamentos conturbados. Douma se esforçava demais para ser aceito e visto como alguém bom, mas Kyojuro conseguia ver que no fundo, ele era uma pessoa extremamente fria e apática, mas rejeitava essa natureza ao máximo.

Cansado de ficar mergulhado em pensamentos que não o levariam em nenhum resultado, resolveu procurar alguém naquela casa que poderia lhe ceder alguma informação. Caminhou a passos rápidos pelo corredor, indo verificar a cozinha primeiro, já que era onde mais encontrava alguém, geralmente atacando os potes de comida. As únicas pessoas que encontrou foi justamente Rui e Senjuro desenhando e comendo, resolveu não atrapalhar e foi verificar a sala.

- Está procurando o Akaza, Kyo-chan?- Ouviu a voz aveludada de Enmu atrás de si enquanto caminhava pelo corredor. Pôs a mão no coração pelo susto, odiava quando o garoto aparecia do nada.

- Na verdade, não estava procurando ninguém em especifico, só não queria ficar sozinho no quarto. - Explicou para o mais baixo.

- Ah, entendo. Por que não se junta a mim e Douma-san para fazer penteados no cabelo? Hoje de tarde ele vai estar livre, e prometeu enfeitar meu cabelo. - Abriu um sorriso largo que fechou seus olhos turquesa.

- Será um prazer. - Sorriu de volta, se surpreendendo com um abraço repentino do mais novo, que encostou a bochecha em seu ombro, apertando mais os braços em sua volta antes de sair saltitando pelo corredor. - As vezes eu esqueço que ele pegou o jeitinho do Douma e ampliou isso em níveis esquisitos....- Murmurou consigo mesmo.

Mais tarde naquele dia, Kyojuro se via de frente para a porta do quarto de Douma, era a primeira vez que entraria no quarto do ômega e estava se sentindo um invasor, apesar de sua proximidade com o mais velho. Bateu na porta dupla duas vezes, e abriu devagar quando ouviu a voz de Douma permitindo sua entrada, precisou segurar o riso quando viu o loiro lotado de laços no cabelo, dividido em duas tranças enormes graças ao comprimento de seus fios.