CAPÍTULO 32

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                       LORENZO CARSOLI

É tão estranho sentir sua mente viva e seu corpo morto. É assim que me sinto, não sei bem onde estou e nem como estou, isso é desesperador.

Ouço a voz da Malu diariamente na minha cabeça, as vezes sinto como se ela sussurrasse no meu ouvido, outras vezes a sua voz está longe, longe demais e eu não consigo alcançá-la. Sinto seu beijo na minha testa, seu aperto na minha mão, mas é apenas isso, o que está acontecendo? Por que eu não reajo?

As vezes tenho a sensação de que estou me afogando e sou sempre puxado pelos olhos hipnotizantes da minha namorada, sempre que vejo seus olhos é como se eu fosse enfeitiçado por eles, azuis, essa é a cor do meu amor e desejo.

- Não aguento mais não ouvir sua voz amor, acorda por favor! - Outra vez começo a escutar sua voz.

Por que ela pede para eu acordar? Por que não abro meus olhos?

- Eu te amo meu amor! Sempre estarei com você! - Minha garota fala, eu estou sorrindo, será que ela está vendo? - Eu só queria que você apertasse minha mão ou abrisse os olhos, alguma coisa que me fizesse saber que você me ouve - Fala quase em um pedido de lamento, sua voz chorosa faz meu coração doer.

Por impulso ou muita força de voltar para ela, faço um pequeno movimento e aperto sua mão, sim, eu senti isso, senti suas pequenas mãos, a muito tempo que eu não sentia quase nada de verdade, eram apenas sensações desesperadas de alguém que não sabe o que fazer.

- Oh meu Deus! Você apertou minha mão meu amor, eu sabia, sabia que você me escutava, volta pra mim por favor! - Outra vez aquele pedido, volta pra mim...

Tento absover o máximo possível de informações que ouço da boca da Malu, mas não entendo muita coisa, as palavras parecem se embaralhar na minha mente e eu acabo não focando direito no significado delas.

Consigo ouvir as vozes dos meus pais aqui, mas eles não estão sozinhos, tem mais gente, mas não consigo dizer quem são ou o que estão fazendo aqui.

No momento estou sozinho, sei que estou, tem um silêncio insurdecedor a minha volta, quase insuportável para uma pessoa ativa como eu.

Não sei em que momento o meu desejo se tornou real ou eu que o fiz ser real. Meus olhos se abrem lentamente como se tentasse absorver cada sensação, cada luz que brilha em meus olhos. Olho para cima e para os lados, um quarto branco, branco demais, nada que faça o meu estilo. Onde estou? Não parece um lugar que eu queira estar por livre e espontânea vontade.

Meu corpo está imóvel, sinto dor em todos os ossos possíveis que eu saiba ou não o nome, estou vestido em algum tipo de vestido? Ok, isso é com certeza a coisa mais ridícula que eu já vesti na vida. Tem aparelhos ligados ao meu braço, soro para ser exato, ouço o barulho de cada gota que desce e vêm para minhas veias. É isso, hospital, estou em um hospital, mas por que estou em um hospital?

Uma mulher entra no meu quarto, ela parece não notar que acordei, uma enfermeira, é isso, preciso falar algo para que ela me note.

- MALU! - É a primeira palavra que meu subconsciente pensa e grita por dias e noite, Malu, minha Malu.

A mulher se vira e me olha atentamente como se não acreditasse no que ouviu e no que vê, ela vem até mim e verifica meu pulso, coloca as mãos mãos minha cabeça e pede algo.

- Oi Lorenzo, eu sou Francesca, sua enfermeira, você pode falar de novo? - Pede sorridente.

- Malu, quero ver a Malu! - Digo e minha voz sai mais clara dessa vez.

- Ok, só um minuto, vou chamar o doutor.

A mulher sai às pressas e volta a me deixar sozinho, quero mover meu corpo, mas parece estar dormente.

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